Porto Alegre, 20 de maio de 2025 Ano 19 - N° 4.395
GDT 380: Após fortes altas, preços do leilão internacional passam por ajustes
Leilão GDT tem recuo de preços e volume negociado atinge menor nível em 12 anos; impacto é sentido nos contratos futuros.
No 380º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado nesta terça-feira (20), os preços da maioria dos produtos lácteos apresentaram leve retração, após fortes altas registradas na sessão anterior. O preço médio para os produtos negociados no evento fechou em USD 4.589/tonelada, enquanto o GDT Price Index, que representa a média ponderada dos itens comercializados, variou -0,9%.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
O leite em pó integral (LPI) registrou uma leve queda de 1% no preço, encerrando a sessão a USD 4.332 por tonelada. Apesar do recuo, o preço do produto mantém-se em níveis elevados, semelhantes aos observados nos três últimos leilões.
Gráfico 2. Preço médio LPI
A lactose apresentou a maior retração percentual do leilão, com queda de 13,2%, após ter liderado as altas no evento anterior com valorização de 16,8%. Nesta edição, o produto fechou cotado a USD 1.398 por tonelada. Conforme comentado na edição anterior do GDT, a guerra tarifária entre China e Estados Unidos vinha impactando os preços do produto. No entanto, com o recente acordo entre as duas nações, o mercado reagiu e os preços retornaram a patamares semelhantes aos observados anteriormente ao conflito.
De modo geral, a maioria dos produtos sofreu uma correção após as fortes altas do último evento. Contudo, a muçarela e a gordura anidra do leite se destacaram ao registrarem valorizações, com altas de 0,7% e 0,9%, respectivamente.
A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao fim do evento, assim como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 20/05/2025.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Volume negociado continua em queda
O volume negociado no leilão continuou caindo, de forma mais expressiva. No total, foram comercializadas 15.194 toneladas, o que representa uma redução de 9,1% em relação ao evento anterior. Esse é o menor volume negociado no leilão desde abril de 2013. Dessa forma, a retração do volume também contribuiu para a variação negativa do GDT Price Index, que representa a média ponderada dos produtos.
Gráfico 3. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2025.
Impacto nos contratos futuros
Os contratos futuros de leite em pó integral na Bolsa da Nova Zelândia (NZX Futures) registraram preços firmes para os próximos três meses em comparação com as projeções feitas no início de maio. No entanto, a expectativa para o restante do ano aponta para uma queda mais acentuada nos preços futuros no comparativo mensal.
Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2025.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Embora a demanda por lácteos continue resiliente, a volatilidade do dólar e as tarifas comerciais têm impactado o cenário internacional do leite.
Apesar disso, os preços internacionais (incluindo da Argentina e Uruguai, nosso principais fornecedores) seguem firmes e em patamares superiores aos observados nos últimos anos. Além disso, a taxa de câmbio real vs dólar segue operando em níveis elevados, acima dos R$5,60, mantendo o custo do produto importado mais caro para os compradores brasileiros. (Milkpoint)
A atividade leiteira é de grande importância para o município de Muliterno. Com uma produção anual que gira em torno de 6.500.000 litros, garante renda para cerca de 60 famílias de produtores rurais. Após ter passado por períodos de dificuldades, hoje os agricultores comemoram os bons tempos da atividade, além disso, os incentivos recebidos no último semestre colaboram com este sucesso.
Em uma ação conjunta entre a Emater/RS-Ascar, responsável pelos projetos técnicos, e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) foram buscados recursos do Programa Estadual de Sementes e Mudas Forrageiras, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), para aquisição de sementes de cultivares forrageiras de inverno com alta capacidade de produção e baixo custo ao produtor, visto que o programa estadual subsidia 50% do custo de aquisição das sementes. Dessa forma, o agricultor sente-se mais seguro para investir e pode adquirir sementes de alta qualidade.
Outra iniciativa, dessa vez do poder público municipal, teve ampla adesão dos produtores, foi o incentivo à produção de silagem. A Prefeitura de Muliterno coloca um valor de R$ 600,00 por hectare de forragem colhida podendo beneficiar até 10 hectares/família/ano.
"Estas iniciativas somadas vêm dando a oportunidade aos produtores de leite de permanecer na atividade com ânimo e persistência para seguir produzindo cada dia mais", avalia o extensionista da Emater/RS-Ascar, Roniel Motta. Ele destaca a importância dessas políticas públicas. "É bom para a agricultura familiar e também para nós que trabalhamos com Extensão Rural, pois desta forma os resultados acontecem mais rápido e garante que o agricultor possa continuar produzindo e agregando renda na pequena propriedade", explica.
O produtor Elio Francisco Longaretti está muito satisfeito com o apoio recebido e considera de grande importância. Segundo ele, já estava disposto a vender os animais e desistir da atividade, mas com os incentivos recebidos, está motivado a continuar produzindo. Ele relata que está sempre disposto a seguir a orientação técnica prestada pela Emater/RS-Ascar na sua propriedade.
Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar - Regional de Passo Fundo
Divulgada a programação da 3ª Jornada Técnica da RTC
As principais pautas da atualidade do agronegócio nacional estarão em destaque durante a 3ª Jornada Técnica da Rede Técnica Cooperativa (RTC), que acontecerá de 28 e 30 de maio, no hotel Wish Serrano, em Gramado (RS). Inteligência artificial, mudanças climáticas e gestão estarão no centro dos debates da Jornada que terá como tema: O futuro do agro já chegou. Vamos juntos?
Com a palestra “Quando a inteligência artificial encontra a inteligência humana”, o professor Gil Giardelli trará um dos temas mais debatidos da modernidade e abrirá o segundo dia do evento, em 29 de maio. No campo da administração, destaque para a palestra “Gestão eficiente e inteligente em propriedades de Leite” que será ministrada pelo zootecnista Christiano Nascif, diretor na empresa Labor Rural e coordenador de Negócios e Empreendedorismo no Instituto CNA.
Entre os palestrantes, também está o médico-veterinário, Luís Gustavo Ribeiro, professor da Universidade de Copenhagen e pesquisador nas áreas de nutrição animal, pecuária de precisão e sistemas regenerativos, que trará o painel “Leite do futuro para os consumidores do futuro”. O cientista político, Fernando Schüler, professor do Insper (SP), falará sobre o “Cenário político e econômico: Uma visão nacional e global”, palestra que abrirá o evento, no dia 28.
Já o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, embaixador especial da Food and Agriculture Organization (FAO) e ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), falará sobre “Cooperativismo para o desenvolvimento do Agronegócio”. A palestra de Rodrigues encerrará o evento, no dia 30 de maio. Uma das falas mais esperadas é a do Nobel da Paz (2007) e Nobel em Alimentação (2020), Rattan Lal, que fará uma participação online no evento com “Uma mensagem para as cooperativas e produtores do RS”.
A grade completa dos palestrantes e a programação podem ser acessadas no site jornada.rtc.coop.br. As inscrições podem ser feitas acessando o link jornada.rtc.coop.br/app/jornada-rtc-2024/inscricao.
A 3ª Jornada Técnica é uma realização da RTC e CCGL e conta com o patrocínio do terminal portuário Termasa. O evento é apoiado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro/RS), pelo Sistema Ocergs-Sescoop/RS e pela plataforma SmartCoop.
Sobre a RTC
A Rede Técnica Cooperativa (RTC) é uma iniciativa que reúne as áreas técnicas de 30 cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul. O objetivo é difundir a pesquisa e conhecimento de forma integrada, além de promover a adoção de práticas agrícolas sustentáveis e economicamente viáveis às cooperativas e aos seus produtores.
Confira a programação completa
28/05 – Quarta-feira
19h - Abertura Oficial
19h30min - Cenário político e econômico: Uma visão nacional e global
Palestrante: Fernando Schüler
20h30min - Coquetel
29/05 – Quinta-feira
Manhã
8h - Quando a inteligência artificial encontra a inteligência humana
Palestrante: Gil Giardelli
9h - Leite do futuro para os consumidores do futuro
Palestrante: Luiz Gustavo Ribeiro
9h40min - Q&A
10h – Break
10h40min - Gestão eficiente e inteligente em propriedades de Leite
Palestrante: Christiano Nascif
11h20min - Gargalos na gestão em propriedades de Grãos no RS
Palestrante: Antonio da Luz
11h50min - Q&A
12h - Almoço
Tarde
13h45min - Mudanças climáticas: Cenários futuros e efeitos sobre a Agricultura
Palestrante: Marcos Kazmierczak
14h30min - O ZARC frente ao cenário de mudanças climáticas
Palestrante: Eduardo Monteiro
15h - Credito Rural: cenário atual e desafios futuros
Palestrante: Claudio Filgueras
15h30min - Q&A
15h50min - Uma mensagem para as cooperativas e produtores do RS
Palestrante: Rattan Lal
16h - Break
16h30min - Transformando dados em Produtividade: O segredo dos recordistas mundiais de soja e milho. Paletrante: Randy Siever
Novas descobertas sobre a nutrição de plantas
Palestrante: Marcos Loman
17h30min - Uso de biológicos na Agricultura: Resultados atuais e Tendências futuras
Palestrante: Roberto Lanna
18h10min - Q&A
18h30min - Encerramento
30/05 – Sexta-feira
Manhã
8h - SMARTCOOP Lançamento Smartcoop
8h10min - Descomoditização no Agro. Palestrante: Maurício Schneider
8h45min - Gestão e profissionalização: Uma visão de futuro para o sistema cooperativo Palestrante: Mateus Cônsoli
9h20min - Rastreabilidade em produtos Agro: A visão da SLC agrícola
Palestrante: Aurélio Pavinato
10h - PREMIAÇÃO - Entrega do troféu "O semeador"
10h15min - COOPERATIVISMO para o desenvolvimento do Agronegócio
Palestrante: Roberto Rodrigues
11h - Q&A
11h20min - Encerramento
Jogo Rápido
Cepea: Depois de altas consecutivas no 1° trimestre, preços sinalizam queda em abril
Pelo terceiro mês consecutivo, o preço do leite captado em março fechou em alta de 1,3%, chegando a R$ 2,8241/litro na “Média Brasil”, evidenciando uma desaceleração no ritmo de avanço. Em um ano (março/25 em relação a março/24), o aumento é de 15%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). A valorização se deve à maior competição pela compra de matéria-prima. Para abril, pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam possibilidade de queda nos valores pagos ao produtor, considerando-se a “Média Brasil”, tendo em vista que a demanda na ponta final da cadeia está enfraquecida. Levantamento do Cepea em parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostra que, em abril, os preços médios dos derivados lácteos negociados entre indústrias e atacado paulista apresentaram variações distintas frente ao mês anterior. Enquanto o leite UHT registrou leve queda de 0,79%, com média de R$ 4,43/litro, e o queijo muçarela recuou 2,77%, a R$ 32,63/kg, o leite em pó fracionado (400g) se valorizou 2,38%, alcançando R$ 32,39/kg. Na comparação anual, o UHT teve baixa de 0,57%, ao passo que as cotações da muçarela e do leite em pó avançaram respectivos 7,41% e 10,22%, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de março). As exportações brasileiras de lácteos registraram baixa relevante de 41,05% entre março e abril, depois de três meses seguidos de altas. Frente a abril de 2024, a queda foi de 22,49%. Quanto às importações, os recuos foram de 11,6% no comparativo mensal e de 16,87% no anual. Os dados são da Secex e foram analisados e compilados pelo Cepea. Os custos de produção da pecuária leiteira subiram em abril pelo quarto mês consecutivo. Cálculos do Cepea mostram que o Custo Operacional Efetivo (COE) avançou 0,28% em relação a março/25, considerando-se a “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS). A alta nos custos está atrelada principalmente à valorização de insumos voltados à nutrição do rebanho. (CEPEA)