Pular para o conteúdo

09/10/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 09  de outubro de 2025                                                     Ano 19 - N° 4.498


Pecuária leiteira do Uruguai caminha para um recorde de produção

O setor lácteo uruguaio deve atingir novo recorde em 2025, com clima favorável, preços estáveis e margens melhores, impulsionando produção e exportações. Entenda!

O Uruguai atravessa um momento promissor para sua indústria leiteira: o setor está a caminho de alcançar um novo recorde anual de produção, somando-se ao impulso positivo que vivem a agricultura e a pecuária no país. Segundo análise do jornal El Observador, esse cenário reflete uma combinação favorável de clima, estabilidade de preços e melhora de margens, que permite ao setor se recuperar após anos difíceis.

Nos últimos anos, a pecuária leiteira uruguaia enfrentou dois períodos complicados: em 2023, a seca atingiu o país com força, e em 2024, as chuvas excessivas do verão afetaram os custos e o rendimento das forragens. Agora, com condições mais favoráveis, os produtores projetam que 2025 poderá superar os 2,14 bilhões de litros entregues à indústria, ultrapassando os maiores volumes já registrados.

Um dos sinais mais recentes e contundentes é o crescimento de 4,5% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, ao ultrapassar 200 milhões de litros entregues às indústrias. Para setembro, estima-se que as remessas possam chegar a 228 milhões de litros, impulsionadas por um aumento de 12% registrado pela Conaprole em relação a setembro de 2024. Outubro também surge com altas expectativas, já que deve superar tanto os 216,2 milhões de litros do ano passado quanto o recorde anterior de 222 milhões de litros alcançado em outubro de 2020.

Esse dinamismo se apoia em três pilares fundamentais:
O clima e as forragens estão favoráveis. O estado dos solos e as chuvas têm favorecido o crescimento das pastagens e dos cultivos complementares, reduzindo a dependência de concentrados caros. As vacas têm desfrutado de maior conforto produtivo, o que se traduziu em um maior volume de sólidos (gordura + proteína).
 
A relação entre preços e custos também é positiva. O preço médio pago ao produtor está em torno de US$ 0,40 por litro, um nível que se manteve estável. Enquanto isso, o custo da alimentação — especialmente dos concentrados — diminuiu em comparação com períodos anteriores, melhorando a “relação leite–alimento” e gerando margens mais confortáveis do que as vistas na última década.
 
Melhora financeira que permitiu reinvestimentos. Com a recuperação da liquidez, os produtores conseguiram reduzir o endividamento. Um instrumento importante foi o fideicomisso financeiro firmado entre o Banco República e a Conaprole, que possibilitou a extensão de prazos de pagamento e aliviou a pressão imediata. Essa recuperação permitiu não apenas cobrir custos operacionais, mas também investir em infraestrutura, ampliar o rebanho ou adquirir novas tecnologias de produção.
Paralelamente, o setor lácteo uruguaio vem fortalecendo sua posição como exportador. Até setembro de 2025, os produtos lácteos se consolidaram como o quarto maior complexo exportador do país, com vendas de US$ 680 milhões — um crescimento de 14% em relação ao ano anterior — e 179 mil toneladas exportadas, um volume recorde para os primeiros nove meses do ano. Agosto e setembro registraram dois meses consecutivos com vendas superiores a US$ 90 milhões, algo que não ocorria há quatro anos.

Apesar do panorama favorável, há questões que preocupam as organizações do setor. A concentração da produção leiteira continua avançando: pequenos produtores familiares seguem desaparecendo — dois ou três por mês —, sendo absorvidos por fazendas de maior escala. Seis plantas industriais deixaram de operar recentemente (como Calcar, Coleme e Lactalis), o que fez com que o setor formal sofresse uma retração em sua base de fornecedores.

As restrições orçamentárias do Instituto Nacional do Leite (Inale), responsável por coordenar políticas de pesquisa, inovação e apoio ao setor, também são motivo de preocupação: atualmente, o órgão recebe os mesmos recursos, em pesos, de anos atrás e possui reservas que podem se esgotar em 2026 se não houver realocação de verbas.

Se esse recorde de produção se concretizar, para muitos ele representará mais do que um número: poderá marcar o início de uma nova etapa de crescimento sustentável e inclusivo para a pecuária leiteira uruguaia — desde que se consiga estabilizar a base de produtores e manter o equilíbrio entre expansão e viabilidade financeira.

As informações são do El Observador.


Custo de produção de leite registra queda de 1,2% em agosto

Após crescimento em julho, o ICPLeite/Embrapa registrou queda no custo de produção em agosto. A inflação de custos foi de -1,2%, acumulando 3,4% no ano e 7,2% nos últimos 12 meses. Apesar da redução no mês, o índice segue em patamar elevado, sobretudo quando observados os períodos acumulados.

Mão de obra e alimentação concentrada puxam a deflação mensal
A queda registrada em agosto foi resultado de variações negativas na maior parte dos grupos que compõem o índice. A maior redução ocorreu em Mão de obra, -1,7%, seguida por Concentrado, -1,5% e Volumosos, -1,0%, que juntos respondem por mais de 80% do peso total do índice, explicando a deflação no mês. Com recuos mais moderados, apareceram Qualidade do leite, -0,4% e Energia e combustível, -0,3%, reforçando o movimento de alívio nos custos. Em contrapartida, apenas dois grupos apresentaram crescimento: Minerais, 0,1%, de forma quase estável, e Sanidade e reprodução, 0,5%, este último com a maior alta do mês. Os dados constam do Gráfico 1.

FONTE:
Paulo do Carmo Martins
Manuela Sampaio Lana
Samuel José de Magalhães Oliveira
Alziro Vasconcelos Carneiro
Pesquisadores em economia da Embrapa Gado de Leite
Analistas em economia da Embrapa Gado de Leite

Oferta elevada derruba lácteos e Spot segue em queda

O mês de setembro apresentou quedas generalizadas nos preços dos produtos lácteos em função de uma maior oferta relativamente à demanda. Isso acabou elevando o nível de estoques, causando queda nas cotações. No mercado internacional o cenário também foi de queda, com elevada produção nos principais exportadores. Dessa forma, os preços do leite UHT, queijo muçarela e leite em pó recuaram. O leite no mercado Spot também seguiu com viés baixista, com queda acumulada de 22% desde março/25.

Conseleites apontam baixa no preço ao produtor

As sinalizações do Conseleites para o leite entregue em setembro foram de baixas em todos os estados. Minas Gerais apresenta o recuo mais moderado, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentaram quedas de 3,0%. A maior oferta de leite tem influenciado na queda dos preços ao produtor.

Informativo mensal produzido pelo Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite.
Autores: Glauco R. Carvalho, Luiz A. Aguiar de Oliveira e Samuel José de M. Oliveira. 
Colaboração: Henrique Salles Terror e Caio Prado Villar de Azevedo (graduandos da UFJF).
Nota: as variações mostradas acima nos gráficos são do preço de fechamento do mês contra o período citado.


Jogo Rápido

Dia de Campo em Chapada destaca uso de forrageiras de inverno na produção leiteira
A Emater/RS-Ascar e a Sementes Scherer promoveram, nesta quarta-feira (08/10), o Dia de Campo sobre Forrageiras de Inverno, realizado na propriedade da Agrícola e Sementes Scherer, na localidade de Tesouras, interior de Chapada. O evento contou com o apoio da Embrapa Trigo, Longa Vida Nutrição Animal, Prefeitura de Chapada e Inspetoria Veterinária, reunindo produtores e instituições parceiras da cadeia leiteira regional para destacar alternativas de melhor custo-benefício na produção de leite. A programação foi estruturada em quatro estações técnicas, que abordaram temas como manejo e desempenho de cereais de inverno, planejamento forrageiro, qualidade nutricional das forrageiras e manejo sustentável de solos e pastagens. As atividades foram conduzidas por extensionistas rurais da Emater/RS-Ascar, pesquisadores da Embrapa Trigo e profissionais da Sementes Scherer e Longa Vida Nutrição Animal. Os assistentes técnicos regionais da Emater/RS-Ascar Carlos Roberto Olczevski e Valdir Sangaletti, junto à equipe municipal da Instituição, destacaram práticas de manejo que aliam produtividade e sustentabilidade. Para a gerente adjunta regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Priscila Volpi, "o planejamento forrageiro é essencial para reduzir custos e garantir alimentação de qualidade ao longo do ano". O evento encerrou-se com uma confraternização entre produtores e parceiros, reforçando o compromisso conjunto com o fortalecimento da cadeia produtiva do leite e da agricultura familiar. (Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional Frederico Westphalen)