Porto Alegre, 21 de maio de 2025 Ano 19 - N° 4.396
Está em recuperação o setor lácteo da Argentina e do Uruguai
“O mercado internacional dos lácteos passa por um momento positivo e as cotações sobem desde o final de 2023. O preço do leite chega a um bom nível, ao mesmo tempo que os grãos se mantêm com preços razoáveis”, disse Andrés Padilla, analista do Rabobank, durante a Mercolátea 2025, realizada entre os dias 15 e 17 de maio no parque de exposições da Associação Rural do Uruguai.
Em declarações para Todo El Campo e o programa Diário Rural (CX 4 Rural), acrescentou que o produtor de leite está “com margem positiva, permitindo que a produção cresça nos últimos trimestres”.
Indagado sobre a guerra comercial entre Estados Unidos da América (EUA) e China e como afeta o mercado do leite, Padilla disse que esse é um fenômeno “relevante porque a China é um grande importador de lácteos dos EUA. Então é fundamental para o mercado estadunidense dar uma solução”, prevendo que “será alcançado algum tipo de acordo, talvez com uma tarifa permanente de importação de 10%”.
O volume das exportações dos EUA para a China depende do produto, acrescentou. Por exemplo, os EUA não podem encontrar novos destinos para o soro e “isso criaria problemas internos”, porque no caso de encontrar para quem vender, “seria a preços muito mais baixos, alterando a dinâmica do mercado e impactando no preço final do leite. Não lhes convém passar por um processo como esse”, enfatizou.
A Região Quanto à nossa região, o analista observou que “está havendo recuperação este ano”. A “Argentina teve um passado muito difícil, o Uruguai enfrentou algumas dificuldades, mas os dois estão se recuperando e o Brasil vem crescendo a 2,5% ao ano”.
Além disso, “a demanda está bastante positiva: A Argentina recuperando, o Uruguai estável e o Brasil bem, mas no Brasil o aumento da inflação é um problema”, podendo levar à desaceleração da economia e impactar no consumo.
Por outro lado, disse: “é uma realidade” que existem fazendas leiteiras cada vez maiores na região, em detrimento do pequeno produtor. “Problemas que se impõem são: mão de obra cada vez mais escassa e cara, e as mudanças climáticas que adicionam volatilidade”. Diante de tudo isso, “o produtor que tem escala e tecnologia possui vantagem muito grande em relação ao pequeno, que tem cada vez mais dificuldades para se manter”.
Segundo semestre positivo: O Sudeste Asiático e a África
O segundo semestre deste ano “também será positivo”, vaticinou. “Com grãos em baixa, mesmo que o preço do leite caia um pouco, não muito, 2025 será um bom ano”.
Padilla concluiu, destacando que o sudeste asiático é um mercado “bastante interessante” para os países exportadores de lácteos: “Indonésia, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Malásia, são economias em expansão”.
Mas, não são os únicos, existem “outros mercados da África que também começam a aumentar o consumo, e eu diria que existe ainda muito potencial”, concluiu. Acesse aqui a matéria na íntegra. (Fonte: Todo El Campo – Tradução livre: www.terraviva.com.br)
GDT - Global Dairy Trade
Fonte: GDT adaptado pelo Sindilat RS
EMBRAPA/CILEITE: Boletim de Preços - Mercado de Leite e Derivados - Abril de 2025
Preços desaceleram no mercado de leite
Os preços de leite e derivados apresentaram queda no mês de abril, com destaque para o queijo muçarela. O recuo nas cotações ocorre em plena entressafra, mostrando que a demanda tem se mostrado mais fraca. Além disso, as importações de abril vieram menores. Portanto, tal desvalorização está mais atrelada ao enfraquecimento da demanda, devido ao aumento da taxa de juros, maior endividamento das famílias, mercado de trabalho perdendo dinamismo e inflação elevada, com destaque para o leite e derivados com alta de 10% no acumulado em 12 meses.
Conseleite sugere pequena queda no preço do leite ao produtor
As sinalizações dos Conseleites para o pagamento do leite entregue em abril foram de uma relativa estabilização, com exceção do Paraná que sinalizou uma queda mais acentuada. Apesar das variações negativas nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina e da expectativa de aumento no Rio Grande do Sul, todas essas apresentaram pouca variação em relação ao mês anterior. Dessa forma, o indicador de referência sugere certa estabilidade na maioria dos casos.
Milho e Soja têm queda nos preços. Boi e bezerro apresentaram leve alta.
Com a apreciação do câmbio na segunda quinzena de abril, os preços de milho e soja apresentaram queda. O clima favorável e expectativa de boa safra de inverno de milho induziram a queda. O farelo de soja apresentou uma alta na primeira semana, porém seguiu recuando no decorrer do mês, sendo influenciado pelo bom abastecimento interno da oleaginosa. Já no mercado de boi gordo, houve relativa estabilidade nos preços. Para a reposição, o bezerro se valorizou paulatinamente ao longo do mês.
FONTE: Informativo mensal produzido pelo Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite. Autores: Glauco R. Carvalho, Luiz A. Aguiar de Oliveira e Samuel José de M. Oliveira. Colaboração: Henrique Salles Terror e Caio Prado Villar de Azevedo (graduandos da UFJF). Nota: as variações mostradas acima nos gráficos são do preço de fechamento do mês contra o período citado
Jogo Rápido
Queijo Gorgonzola do Brasil terá novo nome após acordo com a UE
Denominação “Gorgonzola” será exclusiva da Itália. Queijarias brasileiras precisarão adotar novo nome após o acordo Mercosul-União Europeia. O famoso queijo gorgonzola, amplamente consumido nas mesas brasileiras, deverá mudar de nome em razão de um tratado firmado entre o Mercosul e a União Europeia. A partir de sua ratificação, apenas os queijos produzidos na região italiana de Gorgonzola, com selo de Indicação Geográfica (IG), poderão manter essa nomenclatura. Assim como já ocorre com o champanhe, que passa a ser chamado de espumante quando não vem da região de Champagne, o gorgonzola também terá sua proteção geográfica validada. No Brasil, essa medida se equipara ao reconhecimento de produtos como o queijo canastra, que possuem tradição e local de origem definidos.A legislação proíbe o uso de termos como “estilo gorgonzola” ou “sabor gorgonzola” por fabricantes fora da Itália. Indústrias brasileiras precisarão rebatizar o produto, provavelmente com nomes genéricos ou inspirados em regiões nacionais, como parte de um movimento de adequação ao novo pacto comercial. O acordo, que protege 358 produtos europeus e 222 da América do Sul, ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Enquanto isso, laticínios brasileiros e consumidores devem estar atentos aos rótulos que começarão a refletir as mudanças nas prateleiras. (Edairy News)