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Milk Summit 2025 abre caminhos para o leite sustentável

O setor do leite tem potencial para ser parte da solução climática na mitigação de carbono. “É uma cadeia solução, com grandes perspectivas”, afirmou Diogo Heck, assessor técnico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), na manhã desta quarta-feira (15/10) durante o segundo dia de Milk Summit 2025. Conforme ele, o setor deve zerar as emissões antes mesmo de 2050, data pactuada pela ONU para se alcançar a neutralidade global de carbono e conter os impactos das mudanças climáticas. “A cadeia do leite tem um potencial muito grande de zerar o seu balanço e inclusive torná-lo negativo, ou seja, passar a sequestrar gás carbônico antes do prazo mundial”, reforçou Heck com base nas análises do levantamento gaúcho e do roteiro de descarbonização dos sistemas produtivos. 

As palestras da manhã estiveram focadas na busca do leite sustentável no Parque de Exposições Wanderley Burmann na cidade de Ijuí (RS). E, para o Superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, a jornada deve ser compreendida de forma ampla, independentemente de segmentos ou tecnologias específicas e não deve ser vista apenas sob a ótica ambiental, mas como resultado de um conjunto de fatores que se interligam e se reforçam. “O maior inimigo do meio ambiente não é o ser humano, é a pobreza”, apontou, ao acrescentar que é essencial garantir dignidade e qualidade de vida às pessoas, o que depende de negócios economicamente viáveis, “suficiente para não que elas não precisem agredir e extrapolar os limites dos usos dos recursos naturais”, sustentou.

“Inovação para a sustentabilidade não é opção, é necessidade”, alertou o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins, ao destacar o papel central da ciência e da tecnologia na construção de um novo modelo produtivo, desenvolvendo soluções de menor impacto ambiental. “Ainda não temos um leite sustentável no mundo”, alertou ao suscitar também a importância do estabelecimento de um ecossistema dinâmico, unindo pesquisa, estado, empresas e startups. Nesse contexto, segundo ele, os jovens assumem papel central, impulsionando novas ideias e tecnologias. “Precisamos criar espaço e políticas que estimulem a juventude a inovar. São eles que vão garantir o futuro sustentável da cadeia do leite”, concluiu.

Sustentabilidade na prática 

Ao defender a “transparência radical” como valor essencial para conquistar o consumidor, Diana Jank, Diretora de Marketing da Letti A², destacou a importância de comunicar de forma autêntica o que acontece no dia a dia da produção. Para ela, a sustentabilidade é uma obrigação, e não mais um diferencial, e precisa ser comunicada em todas as etapas da produção, com práticas reais e verificáveis, como bem-estar animal, rastreabilidade, reciclagem e reaproveitamento de resíduos. “O maior gargalo do agro é a comunicação, mas estamos vivendo um momento de oportunidades, pois ele está na moda e precisamos usar isso a nosso favor”, afirmou. E completou: “Precisamos abrir as porteiras e mostrar a realidade das fazendas”. 

Na mesma linha, Marcelo Carvalho, CEO da Milkpoint, receita transparência para mostrar o que o campo tem feito para preservar o meio ambiente. “O setor precisa entender que tem que falar e prestar contas para fora dele”, diz ao recomentar uma postura de engajamento, de conversa. “A gente tem que comunicar o que está acontecendo, falar dos avanços, fazer com que a pessoa que está nas cidades entenda sabe o que está acontecendo”, explica, ao lembrar que o próprio aumento de produtividade gera melhoria na pegada de carbono ao emitir menos por litro de leite produzido, aliado a técnicas já presentes no campo como a agricultura generativa, uso de insumos biológicos, que geram tanto benefício socioambiental como econômicos para o produtor.  

E é no campo, de olho na fonte da sua matéria-prima principal, que a Lactalis trabalha a produção sustentável. Conforme o Diretor de Captação da empresa, Rafael Junqueira, a ação se articula na assistência técnica e gerencial, com medidas voltadas para o bem-estar animal, produtividade e redução da pegada de carbono. “Ou seja, mais leite com mais eficiência, com mais qualidade, com menor emissão de carbono por quilo de leite produzido”, exemplifica ao citar o programa Lactaleite, que atende a 950 fazendas que registraram aumento de produção em mais de 18% ao ano. 

Na Tetra Pak as metas incluem redução de 46% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, chegando a 100% em 2050 em toda a cadeia de valor. Conforme Vivian Guerreiro, Gerente de Sustentabilidade da empresa, a pauta da preservação não é apenas um compromisso, mas uma condição para seguir produzindo. “Para nós, sustentabilidade é uma licença para operar, uma forma de a gente continuar fazendo o negócio. Não só agora, mas no longo prazo, para os consumidores e para os clientes”, destacou.

O Milk Summit Brazil 2025 segue na tarde desta quarta-feira (15/10) e também conta com transmissão ao vivo pelo canal da Secretaria da Agricultura no YouTube (https://www.youtube.com/@AgriculturaGOVRS). A programação está disponível no site oficial: www.milksummitbrazil.com. 

Segunda edição confirmada e maior, com foco no Conesul

O coordenador do Milk Summit 2025 e secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, confirmou que o evento terá uma segunda edição no próximo ano e com enfoque ainda maior, abrangendo os demais países do Conesul: Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. “Com produtores, cooperativas, indústrias, governo, técnicos e pesquisadores lado a lado, retomamos um espaço de construção para o futuro do leite e vamos ampliar os horizontes no próximo ano”, destacou. A casa do evento permanecerá a mesma: a cidade de Ijuí, no Noroeste gaúcho e a data já está definida, será nos dias 14 e 15 de outubro, também dentro da programação da Expofest 

Com lotação máxima de público (750 inscrições) 21 palestras e quatro mesas de debates, a edição deste ano começou na terça-feira e se encerra nesta quarta. Na avaliação do presidente do Sindilat, Guilherme Portella, todas as expectativas foram superadas. “Em participação, inscrições, na qualidade das apresentações, especialmente numa visão holística entre todas elas”, assinalou ao lembrar do objetivo comum do evento que é olhar para frente, para o futuro do leite e de todo o setor. “A gente pode e chegará mais longe. Existe uma grande demanda de leite no mundo, ela será abastecida pelo Brasil, pelo Rio Grande do Sul. O Milk Summit veio colocar todo mundo em concordância sobre os objetivos comuns da cadeia”, assinalou.

Sobre o evento:

A realização do Milk Summit é conduzida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS, Sindilat/RS, Prefeitura de Ijuí, Emater/RS-Ascar, Suport D Leite e Impulsa Ijuí.

Conta com os patrocínios de Laticínios Deale, Feuser Representações Comerciais / Rit - Resfriadores, Sistema Fiergs, Frizzo, Italac, Laboratório Base, Lactalis do Brasil, Launer, Grupo Piracanjuba, Coop Santa Clara, Senar, Sicredi, Sicoob, SulPasto e Tetra Pak.

E com a parceria institucional da ExpoFest Ijuí 2025, Fecoagro, Fetag, Ciepel, UPF, Escola Técnica Celeste Gobbato, Hooks, Cincuenta, Sebrae, APAJU, FASA, APL Leite, Instituto Manager, Rede Leite, Embrapa, Unijuí, Unicruz, Intituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Farroupilha, CCR/UFSM, Ministério da Agricultura, Setrem, Amuplan, Abraleite, Viva Lácteos e Fundesa.

 

Crédito da Foto: Nataly Porto