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03/12/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 03 de dezembro de 2025                                                 Ano 19 - N° 4.527


Sebrae e Piracanjuba firmam convênio para fortalecer produtores da cadeia do leite no Noroeste do RS

O Sebrae RS, por meio da Regional Noroeste, e a Piracanjuba firmaram, nesta terça-feira (24), em Carazinho, um convênio de cooperação voltado ao fortalecimento da cadeia produtiva do leite no Noroeste do Rio Grande do Sul. A iniciativa tem como objetivo ampliar a competitividade dos produtores rurais da região por meio de ações de gestão, inovação, tecnologia e acompanhamento técnico.A parceria está alinhada ao Programa Piracanjuba ProCampo, que atua na qualificação de fornecedores e no desenvolvimento de propriedades rurais. A metodologia adotada no projeto segue o modelo de acompanhamento do programa, estruturado para apoiar os produtores na evolução de seus indicadores e na implementação de rotinas mais eficientes no dia a dia das fazendas.Entre os propósitos definidos, o convênio contribuirá para o aumento da produtividade, o fortalecimento da inovação e da tecnologia no campo e a melhoria da qualidade do leite, ampliando a capacidade de resposta dos produtores aos desafios atuais do setor.Durante a assinatura, representantes das instituições destacaram o caráter estratégico da cooperação. Para o Sebrae RS, a parceria reforça o compromisso com o desenvolvimento territorial e com o suporte técnico à cadeia leiteira, considerada uma das mais relevantes para a economia da região.

A gestora de Agro do Sebrae RS, Fabiane Niedermeyer, enfatizou a importância da atuação conjunta:
“A união de esforços entre a indústria e as instituições é essencial para construir um ecossistema forte, inovador e preparado para os desafios do futuro. O produtor rural ganha conhecimento, competitividade e eficiência — e toda a região se beneficia.”

Para o gerente da Regional Noroeste do Sebrae RS, Armando Pettinelli, o convênio representa um avanço significativo para o território:
“A cadeia do leite tem papel social e econômico fundamental no Noroeste. Ao unirmos esforços com uma empresa que compartilha da visão de inovação e futuro, ampliamos a capacidade de entregar valor para quem está no campo e de promover um ambiente mais competitivo e sustentável.”

Com a ampliação da parceria, o Sebrae RS reforça sua missão de apoiar iniciativas que promovam inovação, qualidade de processos e crescimento sustentável da cadeia leiteira, reconhecendo e valorizando o produtor como protagonista desse desenvolvimento. A cooperação consolida um modelo de atuação que integra conhecimento técnico, gestão qualificada e visão de futuro, fortalecendo a competitividade regional e contribuindo para uma cadeia mais eficiente, conectada e preparada para os novos desafios do agronegócio gaúcho. (Sebrae RS)


GDT 393: preços seguem pressionados no mercado internacional de lácteos

O leilão GDT 393 reforçou um cenário global de preços pressionados, com novas quedas nos principais lácteos e demanda ainda fraca frente ao aumento da oferta. Embora alguns derivados tenham reagido, o movimento geral segue baixista, acompanhado por menor ritmo de compras.

No 393º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado no dia 02 de dezembro, apresentou movimentos mistos entre os produtos. Ainda assim, o preço médio dos produtos negociados foi de USD 3.507 por tonelada, registrando uma queda de 4,3% no price index — chegando a oito quedas consecutivas e com o menor preço médio desde março de 2024.

O leite em pó integral (LPI) manteve a trajetória de baixa, com o preço médio recuando -2,4% — queda mais intensa que a observada no último leilão (-1,9%) —  e atingindo USD 3.364 por tonelada.

O leite em pó desnatado (LPD) também apresentou redução, desta vez mais acentuada que nos dois leilões anteriores (-0,6% e -1,6%), que haviam mostrado relativa estabilidade. A queda foi de -1,6%, levando o preço a USD 2.498 por tonelada.

A maior alta deste leilão foi registrada no cheddar, que apresentou variação positiva de 7,2% após três leilões consecutivos de queda, alcançando USD 4.639 por tonelada. Em seguida, a lactose voltou a ser negociada depois de ficar fora dos leilões desde julho, com preço médio de USD 1.250 por tonelada. O leitelho também apresentou valorização, subindo 1,8% e sendo negociado a USD 2.903 por tonelada.

Do lado das quedas, o destaque foi a manteiga, que recuou 12,4% e atingiu seu menor preço desde dezembro de 2023, chegando a USD 5.169 por tonelada. A gordura anidra do leite também registrou queda expressiva, de 9,8%. Já a muçarela teve um recuo mais moderado, de 1%, marcando a segunda retração consecutiva após uma leve recuperação no início de novembro, e foi negociada a USD 3.182 por tonelada.

A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.

Volume negociado aumentou em comparação com o ano anterior

O volume negociado neste leilão totalizou cerca de 34,2 mil toneladas, representando nova queda (-11,2%) frente ao evento anterior. Embora o recuo possa parecer expressivo, esse comportamento de menor volume de negociação no primeiro leilão de dezembro é comum. Ainda assim, na comparação com o evento equivalente de dezembro de 2024, observa-se um crescimento de 1,9%. 

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.

Impacto nos contratos futuros

A tendência de baixa para os primeiros meses de 2026 permanece, com novos recuos em relação às cotações dos últimos dias. Para março, porém, o cenário de alta segue confirmado nos contratos.

Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.

E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?

O GDT 393 apresentou um mercado ativo, porém mais cauteloso, com leve redução no número de participantes — movimento influenciado principalmente pela demanda mais fraca na Ásia e pelos ajustes de estoques em alguns mercados. Foram negociadas 34,3 mil toneladas, mas com ritmo de compras menos acelerado, o que reforçou a pressão baixista sobre as cotações.

No cenário global, apesar do aumento das compras em relação ao ano passado, a demanda ainda não acompanha o forte avanço da oferta, especialmente entre os grandes países produtores, mantendo os preços internacionais sob pressão. Brasil, Argentina e Uruguai também ampliaram sua produção, intensificando a necessidade de ajustes nos preços para preservar a competitividade.

Com o dólar próximo de R$ 5,40 favorecendo as importações e a produção mundial ainda em crescimento, o mercado segue pressionado no curto prazo. Assim, o GDT 393 ainda sinaliza um ambiente de cautela. (Milkpoint)

Projeções estáveis do USDA para os lácteos da China em 2026

As projeções divulgadas pela unidade do USDA em Pequim para o mercado de lácteos da China em 2026 apontam um cenário de continuidade: produção estável, importações ajustadas e um setor cada vez mais concentrado.

O relatório Dairy and Products Annual, citado por fontes do departamento norte-americano, descreve um ciclo marcado por margens apertadas, reestruturações profundas e movimentos que já vinham tomando forma desde 2022. Segundo a análise, a queda prolongada dos preços da matéria-prima foi um divisor de águas no setor. O USDA relata que, ao longo dos últimos dois anos, a rentabilidade dos produtores chineses ficou comprometida, afetando especialmente as fazendas com estrutura menor. A pressão sobre custos – em alguns casos, agravada pelas exigências sanitárias e ambientais – acelerou um processo de consolidação que vinha ocorrendo de forma gradual, mas que ganhou intensidade desde 2023.

A agência descreve que uma quantidade significativa de estabelecimentos com rebanhos inferiores a mil cabeças deixou o mercado ou foi incorporada por grupos de maior escala. O movimento, segundo técnicos citados no documento, responde a dinâmicas econômicas e estruturais: maiores investimentos em tecnologia, automação e sustentabilidade elevaram a barreira de entrada; ao mesmo tempo, operadores com escala ampliada conseguiram diluir custos e manter algum nível de competitividade.

Como resultado, o USDA projeta que, em 2025, as fazendas com mais de mil vacas já responderão por mais de 68% da produção nacional. É um aumento superior a dois pontos porcentuais em relação ao ano anterior, reforçando uma tendência que coloca os mega-rebanhos no centro da oferta de leite cru na China. Embora essa concentração não seja nova, especialistas ouvidos pelo USDA sugerem que o ritmo da reestruturação surpreendeu até agentes do próprio mercado doméstico.No campo do comércio exterior, o relatório indica que as importações de leite fluido devem registrar uma queda leve em 2026. A razão é direta: a oferta local, apesar das dificuldades de margens, continua sendo suficiente para atender grande parte do consumo interno. As compras externas seguem relevantes apenas para nichos ou para atender picos específicos de demanda, mas não desempenham hoje o papel de equilíbrio estrutural que já tiveram.

Para o leite em pó desnatado (LPD), a avaliação aponta uma trajetória de crescimento da produção doméstica. A indústria chinesa tem ampliado sua capacidade de processamento e mantém programas de diversificação de portfólio que favorecem esse ingrediente. As importações, por sua vez, devem permanecer estáveis, refletindo a combinação entre autossuficiência parcial e demanda consistente das indústrias de alimentos e bebidas.

No caso do leite em pó integral (LPI), o USDA projeta estabilidade tanto no volume produzido quanto no volume importado. Fontes do setor citadas no relatório explicam que esse equilíbrio é coerente com o comportamento da demanda interna, que não apresenta oscilações bruscas e permanece sustentada pelo consumo de produtos tradicionais, além do uso industrial.

O documento também prevê um leve crescimento em manteiga e queijo, tanto na produção quanto nas importações. Segundo os analistas, a expansão está vinculada à mudança nos hábitos de consumo, impulsionada pela urbanização e pela diversificação dos padrões alimentares das novas gerações. Ao mesmo tempo, indústrias de panificação, confeitaria e food service têm elevado o uso desses dois ingredientes, mantendo o fluxo de compras externas.

O USDA destaca ainda a firmeza esperada para as importações de soro e seus derivados, utilizados principalmente pela indústria de alimentos, bebidas funcionais e nutrição infantil. Trata-se de um segmento no qual a dependência externa da China segue alta, tanto por características tecnológicas quanto pela competitividade dos exportadores tradicionais.

Em síntese, as projeções reunidas no relatório constroem uma fotografia de continuidade, com um setor que se reorganiza, mas preserva o equilíbrio entre oferta e demanda. A produção doméstica não cresce de forma expressiva, porém ganha eficiência; as importações recuam onde a autossuficiência avança, mas permanecem essenciais em categorias estratégicas. Para 2026, o USDA não prevê rupturas: apenas a confirmação de um caminho já conhecido pelo mercado chinês.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Blasina y Asociados


Jogo Rápido

Novo estudo traz consumo de queijo associado a redução do risco de demência
Um novo estudo realizado no Japão observou que o consumo semanal de queijo pode estar relacionado a uma menor incidência de demência em idosos. A pesquisa, publicada em 2025 na revista científica Nutrients, acompanhou mais de mil participantes com 65 anos ou mais durante três anos. Embora os resultados indiquem uma possível relação entre o alimento e a saúde cerebral, especialistas ressaltam que as evidências ainda não permitem afirmar que o queijo reduz o risco da doença. O estudo, conduzido por pesquisadores japoneses, avaliou os hábitos alimentares dos voluntários e dividiu os participantes entre consumidores e não consumidores de queijo. Ao fim do período de acompanhamento: 3,4% dos idosos que consumiam queijo ao menos uma vez por semana desenvolveram demência. Entre os que não consumiam o alimento, a taxa foi de 4,5%. Após ajustes estatísticos, os autores estimaram que o consumo semanal de queijo esteve associado a uma redução relativa de risco entre 21% e 24%. O artigo, intitulado Cheese Consumption and Incidence of Dementia in Community-Dwelling Older Japanese Adults, aponta ainda que os consumidores frequentes de queijos tendiam a apresentar melhores escores em testes cognitivos.Os cientistas levantam algumas hipóteses para explicar a possível relação entre queijo e proteção cognitiva: O queijo é rico em proteínas, aminoácidos essenciais e vitamina K², nutrientes importantes para a saúde dos neurônios e dos vasos sanguíneos. Pode haver ação anti-inflamatória: peptídeos bioativos e compostos presentes em queijos fermentados teriam efeitos benéficos sobre processos inflamatórios no corpo.  Além disso, o estudo sugere um papel para o eixo intestino-cérebro, já que certos derivados lácteos fermentados podem influenciar a microbiota intestinal, o que por sua vez poderia afetar a função cognitiva. Pesquisas recentes têm investigado o impacto de diferentes componentes da dieta na saúde cerebral. Revisões científicas mostram que alimentos fermentados, como queijos e iogurtes, podem influenciar processos metabólicos e inflamatórios ligados à função cognitiva. No entanto, os resultados ainda são variados, e não há consenso sobre efeitos isolados de um único alimento.  As diretrizes atuais para prevenção de demência continuam apontando para padrões alimentares amplos, com dietas ricas em vegetais, lácteos, leguminosas, azeite e peixes, em vez de recomendações específicas sobre o consumo de um único alimento. A pesquisa japonesa oferece novos dados sobre possíveis relações entre dieta e saúde cognitiva, mas seu caráter observacional exige cautela na interpretação. O consumo de queijo pode integrar um padrão alimentar saudável, porém não há evidências suficientes para afirmar que ele reduz, por si só, o risco de demência. Novos estudos, incluindo ensaios clínicos controlados, serão necessários para determinar com maior precisão o papel do alimento na saúde cerebral e verificar se os resultados observados no Japão se repetem em outras populações. As informações são da Tribuna, adaptadas pela equipe MilkPoint.