Porto Alegre, 22 de julho de 2025 Ano 19 - N° 4.441
Segundo o relatório State of the Dairy Industry 2025 Report, publicado pela Farm Journal por meio das publicações Dairy Herd Management e Milk Business Quarterly, apesar de 97% das fazendas leiteiras dos EUA serem de propriedade e operação familiar, o setor possui uma dependência crítica da mão de obra imigrante, já que mais de dois terços das 9,36 milhões de vacas leiteiras do país são ordenhadas por trabalhadores imigrantes. Trata-se de uma questão urgente, entrelaçada com a estrutura da agricultura americana.Antes e depois da pandemia
Os desafios com a mão de obra não são novidade para os produtores de leite. A pandemia de COVID-19 apenas agravou essas dificuldades, e o debate em torno da deportação em massa adiciona mais complexidade à situação, afetando não apenas fazendas individuais, mas repercutindo em toda a economia dos EUA.Escassez de mão de obra sempre presente
Uma pesquisa recente destaca a crescente dependência da indústria leiteira por trabalhadores que não são da família, indicando que eles representam pelo menos 50% da força de trabalho para muitos entrevistados. Em resposta, muitos produtores têm recorrido à tecnologia para reduzir a dependência da mão de obra humana. Embora a contratação e retenção de trabalhadores continue desafiadora, houve mudanças notáveis nos aspectos relacionados à força de trabalho no último ano.
Aumento nos incentivos aos funcionários
O aumento nos custos de mão de obra agrava ainda mais as dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite. Um dos entrevistados comentou: “Os custos com mão de obra continuam subindo, e nosso estado não está nos permitindo competir com produtores de outros estados.”
Para enfrentar esses desafios, muitas fazendas têm introduzido incentivos para melhorar a retenção, como moradia para funcionários, jornadas flexíveis e salários acima da média do setor. Mais da metade dos participantes da pesquisa oferecem moradia como forma de garantir estabilidade e motivação.
Os desafios com a mão de obra no setor leiteiro são de longo prazo. Embora estratégias inovadoras e melhores benefícios ofereçam alívio temporário, mudanças mais profundas e sistêmicas são urgentes. À medida que o setor enfrenta essas dificuldades, o chamado é por ações coletivas e reformas que priorizem sustentabilidade e segurança, assegurando um futuro resiliente para a agricultura dos EUA. (As informações são do State of the Dairy Industry 2025 Report, Farm Journal, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)
Como vai a assistência técnica?
Um dos papéis que tenho assumido na consultoria em gestão é ajudar nas relações entre, direção, gerência e assistência técnica, por vários motivos na maioria das vezes estas relações são conflituosas, e não colaboram como deveriam para produtividade da empresa como um todo, e nas minhas experiências não há um culpado e sim a falta de uma condução dos trabalhos com maior sinergia e clareza.
Interessante como ações simples colaboram, para que a assistência se acerte e produza, mas alguns pontos básicos ainda não são tratados pelo técnico como padrão e acabam por interferir drasticamente nas relações e nos resultados, econômicos, zootécnicos, e do próprio trabalho. Vamos citar alguns pontos observados que, em alguns casos, ainda deixam de ser praticados;
Protocolos; em muitas fazendas eles inexistem documentados, com isto alguns procedimentos acabam sendo definidos pelo executor, alguns exemplos;
Curativos – em muitas fazendas o borrifar um repelente sobre uma ferida, ainda é sinônimo de curativo, com as assistências que convivi e aprendi, curativo passa por assepsia do local, cauterização se for necessário e depois o produto cicatrizante e repelente, com isto não há o retrabalho, e perdas.
Diagnóstico de mastite – há diferentes opiniões técnicas sobre diagnóstico de caso clínico de mastite e isto é aceitável, mas o problema é que em grande parte dos casos a opinião do técnico não está sendo praticado na ordenha, pois isto não está descrito, e a rotatividade de funcionários e esquecimento, fazem com que a recomendação verbal se perca facilmente.
Tratamento de mastite – dias atrás em uma fazenda, com a assistência técnica no quarto ano de atuação, o gerente relatou em uma reunião com direção e técnico que os tratamentos estariam definidos por ele mesmo a caminho da cidade, e os produtos usados eram escolhidos acordo com preço, percebemos então que os problemas enfrentados com a sanidade e falta de qualidade no leite não era por acaso.
Estratégias para melhoria da qualidade de leite – na maioria das empresas não há uma estratégia de trabalho, com análises de CCS individual, cultura para identificação de patógenos, e acompanhamento das evoluções de melhoria, e o resultado são as perdas de produtividade e de recebimento por falta de qualidade leite.
Protocolos das rotinas – em algumas fazendas não há um protocolo e treinamento das pessoas sobre as rotinas a serem desempenhadas por eles, como por exemplo de ordenha, chegando ao cúmulo de haver diferentes passos de rotinas na mesma fazenda, que tem dois grupos de ordenhadores.
Como transformar a recomendação técnica em ação efetiva
Alguns técnicos precisam se especializar mais em comunicação, dando a real importância à forma de se comunicar, linguagem e tom de voz, e assumindo a responsabilidade por ela, é mais do que informar, é fazer com que o assunto em questão cause o devido impacto nas pessoas que precisam assumir seu papel, ninguém quer agir negativamente, quer deliberadamente que suas ações ou até mesmo falta delas cause prejuízo, o que pode acontecer é que estas pessoas, não foram devidamente persuadidas, por falta de argumentos ou falhas de comunicação.
Além de uma comunicação eficiente, esta deve ser formalizada em uma reunião com os interessados, com informações e embasamentos suficientes para a tomada de decisão, seria apresentar em forma de projeto, com custos, consequências e possibilidades de resultados, e posteriormente acompanhamento e ajustes para se conseguir os resultados previstos, nada mais do que um PDCA, onde ele criaria e colocaria o gerente na condução.
Fizemos isto em uma fazenda para implantação de estratégias para melhoria da qualidade de leite, onde o técnico dizia que já solicitava isto a tempos e não era atendido, mas pelo visto devido à forma de comunicação, embasamento e consequentemente falta de poder de persuasão.
Os treinamentos técnicos devem ser vistos como processo, por isso constantes, vale a pena formar as pessoas, e a formação técnica é uma delas, o técnico reunir com os ordenhadores, sanitaristas e demais funcionários e ensinar, do básico ao mais profundo, muda a realidade. Quanto ao local, pode ser na farmácia, escritório ou debaixo de uma árvore, com um flip chart ou um quadro, no máximo 40 minutos para não ser cansativo, treinar para que as pessoas entendam a necessidade de se esforçarem para que o processo seja executado com excelência, a base é o conhecimento técnico, que nada mais é do que o porque fazer.
Por último ainda falta um bom relatório, detalhado, que seja lido e discutido, para que não fiquem dúvidas, o relatório deve ter o significado do “fale agora ou se cale para sempre e execute” para não haver desculpas pela não execução.
Convivo com bons técnicos, bons de serviço e comprometidos, que só precisam criar sua forma de trabalho, e entender que o conhecimento técnico sem uma base de conhecimento em relacionamento interpessoal, e metodologias e ferramentas para esta convivência dificilmente traduzirão seu trabalho em resultados efetivos. (Beto Carvalho/MilkPoint)
Frederico Westphalen reafirma força da bovinocultura com 20,6 milhões de litros de leite
Agricultores e agricultoras de Frederico Westphalen são protagonistas da marca histórica de 20,6 milhões de litros de leite produzidos em 2024, o maior volume já registrado no município. Por isso, estiveram reunidos para celebrar e confraternizar junto de extensionistas da Emater/RS-Ascar, estudantes e representantes do setor público e privado da região.
O encontro foi realizado no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen, onde a Instituição promoveu a palestra "A Evolução da Bovinocultura de Leite", na quarta-feira (16/7), com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva do leite e valorizar os resultados da atividade no município. O evento também reafirmou o compromisso das instituições com o fortalecimento da cadeia produtiva do leite e com o desenvolvimento da agricultura familiar em Frederico Westphalen.
A palestra foi conduzida pelo engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Jeferson Vidal Figueiredo, que apresentou um panorama sobre as principais transformações ocorridas na última década, como a introdução de tecnologias nas propriedades, a qualificação da mão de obra e o fortalecimento da assistência técnica.
Além do resgate histórico da bovinocultura de leite, a palestra abordou ainda os sistemas de produção e foi finalizada com uma mesa-redonda, onde foram debatidos temas como o futuro da cadeia leiteira em Frederico Westphalen, a sucessão familiar e a valorização da atividade como estratégia de sustentabilidade das propriedades rurais. (Emater/RS)
Jogo Rápido
Produção de leite chilena registra aumento de 8,3% em 2025
A indústria de laticínios chilena está vivenciando um crescimento significativo, com a produção de leite aumentando 8,3% nos primeiros quatro meses de 2025, segundo dados da Fedeleche e da Odepa. Esse aumento se traduz em 58,6 milhões de litros adicionais , elevando a produção total para 766,8 milhões de litros de janeiro a abril. As regiões de Los Lagos e Los Ríos foram fundamentais nesse aumento, respondendo coletivamente por mais de 80% da produção nacional. Los Lagos apresentou um aumento robusto de 10,6%, elevando a produção para 359,8 milhões de litros, o que representa 46,9% do total nacional. Da mesma forma, Los Ríos registrou um crescimento de 9,3%, atingindo 283,2 milhões de litros, ou 36,9% da produção total do Chile. Juntas, essas regiões do sul contribuíram com 83,8% da produção de leite do país. Somente em abril, a produção aumentou 9,4% em relação ao ano anterior, atingindo 185 milhões de litros. Neste mês, Los Ríos liderou com um aumento notável de 13,8%, enquanto Los Lagos viu um aumento de 9,4% na produção. Esse crescimento consistente destaca a importância estratégica de fortalecer a competitividade regional para aumentar a sustentabilidade e a produtividade do setor lácteo chileno. Os corredores de produção do sul, portanto, continuam sendo essenciais para o desenvolvimento nacional. (As informações são do Dairy News Today, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)