Porto Alegre, 24 de setembro de 2025 Ano 19 - N° 4.487
Em agosto, os custos de produção voltaram a cair na “média Brasil”, com retração de 0,38% no Custo Operacional Efetivo (COE). Entre as praças monitoradas, o comportamento foi distinto, com elevações em SP e no PR e recuos no RS, MG, GO, SC e BA.Na nutrição dos animais, as rações apresentaram queda de 1,02% na “média Brasil” . Apesar de a maioria das regiões acompanhadas ter seguido esse movimento, houve elevações no PR e em SP, enquanto na BA, os preços permaneceram estáveis. Em agosto, os grãos se valorizaram: a saca de milho avançou 0,38% e a de soja, 2,64%, em relação a julho. O farelo registrou um aumento mais brando, de 0,6% no mês. Mesmo com a valorização dos insumos base da ração, a queda nas cotações pode estar relacionada a estoques mais folgados nas indústrias, que adotaram estratégias de manutenção dos valores para garantir escoamento.Ainda assim, no acumulado parcial do ano, o preço da dieta permanece acima dos patamares do início de 2025. Em contrapartida, a categoria de suplementos minerais subiu 0,26% de julho para agosto, na “média Brasil”
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Esse comportamento é típico desta época do ano,quando a menor disponibilidade de pastagens eleva a demanda por esses produtos em diversas regiões – esse cenário vem sendo captado desde junho.Os custos com operações mecanizadas, por sua vez, registraram leve alta de 0,22%¸entre julho e agosto, na “média Brasil” , devido aos reajustes no preço do diesel.Apesar da elevação mensal, na parcial do ano, a categoria ainda acumula queda de 3,69%. Para os insumos agrícolas, agosto foi marcado por retrações: adubos e corretivos caíram 0,29% e os defensivos, 1,37%, ambos na “média Brasil”.
O período é caracterizado pela demanda mais reduzida na utilização desses insumos na maioria dos estados brasileiros, o que tende a refletir em preços mais baixos no balcão. No mercado de medicamentos, as variações foram pequenas, com estabilidade nas categorias de antibióticos, vacinas e produtos para controle parasitário. A exceção foi a categoria de antimastíticos, com forte retração de 7,75% na “média Brasil”, pressionada principalmente pelo PR, onde foram verificadas os maiores recuos do mês.
PODER DE COMPRA – Em julho, o produtor de leite precisou de 24,25 litros para adquirir uma saca de 60 kg de milho, 5,79% a menos que em junho. No período, o cereal se desvalorizou expressivos 6,63% (para R$ 63,63/sc de 60 kg), enquanto o preço médio do leite caiu (0,90%), em R$ 2,62/litro. Dessa forma, o poder de compra em julho se mostrou melhor que a média dos últimos 12 meses (26,8 litros/saca). (CEPEA)
Projeto bilionário criará maior fábrica integrada de laticínios do mundo
Com investimento de US$ 3,5 bi, Argélia terá mega fazenda com 272 mil vacas e usina que produzirá 100 mil t/ano de leite em pó. Confira
A Argélia deu um passo decisivo para reduzir sua dependência de importações de leite em pó ao anunciar um projeto de US$ 3,5 bilhões que promete ser o maior complexo de laticínios do planeta. A iniciativa é fruto de uma parceria estratégica entre o governo argelino, por meio do Fundo Nacional de Investimento, e a Baladna, uma das maiores produtoras de laticínios do Catar. A joint venture resultou na criação da Baladna Algeria SPA, empresa responsável por implementar e administrar o empreendimento.
O plano prevê a instalação de várias fazendas na província de Adrar, totalizando 272 mil vacas em 117 mil hectares de terra. O projeto inclui ainda a construção de uma unidade industrial com capacidade para produzir até 200 mil toneladas de leite em pó por ano.
A construção deve começar em 2026 e a produção está prevista para iniciar no final de 2027. Quando atingir sua capacidade plena, a planta terá condições de atender cerca de 50% da demanda nacional por leite em pó, reduzindo de forma significativa a dependência externa.
Segundo estimativas oficiais, o projeto deverá criar aproximadamente 5 mil empregos qualificados, impulsionando a economia local e transformando a Argélia em um polo estratégico do mercado de laticínios no norte da África. Atualmente, o país importa mais de 400 mil toneladas anuais de lácteos, com valor próximo a US$ 800 milhões, sendo o quarto maior consumidor de leite em pó do mundo, atrás apenas da China, do Brasil e da União Europeia.
Pontos-chave do projeto:
Investimento total de US$ 3,5 bilhões
Instalação de 272 mil vacas em 117 mil hectares
Produção estimada de 200 mil toneladas de leite em pó/ano
Criação de cerca de 5 mil empregos qualificados
Início da construção em 2026 e produção a partir de 2027
Capacidade para atender 50% da demanda nacional argelina
As informações são do The Fence Post, do Dairy News 7x7 e do Ecofin Agency traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint
Efeitos do calor sobre a saúde, reprodução e produção de vacas leiteiras
Entenda como o estresse térmico compromete a produção e a reprodução de vacas leiteiras, afetando qualidade do leite e rentabilidade da fazenda.
Você já reparou no seu gado, vacas com baixa produção em épocas mais quentes? Isso pode estar interligado ao estresse térmico, que é uma condição fisiológica adversa que ocorre quando um organismo é incapaz de dissipar o calor gerado pelo metabolismo, comprometendo suas funções biológicas normais.
Esse fenômeno é especialmente relevante na pecuária leiteira, pois afeta diretamente a produtividade e o bem-estar dos animais. Quando expostos a temperaturas elevadas, os bovinos ativam mecanismos fisiológicos para dissipar o calor excessivo, como o aumento da frequência respiratória e do suor, porém, quando esses mecanismos não são suficientes, ocorre o estresse térmico (PEGORINI, 2011).
As vacas leiteiras, por apresentarem alta produção metabólica, são particularmente suscetíveis a esse estresse, o que pode resultar em perdas significativas para a indústria leiteira.
Esse tipo de estresse é comum em situações de ondas de calor repentinas, onde os animais não têm tempo suficiente para se adaptar ou quando a exposição ao calor excessivo ocorre de maneira contínua, provocando alterações hormonais que podem comprometer a eficiência produtiva e reprodutiva dos animais (PEGORINI, 2011).
A ocorrência do estresse térmico calórico agudo está diretamente associada a mudanças bruscas nas condições ambientais, especialmente em regiões com clima tropical e subtropical. Durante esses episódios, os bovinos apresentam sinais evidentes de desconforto térmico, como a busca por sombra e o aumento da ingestão de água (FIALHO et al., 2018). Além disso, há uma elevação da temperatura corporal, que pode desencadear quadros de hipertermia se não forem adotadas medidas de mitigação. Em situações extremas, esse tipo de estresse pode levar à exaustão térmica e até à morte dos animais, tornando essencial a implementação de estratégias para reduzir seus impactos. Em rebanhos leiteiros de alta produção, esse fenômeno compromete a ingestão de alimentos, reduzindo a disponibilidade de nutrientes essenciais para a lactação e a reprodução (PEGORINI, 2011).
Entre os principais efeitos do estresse térmico na reprodução, destaca-se a interferência nos hormônios reprodutivos, gerando um aumento da incidência de falhas reprodutivas, tornando-se um desafio para a manutenção da eficiência produtiva das propriedades leiteiras (ROCHA et al., 2012).
Estudos indicam que a elevação da temperatura corporal materna prejudica o ambiente uterino, comprometendo o desenvolvimento embrionário nas fases iniciais da gestação. Além disso, a deficiência na vascularização placentária resulta em menor suprimento de nutrientes para o feto, o que pode levar a abortos espontâneos ou ao nascimento de bezerros com baixo peso (MOTTA NETO, 2017).
A relação entre bem-estar animal e produtividade é amplamente estudada e evidencia que vacas submetidas a melhores condições ambientais apresentam maior produção leiteira, sendo que o estresse gerado por instalações inadequadas, manejo incorreto e interações humanas negativas pode comprometer o consumo alimentar e o desempenho metabólico dos animais (Ferreira et al., 2013). Além disso, ambientes desfavoráveis favorecem o desenvolvimento de doenças, como mastite e claudicação, resultando em maiores custos com tratamento e redução da longevidade produtiva dos bovinos (Santos; Neves; Ribeiro, 2021).
A composição do leite é sensível às condições ambientais e ao manejo dos animais. Estudos indicam que o estresse térmico, a superlotação e a falta de conforto afetam negativamente a produção e a qualidade do leite (Fonseca et al., 2024). O leite de vacas submetidas a condições adversas pode apresentar menor teor de proteínas e gorduras, além de um aumento na presença de hormônios do estresse, que influenciam negativamente suas propriedades nutricionais e tecnológicas (Silva et al., 2022). Dessa forma, estratégias que garantam o conforto térmico, como sombreamento ou resfriamento artificial, e o manejo adequado dos animais são essenciais para assegurar a qualidade do leite. (Milkpoint)
Jogo Rápido
No Grupo Piracanjuba, qualidade não se negocia, se garante. Com essa máxima, o Laboratório de Microbiologia da fábrica de Bela Vista de Goiás (BVG) conquistou a acreditação ISO 17025 do Inmetro em ensaio de patógenos Salmonella e Listeria. Essa certificação, reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é inédita no setor de laticínios e constata a competência técnica do laboratório. O resultado é fruto de mais de um ano de trabalho e reforça o compromisso da empresa com a qualidade e a segurança dos alimentos, assegurando testes mais precisos, confiáveis e em conformidade com os mais altos padrões nacionais. A ISO 17025 estabelece os critérios gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração, garantindo que operem com precisão e confiabilidade. Essa norma abrange aspectos como a gestão da qualidade, a qualificação do pessoal, o controle de equipamentos e as condições ambientais. (Terra Viva)