Porto Alegre, 23 de maio de 2025 Ano 19 - N° 4.398
Laticínios tem momento de estabilidade e boa renda
Depois de atravessar algumas dificuldades no início de ano, ocasionadas pelo clima não ideal em algumas regiões, e mesmo lidando perdas acumuladas nos últimos anos nas lavouras, o atual momento da indústria de laticínios do Estado é de estabilidade e boa rentabilidade.
"O valor pago pelo leite vem remunerando muito bem a atividade. Há muitos anos, o produtor não tinha uma renda tão boa com o leite como se viu em 2024/2025. Foi possível organizar o caixa para manter investimentos mesmo com todas as dificuldades pontuais decorrentes das enchentes e das sucessivas estiagens", avalia Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).
Conforme o dirigente, no entanto, há muito a ser feito, no curto e médio prazos, além da demandas desafiantes, como negociações de ajustes tributários para o segmento — uma batalha que exigiu articulação para manter a competitividade do setor e os investimentos sustentados no Rio Grande do Sul.
"Temos que ganhar competitividade, e essa é a principal missão que temos pela frente para a próxima década. Temos que conseguir atingir a escala de produção e custo operacional dos nossos vizinhos do Prata (Uruguai e Argentina). Só assim nos tornaremos competitivos para fazer frente aos lácteos de outros países na disputa pelo mercado internacional", afirma Palharini.
Investimentos em nutrição adequada, que permita produzir leite com qualidade e na quantidade que as indústrias precisam, assim como aplicar genética de ponta nos rebanhos e melhorar a capacidade técnica da produção, estão no topo dos objetivos. Também se nota uma mudança no perfil produtor: estão em menor número mas entregando mais leite. Ainda assim, os parques industriais operam com capacidade operacional ociosa, ou seja, tem espaço para processar mais leite e os produtores podem produzir mais. Essa expansão percisa levar em conta a redução nos custos e a manutenção de margens de rentabilidade estáveis e positivas.
"Quando há desejo de evoluir, a migração para um modelo de negócio mais empresarial é possível", atesta o dirigente, defendendo que o setor assuma uma postura mais assertiva e profissional."Precisamos fazer o dever de casa. Olhar para nossos custos, assumir uma postura mais empresarial. Por sua origem com mão de obra familiar, o leite geralmente é gerenciado da mesma forma. Precisamos entender o negócio como uma empresa, trabalhando com dados, estatísticas e metas." (Jornal do Comércio)
Proteína e gordura do leite: o caminho para um rebanho mais lucrativo - PARTE I
Análises de gordura e proteína são termômetros do rebanho e chave para renda maior. Veja como fazer e interpretar.
A análise dos teores de proteína e gordura do leite é uma ferramenta estratégica e indispensável para a gestão eficiente da pecuária leiteira, especialmente quando o objetivo é aumentar a rentabilidade da atividade.
Esses dois componentes fazem parte dos chamados sólidos totais do leite e exercem influência direta não apenas na qualidade final do produto, mas também na forma como o produtor é remunerado. Em diversos sistemas de pagamento adotados por laticínios, os teores de proteína e gordura são critérios centrais para a definição do preço do litro de leite, com bonificações aplicadas para composições superiores aos padrões mínimos exigidos (ARAÚJO et al., 2024).
A gordura do leite é um dos principais responsáveis pelo sabor, textura e valor energético do produto. Já a proteína, especialmente a caseína, está diretamente relacionada à capacidade de fabricação de derivados como queijos e iogurtes. Dessa forma, quanto maior a concentração desses sólidos, maior o rendimento industrial do leite, o que aumenta seu valor comercial para a indústria. Isso faz com que a composição do leite seja um dos principais diferenciais competitivos do produtor no mercado.
Esses componentes também refletem aspectos importantes da nutrição, manejo e saúde do rebanho (GAEHWILER & NASCIMENTO, 2025). A produção de gordura está altamente relacionada à presença de fibra efetiva na dieta e ao bom funcionamento do rúmen. Já a produção de proteína está mais relacionada ao balanço energético da vaca e ao fornecimento adequado de carboidratos fermentáveis. Quando os teores de gordura e proteína se mantêm dentro dos padrões ideais, isso indica que a dieta está equilibrada e o manejo nutricional está sendo bem executado.
Tabela 1. Valores de referência para composição e qualidade do leite cru de acordo com IN 76 e 77 de 2018 do MAPA
Fonte: Dos autores, 2025.
Por outro lado, quedas ou desequilíbrios, nesses índices podem sinalizar problemas importantes. Por exemplo, uma relação gordura/proteína inferior a 1 pode indicar casos de acidose ruminal subclínica, comum em dietas com excesso de concentrado e pouca fibra. Já um aumento desproporcional da gordura, com redução de proteína, pode sugerir mobilização de gordura corporal, característica da cetose subclínica em vacas no início da lactação. Ou seja, os teores de proteína e gordura não são apenas indicadores de qualidade do leite, mas também verdadeiros termômetros da saúde metabólica do rebanho.
Do ponto de vista econômico, o impacto dessas análises é significativo. Mesmo produtores com o mesmo volume de leite podem ter rendas distintas, dependendo da composição do leite entregue. Um leite com altos teores de gordura e proteína pode garantir bonificações que, ao final do mês, representam um valor expressivo na receita da propriedade, como exemplificado na Tabela 2. Além disso, esse tipo de análise permite ajustes nutricionais precisos, otimizando o uso de insumos, reduzindo desperdícios e melhorando o custo-benefício da alimentação – um dos principais componentes do custo de produção.
Tabela 2. Exemplo de um comparativo de faturamento com base na qualidade do leite
Fonte: Dos autores, 2025.
As informações são do Milkpoint
Observação: a parte II da matéria será publicada na newsletter de 26/05/2025.
EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1868 de 22 de maio de 2025
BOVINOCULTURA DE LEITE
Os rebanhos recebem manejo adequado, e houve suplementação alimentar à base de silagens e rações, garantindo bom escore corporal e o início da recuperação da produção após o vazio forrageiro. A redução de carrapatos e moscas-dos-chifres contribuiu para o bem-estar animal. Apesar da melhora nas condições produtivas, os custos seguem elevados, impactando a rentabilidade da atividade.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, as chuvas regulares e em volumes moderados, nas últimas duas semanas, beneficiaram os campos nativos e as forrageiras cultivadas, mantendo, de forma geral, condições de piso apropriadas para o acesso aos piquetes, para a sala de ordenha e para a área de alimentação.
Na de Caxias do Sul, a sanidade das vacas leiteiras foi satisfatória, e houve necessidade de controle de ectoparasitas (berne, miíases e carrapatos). Diminuíram as infestações de moscas em razão dos períodos mais frios.
Na de Erechim, as chuvas e o ambiente mais úmido aumentaram os desafios relacionados às mastites clínicas. Apesar dos dias mais curtos e das temperaturas mais amenas, algumas propriedades relatam alta incidência de carrapatos.
Na de Frederico Westphalen, a produção de leite se reduziu devido à antecipação do vazio forrageiro e à influência das altas temperaturas. Na de Ijuí, a qualidade do leite produzido continua muito boa. O clima mais seco tem contribuído para a melhor higienização dos animais e das instalações.
Na de Porto Alegre, segue a atenção sanitária voltada ao controle de carrapatos. Os agricultores estão realizando a declaração anual do rebanho. O pastejo ocorre em áreas de campo nativo e de pastagens perenes de verão, considerando o encerramento do ciclo das anuais. Continuam as práticas de implantação das pastagens de inverno.
Na de Santa Maria, o vazio forrageiro se prolongou devido à falta de chuvas, comprometendo o crescimento das pastagens implantadas.
Na de Santa Rosa, as condições favoráveis de umidade do solo nos últimos dias proporcionaram o rápido desenvolvimento inicial das pastagens de inverno, principalmente de aveia, que já permite pastejo nas primeiras áreas implantadas.
Na de Soledade, as condições climáticas reduziram o crescimento das pastagens perenes e limitaram o desenvolvimento das pastagens de inverno. Diante disso, os bovinocultores de leite recorrem a alimentos conservados, com destaque para silagem de milho, além de feno, pré-secado, ração e suplementos minerais, a fim de garantir a nutrição do rebanho. (Emater adaptado pelo Sindilat).
Jogo Rápido
PREVISÃO METEOROLÓGICA: Semana de chuva no Rio Grande do Sul
Nos últimos sete dias, chuvas de intensidade moderada atingiram partes do centro, norte e do oeste do Rio Grande do Sul, enquanto as áreas a leste registraram volumes acumulados mais baixos. Os bovinos de leite receberam manejo adequado, e houve suplementação alimentar à base de silagens e rações, garantindo bom escore corporal e o início da recuperação da produção após o vazio forrageiro. A redução de carrapatos e moscas-dos-chifres contribuiu para o bem-estar animal. Apesar da melhora nas condições produtivas, os custos seguem elevados, impactando a rentabilidade da atividade. A previsão para os próximos dias indica a atuação de sistemas meteorológicos, resultando em chuvas de fraca a moderada intensidade, com possibilidade de tempestades isoladas no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira (23/05), o tempo estável persistirá em todas as regiões, com características típicas de amplitude térmica: madrugada com temperaturas mais baixas e elevação ao longo do dia. Entre a sexta-feira e o sábado (24/05), uma área de baixa pressão deverá se deslocar do Oceano Atlântico Sul em direção ao território gaúcho, provocando chuvas generalizadas em todo o estado. Há possibilidade de ocorrência de tempestades isoladas, inicialmente nas regiões das Missões e Fronteira Oeste, avançando posteriormente para áreas da Campanha, região Central e Sul do estado. Essa condição instável deverá se estender até o domingo (25/05), com possibilidade de novas tempestades isoladas, especialmente em pontos do leste gaúcho. A tendência para o período entre os dias 26 e 28 de maio indica a formação de novas áreas de instabilidade sobre o Rio Grande do Sul. Na segunda-feira (26/05), uma nova área de baixa pressão deve se desenvolver no noroeste do estado, favorecendo a ocorrência de chuvas, com possibilidade de tempestades em todas as regiões. Esse sistema deverá se deslocar sobre o território gaúcho ao longo da segunda-feira, mantendo sua influência principalmente sobre o norte do estado na terça-feira (27/05). Ainda na terça, uma segunda área de baixa pressão, oriunda da Argentina, avançará sobre o RS, provocando novas chuvas generalizadas e potencial para ventos intensos, especialmente em áreas do litoral. A atuação desse sistema deverá se encerrar até o início da quarta-feira (28/05), restabelecendo gradualmente as condições de estabilidade no estado. O prognóstico para os próximos sete dias indica acumulados de chuva elevados no Rio Grande do Sul. As precipitações deverão ser generalizadas, com os maiores volumes concentrando-se em uma extensa área que abrange a Fronteira Oeste, Missões, regiões centrais, centro-norte do estado, Campanha e Região Metropolitana. Nessas áreas, os acumulados deverão ultrapassar os 50 mm, com possibilidade de volumes superiores a 100 mm, especialmente entre a Fronteira Oeste, Campanha e o centro do estado. Já para o Litoral, partes da Serra, Alto Uruguai, Costa Doce e extremo sul, são esperados acumulados menores, variando entre 10 mm e 50 mm.