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18/06/2025

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 18 de junho de 2025                                                          Ano 19 - N° 4.416


GDT 382: Mercado internacional de lácteos passa por novas baixas nos preços

O mercado lácteo global segue em correção. Leite em pó e muçarela recuam, cheddar e manteiga sobem. Queda no volume sinaliza cautela dos compradores. Confira!  

No 382º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado nesta terça-feira, 17 de junho, o mercado manteve a tendência observada na edição anterior, com a maioria dos produtos passando por correções de baixa. O preço médio dos produtos negociados ficou em US$4.389 por tonelada, refletindo uma queda de 1,0% no GDT Price Index. Apesar de parecer contraditório frente ao patamar médio de preços do leilão anterior, essa variação negativa é explicada pela redução de 6,7% no volume negociado, e pelos diferentes pesos de cada produto, que influencia diretamente o índice ponderado da plataforma.

Gráfico 1. Preço médio leilão GDT

O preço do leite em pó integral (WMP), principal referência entre os derivados lácteos negociados na plataforma GDT, registrou uma queda de 2,10%, sendo comercializado a US$4.084 por tonelada. Esse recuo reforça o movimento de ajuste nos preços, observado após os picos registrados nos leilões de maio — ainda que os valores atuais permaneçam em patamares historicamente elevados, quando comparados à média dos últimos anos. O preço do leite em pó desnatado também continua com correções negativas, caindo 1,3%, com média de US$2.775 por tonelada

Gráfico 2. Preço médio LPI

A muçarela, que vinha de duas rodadas consecutivas de valorização, apresentou queda de 1,9% neste leilão, sendo negociada a US$ 4.802 por tonelada. A retração indica um movimento de correção após as altas registradas nos eventos anteriores, mas o produto ainda se mantém com preços firmes no cenário internacional.

Por último,  a gordura anidra do leite recuou 1,3% após cinco eventos seguidos de alta. Enquanto isso, a lactose segue em correção negativa, registrando queda de 3,6% no preço após o forte aumento observado em maio.

As valorizações foram registradas na manteiga, que, mesmo após correções negativas recentes, voltou a apresentar alta de 1,4%, alcançando preço médio de US$ 7.890 por tonelada. O queijo cheddar também se valorizou, revertendo duas quedas consecutivas para subir 5,1%, com preço médio de US$ 4.992 por tonelada.

A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.

Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 17/06/2025.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Volume negociado volta a apresentar queda

O volume negociado no leilão voltou a registrar quedas, depois da pequena recuperação vista no último leilão. No total, foram comercializadas 15.209 toneladas, o que representa uma retração de 6,7% em relação ao evento anterior, que havia apresentado aumento de pouco mais de 7%. Essa variação negativa pode ser explicada ainda por um mercado cauteloso frente às tensões no mercado internacional. 

Gráfico 3. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.

Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Impacto nos contratos futuros

Os contratos futuros de leite em pó integral na Bolsa da Nova Zelândia (NZX Futures) ficaram abaixo dos valores vistos no último leilão GDT, e reforçou a tendência de quedas nas cotações até o fim do ano. 

A expectativa é de aumento na produção global nos próximos meses, enquanto a demanda segue incerta — reflexo das crescentes tensões comerciais, da baixa confiança do consumidor e da desaceleração econômica em mercados importantes, como a China. Esse cenário tem exercido pressão sobre os preços e reforça a possibilidade de uma correção gradual no mercado.

Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).

Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.

E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?

O cenário global de lácteos, com previsão de aumento da oferta e queda nos preços internacionais, pode refletir nos preços no mercado brasileiro. A demanda externa mais contida e as tensões comerciais podem continuar reduzindo os preços no mercado internacional, inclusive do Mercosul (nossos principais fornecedores). Além disso, com a valorização recente do real frente ao dólar nas últimas semanas, a competitividade do produto importado tem sido favorecida.

Nesse contexto, o câmbio será um fator decisivo: o aumento da taxa de câmbio real vs dólar pode conter as importações, enquanto uma moeda americana mais fraca pode indicar um caminho inverso. (Milkpoint)


Quais são as principais prioridades dos líderes do setor lácteo?

Pesquisa com executivos mostra que o setor de laticínios busca crescer com inovação em produtos e processos, mas com foco máximo em custo e eficiência.

A pesquisa anual da McKinsey & Company revela o que está no topo das preocupações dos executivos da indústria de laticínios em 2025.

Pelo sétimo ano consecutivo, a McKinsey & Company, em parceria com a International Dairy Foods Association (IDFA), entrevistou mais de 100 executivos do setor de laticínios para descobrir quais são suas principais prioridades de negócios. A pesquisa foi realizada no quarto trimestre de 2024, com participantes de empresas sediadas na América do Norte, Europa e Oceania.

Em 2024, propósito corporativo, talento e custo eram as três maiores prioridades dos executivos do setor. Neste ano, o propósito caiu para a quarta posição, enquanto o custo disparou para o topo da lista. O talento permaneceu em segundo lugar, seguido pelo crescimento de volume em terceiro.

No outro extremo, a sustentabilidade caiu da quinta para a sétima posição, sendo ultrapassada por dados digitais e análises, que ocupam agora a sexta colocação.

Margens pressionadas

Não é surpresa que, para 69% dos executivos, o custo seja a principal preocupação, em comparação com 48% e 50% nos dois anos anteriores.

Isso reflete preocupações contínuas com logística, inflação e volatilidade dos custos de insumos, que continuam pressionando as margens, segundo análise da McKinsey.

O talento, prioridade para 67% dos entrevistados, também está em alta na agenda, evidenciando os desafios persistentes para preencher a lacuna de habilidades na agricultura, processamento e manufatura.

Inovação em produtos e processamento

Mais executivos do setor esperam crescimento nos próximos três anos, com 80% (contra 76% em 2024) acreditando que o volume crescerá mais de 3% no curto prazo.

A demanda por laticínios também deve impulsionar as linhas de inovação, com 65% dos entrevistados afirmando que planejam aumentar os investimentos em inovação de produtos nos próximos 3 a 5 anos; enquanto 79% pretendem intensificar a inovação na área de manufatura nesse mesmo período.

Adoção da IA

Em uma mudança em relação ao ano passado, há um foco maior em digitalização e análise de dados, com mais de 5 em cada 10 executivos (54%) afirmando que utilizam inteligência artificial (IA) em precificação, otimização da manufatura, gestão da cadeia de suprimentos e outras áreas.

É importante destacar que quase todos os 29 executivos entrevistados em profundidade como parte da pesquisa afirmaram que planejam usar IA no futuro – embora alguns tenham demonstrado preocupações quanto à eficácia da tecnologia atual.

Relevância da sustentabilidade enfraquece

Embora a sustentabilidade continue sendo uma prioridade central para os executivos do setor de laticínios, ela não está entre as principais preocupações dos líderes. Apenas 12% dos respondentes a classificaram entre suas três prioridades principais, uma queda significativa em relação aos 44% do ano anterior.

Mas, segundo a McKinsey, os consumidores provavelmente manterão a sustentabilidade relevante para as empresas de laticínios no longo prazo – produtos comercializados como “sustentáveis” apresentaram crescimento de vendas de 3,5% em comparação com produtos convencionais, segundo pesquisa citada pela empresa.

As principais prioridades dos líderes do setor leiteiro em 2025, segundo a última pesquisa McKinsey & Company / IDFA:
● Custo
● Talento
● Crescimento de volume
● Propósito corporativo
● Resiliência da cadeia de suprimentos
● Digital e análises de dados

● Sustentabilidade

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint

 
Leite em pó integral: maior preço de exportação do Uruguai, em 32 meses

O preço da tonelada de leite em pó exportada no mês de maio, pelo Uruguai, foi o mais alto em 32 meses: US$ 4.126. 

Desde o pico em meados de 2022 não se registravam valores superiores a US$ 4.000 por tonelada. A média de maio foi a mais alta desde setembro de 2022, US$ 4.180. 

No último ano a recuperação do preço foi de 15%. Em maio de 2025 as exportações de leite em pó integral somaram US$ 49,5 milhões e no acumulado de janeiro a maio totalizaram US$ 238,4 milhões do principal produto lácteo de exportação, equivalente a dois terços das divisas do setor. 

O volume exportado aumentou somente 2%, para 60.401 nos primeiros cinco meses do ano, enquanto que o crescimento do faturamento foi de 17%. 

Fonte: Blasina y Asociados – Tradução livre: www.terraviva.com.br

Jogo Rápido
PIB do Agronegócio cresce 6,49% no primeiro trimestre de 2025
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgaram o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio referente ao primeiro trimestre de 2025. A análise apontou um crescimento de 6,49% no período, dando continuidade à tendência de recuperação observada no último trimestre de 2024, quando o setor reverteu a queda registrada até o terceiro trimestre do ano passado. O setor agrícola registrou alta de 5,59% e a pecuária teve expansão de 8,50%. Todos os elos da cadeia produtiva registraram expansão do PIB no primeiro trimestre: insumos (4,45%), setor primário (10,0%), agroindústria (3,18%) e agrosserviços (6,27%). O principal destaque nos primeiros três meses de 2025, foi o setor primário, que teve crescimento tanto do segmento agrícola (10,78%) quanto do pecuário (8,58%). A expansão do segmento primário agrícola foi impulsionada pela combinação da valorização dos preços e pelo aumento da produção esperada de importantes commodities que compõem o segmento, como café, milho, soja e trigo. Já no segmento primário pecuário, a alta decorreu do maior valor da produção esperado para o ano. Esse crescimento do valor da produção se deve ao avanço dos preços e à produção esperada, com destaque para a bovinocultura de corte e de leite, além de ovos e suinocultura. Com base nesse desempenho parcial, o PIB do agronegócio brasileiro pode alcançar R$ 3,79 trilhões em 2025, sendo R$ 2,57 trilhões no ramo agrícola e R$ 1,22 trilhão no ramo pecuário. A estimativa, considerando o comportamento do PIB brasileiro, é que a participação do setor na economia fique próxima de 29,4% em 2025, acima dos 23,5% registrados em 2024. Veja a análise completa do PIB aqui. (CNA)


 
 
 

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