Porto Alegre, 08 de outubro de 2025 Ano 19 - N° 4.497
Balança comercial de lácteos recua em setembro com salto de 31,8 milhões de litros em importações. Exportações sobem, mas seguem abaixo de 2024. Confira!O saldo da balança comercial de lácteos voltou a apresentar retração, devido ao aumento expressivo das importações neste mês, que apresentaram um salto de aproximadamente 31,8 milhões de litros em equivalente-leite. Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.Em setembro, as exportações de lácteos totalizaram 5,8 milhões de litros em equivalente-leite, representando um aumento de 11,7% em relação ao mês anterior e de 17% frente a setembro do ano passado. No entanto, no acumulado de janeiro a setembro de 2025, as exportações ainda registram queda de 27,8% em comparação com o mesmo período de 2024.Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações se destacaram em setembro pela alta de 19,8%, totalizando 192,4 milhões de litros no período. Em comparação com setembro do ano passado, o avanço foi mais moderado, de 5,6%. Já no acumulado de janeiro a setembro de 2025, as importações registraram queda de 4,9% frente ao mesmo intervalo de 2024.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em setembro, as exportações apresentaram movimentos distintos entre os produtos:
O leite UHT, que havia registrado forte retração no mês anterior, avançou 145%, retornando a patamares historicamente normais.
O soro de leite manteve sua trajetória de crescimento expressivo, com aumento de 66% em relação a agosto.
Embora o volume ainda seja pequeno, o leite em pó desnatado se destacou pelo salto de 3.194% nas exportações, alcançando 25 toneladas — apesar de pouco, é um dado incomum historicamente.
Já o grupo das manteigas também registrou alta de 61% nas exportações, assim como o grupo de creme de leite, que apresentou alta de 9% nas exportações deste mês.
Por fim, o grupo de leite condensado apresentou recuo de 4%, enquanto o segmento de queijos registrou queda de 1% e o de iogurtes teve redução mais acentuada, de 23% nas exportações de setembro.
Nas importações, o leite em pó integral registrou aumento de 34% em relação a agosto, enquanto o leite em pó desnatado avançou 16%, após as reduções observadas no mês anterior.
O soro de leite seguiu a mesma tendência, com alta de 18%.
Em contrapartida, as importações de queijos apresentaram leve retração de 2% no volume total.
O grupo de manteigas registrou alta de 96% nas importações, sendo essa elevação concentrada em um produto: o óleo butírico de manteiga, que foi responsável por 79% do volume importado.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de agosto e setembro de 2025.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em setembro de 2025
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em agosto de 2025
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Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
A competitividade de preços no Mercosul, próxima à dos produtos nacionais, aliada à estabilidade do GDT e à desvalorização do dólar frente ao real, contribuíram para o aumento das importações neste mês. No entanto, o volume total acumulado de importações no ano ainda é 4,9% menor do que no mesmo período do ano passado. Com a maior produção interna atual, a tendência é que o acumulado anual continue abaixo do registrado em 2024. (Milkpoint)
GDT 389: após estabilidade, leite em pó integral volta a apresentar recuos
Leilão GDT registra queda de 1,6% no índice, com retração no leite em pó integral e manteiga, enquanto cheddar segue em alta. Confira os impactos no mercado.
No 389º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado em 07 de outubro, o preço médio dos produtos negociados ficou em USD 3.921 por tonelada, voltando a registrar recuo após um período de certa estabilidade.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
O leite em pó integral (LPI), principal referência do mercado, apresentou recuo de -2,3%, cotado a USD 3.696 por tonelada, após a estabilidade vista no último leilão. Já o leite em pó desnatado (LPD) ainda permaneceu estável, com leve variação negativa de -0,5%, cotado a USD2.599 por tonelada, após a forte queda vista no primeiro leilão de setembro.
Gráfico 2. Preço médio LPI
O Cheddar apresentou a terceira alta consecutiva, desta vez de 0,8%, alcançando o preço de USD 4.858 por tonelada. A gordura anidra do leite também apresentou alta de 1,2%, atingindo o preço de USD 6.916 por tonelada.
Os demais produtos apresentaram queda, sendo a mais intensa dentre elas a da muçarela, que soma 8 quedas consecutivas, acumulando -31,6% desde junho deste ano. O queijo atingiu o patamar de USD 3.393 por tonelada, o menor preço desde que este produto foi incluído no leilão, em dezembro de 2023.
Gráfico 3. Preço da Muçarela no Leilão GDT
Entre os demais produtos, a manteiga passou pela sétima retração consecutiva, dessa vez de -3%, atingindo o preço de USD 6.712 por tonelada. O leitelho, que não tinha sido negociado no último evento, voltou registrando recuos, de -2,3%, com o preço médio de USD 2.768 por tonelada.
Já a lactose continuou sem ser negociada neste leilão.
A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 07/10/2025.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Volume negociado mostra certo padrão
O volume negociado neste leilão somou aproximadamente 42 mil toneladas, um aumento de 7,5% em relação ao último evento. Em relação ao primeiro evento de outubro de 2024, o aumento é de 8,1%.
Gráfico 4. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Impacto nos contratos futuros
Os contratos futuros de leite em pó na NZX registraram novos recuos nas projeções de preços em comparação com as projeções no último leilão. A tendência de queda para os preços ao longo dos meses até o final do ano deu espaço para estabilidade, mas a expectativa de altas graduais no preço a partir de janeiro permanece.
Gráfico 5. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Assim como no mercado interno, o segmento de queijos tem sido o mais impactado na conjuntura atual. Com as novas retrações observadas nos preços do GDT, as cotações dos principais parceiros comerciais — Argentina e Uruguai — tendem a seguir as tendências do mercado da Oceania e apresentar trajetória de queda, o que pode exercer ainda mais pressão sobre os preços nacionais.
No caso dos leites em pó, o cenário é semelhante, embora a competitividade dos produtos importados seja ainda maior. Apesar disso, os preços desses produtos permanecem em níveis considerados aceitáveis, diferentemente da muçarela.
Juntamente com o câmbio próximo à R$5,30, o cenário internacional tem ampliado a competitividade dos produtos importados e intensificado a pressão nos preços no mercado interno, sendo essencial manter-se atento nestes fatores. (Milkpoint)
Seminário na FIERGS reúne especialistas para debater como a inovação e a pesquisa contribuem para fortalecimento da agroindústria
O Sistema FIERGS, por meio do Conselho da Agroindústria (Conagro), realizou a quinta edição do seminário Agroindústria do Futuro: tendências e estratégias para o agro do amanhã. Estiveram em debate, nesta terça-feira, as principais tendências e estratégias para o setor agroindustrial.
“O Sistema FIERGS, que representa mais de 50 mil indústrias, trabalha para o fortalecimento do nosso setor. O Conagro assume o protagonismo, pois o desenvolvimento da agroindústria é um pilar estratégico para a reconstrução econômica do Rio Grande do Sul. A quinta edição do Agroindústria do Futuro é fruto desse trabalho”, disse o vice-presidente do CIERGS e coordenador do Conagro, Alexandre Guerra.
Ele reforçou que abordar cenários e tendências no contexto da agroindústria, bem como seus desafios e oportunidades no setor, vão ao encontro dos objetivos do conselho e da entidade. “Discutir agroindústria é um compromisso com o nosso Estado e com a sua sociedade, e é uma forma de pensar a competitividade e a inovação como sinônimos de resiliência, em resposta aos desastres climáticos que nos afetam. Hoje, ampliamos a discussão sobre dois dos quatro pilares fundamentais do Sistema FIERGS, a competitividade e a inovação”, afirmou.
O engenheiro e professor associado da UFRGS Christian Bredemeier falou sobre tecnologia e inovação para a competitividade agroindustrial. Segundo ele, a demanda global por alimentos torna o Brasil um país privilegiado na produção agrícola. “Nunca houve tantas ferramentas para obtenção de dados sobre áreas e operações guiadas”, ressaltou. Bredemeier citou tendências como drones, sensores de solo, ferramentas analytics e uso de inteligência artificial, destacando que o desafio é integrar esses dados para melhorar a gestão.
A ministra-chefe da Divisão de Política Agrícola do Ministério das Relações Exteriores, Grace Tanno, abordou a inserção internacional da agroindústria e os desafios em mercados exigentes, como União Europeia e Estados Unidos. “Há muito desconhecimento sobre a agricultura brasileira. Nosso diferencial está no investimento contínuo em inovação, basta ver o papel da Embrapa”, salientou.
O economista-chefe da Unidade de Estudos Econômicos do Sistema FIERGS, Giovani Baggio, apresentou o Observatório da Agroindústria da entidade, lançado em setembro durante a Expointer. A plataforma reúne dados sobre produção, exportações e empregos na agroindústria gaúcha e apoia empresários e gestores na tomada de decisão.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), falou sobre exportações e abertura de mercados. “O Brasil é um país de recursos naturais, com disponibilidade de água e um modelo de produção integrada que faz toda a diferença”, disse. (Fiergs)
Jogo Rápido
A região gaúcha que mais entrega leite cru para a indústria, o Noroeste do Estado, sedia a primeira edição do Milk Summit Brazil 2025, dias 14 e 15 de outubro, em Ijuí. O evento promoverá o encontro de ideias entre produtores, cooperativas, indústrias, representantes governamentais e especialistas. A realização do evento é da Secretaria da Agricultura, Sindilat/RS, Prefeitura de Ijuí, Emater/RS-Ascar, Suport D Leite e Impulsa Ijuí. Mais informações, a programação e a última chance de se inscrever, você encontra no site do evento em www.milksummitbrazil.com.