Porto Alegre, 13 de maio de 2025 Ano 19 - N° 4.390
Empresa vai investir € 40 milhões em iogurtes
A principal aposta da Lactalis para dobrar seu faturamento até 2030 está na agregação de valor aos cerca de 2,7 bilhões de litros de leite captados por ano,reduzindo a participação de itens considerados commodities, como o leite UHT e o leite em pó.
“Dentro do nosso portfólio existe uma parte de commodities muito grande,mas também possuímos produtos de valor agregado como iogurtes e queijos”, afirma o presidente da Lactalis nas Américas,Patrick Sauvageot.
Segundo o executivo, hoje o consumo per capita de queijo e iogurte está entre cinco e seis quilos por habitante ao ano no Brasil, mas há potencial para dobrar essa demanda. De olho nisso,a empresa investirá €40 milhões para expandir sua produção de iogurtes em Araras (SP),operação adquirida da DPA Brasil.
O valor está incluído nos R$2,7 bilhões aplicados desde que a empresa chegou ao país. O plano é aumentar em quase 50%a capacidade de produção da fábrica e triplicar a iogurtes naturais, compostos por apenas dois ingredientes: leite e fermento. Com isso,a ideia é atender a um nicho de mercado que também tem ganhado espaço no país: o clean label (ou “rótulo limpo”, na tradução em português, já que o produto não possui conservantes em sua formulação).“É uma categoria que tem crescido bastante, mas que exige um investimento pesado, pois o processo de produção precisa ser muito limpo”, observa o CEO da Lactalis no Brasil, Roosevelt Júnior.
A Estratégia inclui ainda lançamento de sobremesas lácteas prontas,que se enquadram na categoria de iogurtes,mas com crescimento acima da média,de 14,3%. Por outro lado, a participação total desse segmento no mercado brasileiro é de 3% comparado a 20%na Europa, sinalizando potencial de aumento da demanda nos próximos anos, segundo o CEO da operação brasileira. De acordo com dados da Nielsen apresentados pela Lactalis ao Valor, o mercado brasileiro de iogurtes registrou seu primeiro crescimento em seis anos em 2024, com avanço de 8,6%em volume e de 16,3% em faturamento.
O resultado reflete o desempenho da própria companhia, que tem 40% desse mercado em volume e 46%em faturamento e registrou o dobro de crescimento no mesmo período. Já em relação às vendas de leite UHT e leite em pó,o'Brasil registrou queda de 0,7%e 14%em volume,respectivamente em 2024, mas com aumento do faturamento —o que pode ser lido como um efeito direto da inflação do período, segundo avaliação de Roosevelt Júnior.
“O iogurte,pela inovação, pela novidade que conseguimos trazer em categorias relevantes, conseguimos fazer a categoria crescer. Mas para produtos básicos,onde está concentrado mais de 50% do consumo do leite,já começamos a ver a inflação portando e pressionando o tamanho da categoria”, conclui. (Valor Econômico)
Importação de vacas selecionadas foi marco para implantação da queijaria
Outro marco importante na trajetória da RAR Agro & Indústria foi a largada do projeto para produção de queijos e laticínios. Em meados da década de 1990, Raul Randon, falecido em 2018, importou ventres americanos da raça holandesa e montou uma estrutura de ponta para produzir queijo tipo Grana, pela primeira vez fora da Itália.
De lá para cá, o salto foi grande. Nas quatro câmaras de maturação do complexo, repousam 44 mil formas de 40 quilos do queijo Gran Formaggio - uma joia da empresa -, equivalentes a cerca de R$ 100 milhões. São peças produzidas a partir do leite cru obtido das vacas que recebem uma dieta específica, para dar a coloração e o sabor certos ao produto, maturado por 12 e 18 meses.
"Nesse período, acomodadas em prateleiras de madeira para absorver a umidade das peças, as formas são viradas em intervalos rigorosamente controlados, a cada quatro, oito ou 12 dias, dependendo do tempo que já estão no processo. Ao final, pesando 35,5 quilos, em média, estão prontos para serem saboreados no mercado", finaliza o gerente de produção da Rar Gastronomia, Jiovani Foiatto. (Jornal do Comércio)
Bacias leiteiras brasileiras: fatos interessantes
Estudo da Embrapa mapeia as 15 bacias leiteiras do Brasil, responsáveis por 58,9% da produção de leite em 2023, destacando-se pelo crescimento e inovação.
Estudo da Embrapa mapeou as regiões de maior concentração espacial de produção de leite do Brasil. Considerando municípios que produziram em 2023 mais que 50 litros de leite/ dia por quilômetro quadrado de área territorial e áreas municipais contíguas com produção de pelo menos 200 mil litros/ dia é possível identificar estas regiões que são nomeadas como as 15 bacias leiteiras do país (Figura 1).
Figura 1 - Bacias leiteiras brasileiras.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Esta metodologia desenvolvida pela Embrapa permite mapear com precisão as áreas de maior dinamismo da pecuária de leite brasileira. O total destas 15 bacias leiteiras produziu 57,1 milhões de litros/ dia ou 58,9% de produção brasileira em 2023 em uma área que ocupa apenas 5,1% do território nacional.
Além disso, são nestas áreas que a produção de leite cresceu no país nos últimos cinco anos (2018 a 2023), em um volume equivalente a 5,1 milhões de litros/ dia. Nas demais regiões, que representam 94,9% do território nacional, houve um declínio de 1,1 milhão de litros/ dia no mesmo período. Ainda que a produção de leite esteja de uma certa maneira presente em todo o território nacional, ela só cresce em uma fração diminuta do território, que são as 15 bacias leiteiras aqui identificadas.
Estas 15 bacias também são campeãs em produtividade no país: 3.574 litros/ vaca no ano de 2023 contra 2.259 litros/ vaca/ ano na média do Brasil como um todo.
A Bacia do Sul se destaca pela maior produção de leite no país em 2023. Foram 22,2 milhões de litros, seguida pela Bacia do Sudeste, 16,7 milhões de litros e pela Bacia do Nordeste, com 5,6 milhões de litros/ dia. A produção também é expressiva na Bacia de Goiás, 3,9 milhões de litros/ dia.
Figura 2 - Bacia Leiteira do Sul
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
No entanto, o maior acréscimo de produção observado entre 2018 e 2023 aconteceu na Bacia do Nordeste, com um aumento de 1,9 milhões de litros/ dia em apenas 5 anos.
Na segunda posição vem a Bacia do Sudeste, com aumento de 0,9 milhão de litros/ dia.
Figura 3 - Bacia do Nordeste
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
A maior produtividade por animal é observada na Bacia do Leste Paranaense. Nesta área, cada vaca produziu, em média, 6.285 litros/ ano em 2023. Na Bacia do Sudeste Paranaense esta produtividade alcançou 5.511 litros/ ano e na Bacia do Sul, 4.289 litros.
Figura 4 - Bacia do Leste Paranaense
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Também na Bacia do Leste Paranaense foi observada a maior variação de produtividade em 5 anos: de 4.909 litros para 6.285. litros/ vaca/ ano entre 2018 e 2013, um incremento de 1.376 litros/vaca. A Bacia do Triângulo Mineiro também registrou expressivo aumento da produtividade neste período: 1.113 litros/ vaca/ ano, impulsionada por migração de inúmeras fazendas para sistemas confinados.
Esta análise espacial, que auxilia na compreensão da evolução recente e da realidade da produção leiteira do país, fornece um recorte interessante e original sobre a dinâmica do setor no Brasil. São explicitadas diferenças entre regiões que a abordagem tradicional, entre unidades da federação ou mesmo mesorregiões, não contempla
.
Além disso, esse estudo mostra um retrato desafiador da realidade leiteira nacional, cuja compreensão é crucial para se traçarem estratégias para o desenvolvimento setorial, investimentos produtivos e da indústria de laticínios. É possível também identificar as áreas mais dinâmicas e com maior adoção de tecnologia, que apresentam crescimento destacado se comparado com a média nacional.
Fonte: Milkpoint Publicado por: Samuel Jose de Magalhaes Oliveira e Glauco Rodrigues Carvalho
Jogo Rápido
MILHO/CEPEA: Com cenário favorável no campo, comprador se mantém afastado
A colheita de milho da safra de verão avança, enquanto o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras da segunda temporada. De acordo com pesquisadores do Cepea, esse cenário tem pressionado as cotações do cereal, à medida que afasta compradores das aquisições de novos lotes – esses agentes têm expectativa de que o atual movimento de desvalorização do cereal persista. Pesquisadores do Cepea lembram que, até meados de março, às dificuldades logísticas, a retração de vendedores e as preocupações com estoques curtos vinham mantendo os valores em patamares mais elevados e também fizeram com que partes dos compradores – com receio de desabastecimento – aceitasse adquirir o milho a preços maiores. No entanto, desde abril, o cenário mais favorável no campo tem mantido compradores afastados do spot e os preços, em queda. Segundo pesquisadores do Cepea, neste começo de maio, as desvalorizações externa e do câmbio, que reduzem a paridade de exportação, reforçaram a pressão sobre os valores domésticos. (Terra Viva)