Porto Alegre, 12 de novembro de 2025 Ano 19 - N° 4.513
Governo do Estado abre inscrições para o Programa Bônus Mais Leite
Ação para financiamento de projetos incentiva o crescimento e a qualificação da produção leiteira Rio Grande do Sul
O governo do Estado abriu, nesta terça-feira (11/11), as inscrições para o Programa Bônus Mais Leite, que tem objetivo de fortalecer e qualificar a cadeia produtiva do leite na agricultura familiar. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em parceria com o Badesul, a iniciativa representa um investimento total de R$ 30 milhões.
A ação oferece um bônus financeiro de até 25% sobre o valor contratado por produtores enquadrados no Pronaf, em operações de custeio e investimento voltados à atividade leiteira. Para realizar a inscrição, o produtor deve preencher o formulário on-line para Solicitação de Enquadramento.
O Bônus Mais Leite visa incentivar a melhoria da qualidade do leite, a redução de custos e o aprimoramento da gestão nas propriedades. A execução do programa será feita por meio do Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), com gestão financeira do Badesul e participação de instituições como Banrisul, Sicredi, Cresol e Sicoob, que atuarão como agentes operadores do crédito.
Os projetos poderão ser elaborados pela Emater/RS-Ascar ou por outros escritórios de assistência técnica, e devem ser apresentados em nome do produtor, com vinculação direta à cadeia do leite. Os termos de parceria entre a SDR, o Badesul, o Banrisul e as cooperativas Sicredi, Cresol e Sicoob foram firmados nesta segunda-feira (10/11). O financiamento do programa foi realizado com recursos do Fundo de Reconstrução do Rio Grande do Sul (Funrigs).
Investimento e custeio
Entre as áreas contempladas estão armazenamento de água e irrigação, fertilidade do solo, implantação de pastagens perenes, construção de sala de ordenha, aquisição de equipamentos e tecnologias de gestão. No caso de investimento, o bônus será de até R$ 25 mil, com um limite global de R$ 20 milhões em subvenções, beneficiando cerca de 800 produtores. Já para as operações de custeio, o incentivo pode chegar a R$ 5 mil, com R$ 10 milhões em subsídios, alcançando 2 mil agricultores familiares.
Para o secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, o investimento reforça o compromisso do governo estadual em estimular o desenvolvimento da cadeia leiteira. “O Bônus Mais Leite chega para dar condições de crescimento, inovação e renda às famílias que sustentam a cadeia leiteira gaúcha”, destacou Covatti.
Ainda neste ano, os agricultores poderão acessar os recursos por meio do Banrisul e das cooperativas parceiras. “Estamos juntos com a SDR nesta força-tarefa de promover o fortalecimento e a qualificação da cadeia produtiva do leite na agricultura familiar gaúcha”, afirmou o presidente do Badesul, Claudio Gastal.
Contrato do financiamento
Após análise e aprovação pela SDR, os produtores receberão a Declaração de Enquadramento, documento que garante o direito ao bônus e deve ser apresentado à instituição financeira no momento da contratação do financiamento. O programa permanecerá aberto para adesões dos produtores durante a vigência do Plano Safra 2025/2026, ou até que seja utilizada a totalidade dos recursos disponíveis para subvenções.
O Manual Operativo, a apresentação e o decreto que institui o programa, além do formulário de solicitação de enquadramento estão disponíveis no site da SDR, na aba Políticas Públicas, no item Bônus Mais Leite.
Ampliação de recursos
A criação do Bônus Mais Leite representa um marco no fortalecimento da cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul, com um salto expressivo nos investimentos estaduais destinados ao setor no âmbito do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento do Leite e da Pecuária Familiar.
Entre 2023 e 2025, o Governo do Estado aplicou R$ 24,8 milhões, que somados aos R$ 30 milhões do novo programa, totalizam R$ 54,8 milhões em recursos, volume muito superior aos registrados em períodos anteriores: R$ 11,2 milhões entre 2012 e 2014, R$ 10,06 milhões entre 2015 e 2018 e R$ 23,2 milhões entre 2019 e 2022.
O Bônus Mais Leite consolida, portanto, um novo patamar de investimento público e reafirma o comprometimento do Estado com a valorização e a retomada da produção leiteira gaúcha. (SDR)
RS inicia projeto-piloto de rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos
Projeto-piloto busca aprimorar o controle sanitário, aumentar a competitividade e preparar o setor para atender mercados mais exigentes.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) iniciou a implantação do projeto-piloto de Rastreabilidade Individual de Bovinos e Bubalinos no Rio Grande do Sul. A iniciativa, inédita no Estado, tem como objetivo modernizar o controle sanitário e ampliar o acesso dos produtores gaúchos a mercados nacionais e internacionais mais exigentes.
Nesta terça-feira (11/11), foi finalizado e disponibilizado o formulário de adesão para os produtores rurais interessados em participar voluntariamente do projeto, disponível aqui.
O programa busca testar e aperfeiçoar o sistema de identificação individual de animais, que servirá de base para a futura implantação do modelo em todo o território gaúcho.
Mais segurança e competitividade
A rastreabilidade é uma ferramenta essencial para o fortalecimento da credibilidade e transparência da cadeia pecuária. Por meio da identificação individual, é possível acompanhar todo o ciclo produtivo dos animais, desde o nascimento até o abate, garantindo controle sanitário rigoroso, qualidade dos produtos e rastro de origem confiável.
Essa prática também atende às exigências de mercados internacionais, cada vez mais atentos à sustentabilidade, bem-estar animal e segurança alimentar, além de contribuir para abrir novas oportunidades comerciais e valorizar a carne gaúcha.
A rastreabilidade individual amplia a segurança e a confiabilidade das informações sanitárias, melhora a capacidade de resposta em situações de emergência e fortalece a competitividade da pecuária gaúcha. Além disso, o sistema se torna uma ferramenta de gestão para os produtores, oferecendo dados estratégicos sobre o desempenho do rebanho, histórico sanitário e movimentações.
“Esta é uma iniciativa que qualifica a produção e eleva a qualidade dos nossos produtos, tanto para o consumo interno quanto para os mercados internacionais. É uma chancela de origem e confiabilidade que o produto gaúcho passa a oferecer ao aderir à rastreabilidade”, destaca a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA/Seapi), Rosane Collares.
Etapas do projeto
Durante o projeto-piloto, a Seapi fornecerá dispositivos oficiais de identificação individual (brincos e botons eletrônicos), além de orientação técnica e acompanhamento para a aplicação, registro e utilização dos dispositivos. Também será disponibilizado o acesso ao sistema informatizado de rastreabilidade, onde as informações serão registradas e gerenciadas.
A previsão é de que as atividades sejam concluídas até maio de 2026, com acompanhamento técnico permanente das equipes regionais da Seapi durante todas as etapas do processo. (Seapi)
La Niña deve ter efeitos moderados no RS
Os efeitos do fenômeno La Niña devem ser moderados neste trimestre, variando em intensidade conforme a região e o município do Rio Grande do Sul. A projeção foi apresentada na manhã da última quinta-feira (6/11), durante coletiva de imprensa na sede da Superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA/RS), em Porto Alegre.
"É um momento que exige cautela. Não há previsão de frustração, mas também não se visualiza a perspectiva de supersafra”, afirmou o superintendente do MAPA/RS, José Cleber de Souza.De acordo com o meteorologista Glauber Ferreira, coordenador de Monitoramento e Previsão Climática do INMET em Brasília, a tendência para os próximos três meses é de temperaturas de 0,5 °C a 1 °C acima da média e precipitações cerca de 50 mm abaixo do volume normal.
“O cenário indica uma La Niña relativamente curta e de fraca a moderada intensidade. No Rio Grande do Sul, os efeitos serão sentidos mais no início do verão”, detalhou Ferreira. O agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, reforçou que a atenção deve ser redobrada nas regiões Sul, Campanha, Fronteira Oeste e Missões — áreas historicamente mais vulneráveis aos impactos da estiagem sobre os cultivos de verão.
Segundo Cunha, a melhor forma de prevenir os impactos é fazer a rotação de culturas e a gestão efetiva do manejo dos cultivos, entre outras medidas que podem contribuir para a construção de uma melhor capacidade de enfrentamento a longo prazo. Contudo, o agrometeorologista da Embrapa Trigo destaca que algumas decisões podem ser tomadas na pré-safra para diluir os riscos. Cunha recomenda duas estratégias: o uso de cultivares de ciclos diferentes e a ampliação do calendário de semeadura, observando o que é preconizado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático, em escala municipal, conforme o tipo de solo, evitando concentrar todo o plantio no mesmo período.
O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, alertou para os problemas de compactação e adensamento do solo, que comprometem a infiltração de água. “Nosso problema econômico é precedido de um problema agronômico. E a adaptação depende de boas práticas de manejo, já amplamente conhecidas pelos produtores”, destacou. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen sugere que os produtores evitem fazer o preparo convencional do solo, recomendando que se faça uma gradagem leve integrada à subsolagem – técnica que consiste em romper camadas compactadas para melhorar a infiltração de água, permitindo que as raízes se aprofundem.
Cunha ainda enfatizou que produtores que mantêm cultivos diversificados, solo com alta matéria orgânica e cobertura vegetal durante todo o ano tendem a apresentar melhores resultados em períodos de estiagem. Ele também reforçou a importância do seguro agrícola. “É um ano que exige cautela, mas ainda com boas expectativas de produtividade, especialmente no Rio Grande do Sul”, concluiu. (Milkpoint)
Jogo Rápido
A primeira tarde do Dairy Vision 2025 trouxe reflexões sobre como o setor lácteo pode dialogar com diferentes gerações e acompanhar as transformações do consumo, sem perder seus valores essenciais. No Painel 2, especialistas destacaram a importância de comunicar de forma autêntica e segmentada. Hayla Fernandes (Vaca Feliz) falou sobre a reconquista da Geração Z, que busca leveza e propósito nas marcas. Já Monica Pucci Simão (Syncronia Consultoria) ressaltou as oportunidades do mercado sênior, que exige mensagens adaptadas às suas diferentes faixas etárias. A inovação também teve destaque com Emerson Diniz (Novonesis), que apresentou as biossoluções como caminho para equilibrar tecnologia, consumo e meio ambiente. Ricardo de Carli (Bain & Company) trouxe a discussão sobre o impacto dos medicamentos GLP-1 e o crescimento da busca por produtos naturais e protéicos — como os lácteos. No Painel 3, o foco foi sustentabilidade e futuro. Martha Baker (Alltech) lembrou que sustentabilidade envolve meio ambiente, viabilidade econômica e responsabilidade social. Luis Arbona (Sidel) mostrou os avanços da embalagem PET asséptica, e Monica Cristina Jacon (Kerry) reforçou a versatilidade dos lácteos diante das novas demandas globais. O resumo do primeiro dia é claro: o futuro do leite está na inovação com propósito — comunicar melhor, produzir com responsabilidade e se conectar com um consumidor em constante mudança. (MilkPoint adaptado pelo Sindilat)