Porto Alegre, 09 de maio de 2025 Ano 19 - N° 4.388
Líder, Lactalis se move para dobrar de tamanho em cinco anos no Brasil
Numa entrevista há 10 anos ao Valor, Patrick Sauvageot, então o principal executivo no país de uma ainda pouco conhecida Lactalis, disse que tinha o desafio de construir a operação brasileira a partir de várias aquisições, tal qual um lego. E a ambição do grupo controlador francês, dono da marca Président, não era pequena: a meta era criar a maior empresa de lácteos do Brasil. O lego ainda não está totalmente montado, afirma agora Sauvageot, que hoje é presidente da Lactalis Américas, mas o objetivo de ser a líder do segmento já foi alcançado.
Desde que chegou ao Brasil, comacomprada empresa familiar de queijos Balkis em 2013, a companhia francesa investiu R$ 7,7 bilhões no país, número que inclui aquisições de laticínios (R$ 5 bilhões) e aportes em ampliações de fábricas (R$2,68 bilhões).
Em sua estratégia agressiva de crescimento, a Lactalis adquiriu em 2014 uma empresa quebra da, a LBR,e uma em formação, a Elebat (da BRF). Em 2019, foi a vez da mineira Itambé, que pertencia à Cooperativa Central dos Produtores Rurais do Estado de Minas Gerais (CCPR). Foram movimentos complexos e que em alguns casos, como no da Itambé, ocorreram diante de disputa judicial (com a concorrente mexicana Lala). A aquisição mais recente — e relevante — foi a operação de iogurtes da DPA em 2023.
Com esses movimentos — contados em um livro sobre a história da Lactalis no Brasil — , a empresa lidera hoje a captação de leite no país e atua em todas as categorias de lácteos. São 2,7 bilhões de litros recebidos por ano, destinados à produção de queijos, iogurtes, leite UHT, leite em pó, manteiga, requeijão, leite condensado e creme de leite, em 23 unidades pelo país.
Embora já seja a maior do segmento, a companhia busca mais, pois avalia que há potencial para o avanço da demanda por lácteos no país. “Temos a ambição de duplicar a dimensão de Lactalis do Brasil, e estamos caminhando para isso. Uma parte vai vir de aquisições, uma parte de crescimento interno e de crescimento também do consumo”, estima Sauvageot em entrevista exclusiva ao Valor.
No ano passado, a empresa faturou R$ 17 bilhões no Brasil, 10% acima de 2023, e a meta é alcançar R$ 35 bilhões até 2030, diz o CEO da Lactalis Brasil, Roosevelt Júnior. Para alcançar esse montante, será necessário ampliar a captação de leite, as operações de processamento e investir em agregação de valor nos próximos anos.
Os executivos admitem que crescer via aquisições depende das oportunidades. E no caso da Lactalis há outro fator a se considerar: a concorrência dentro do próprio grupo controlador, que mantém há anos uma estratégia de crescimento via aquisições que fez dele o maior do mundo em lácteos.“O problema é que estamos em concorrência dentro do grupo com outras oportunidades”, observa Sauvageot.
Recentemente, a empresa, que tem capital fechado e é controla da pela família Besnier, anunciou interesse em comprar a operação da Fonterra na Ásia e fez duas aquisições nos Estados Unidos: o negócio de queijo fresco da Kraft eaoperação de iogurtes da Yoplait. “São países com moedas fortes, com mercado super-rentáveis. Então, de certo modo, estamos em competição”, diz.
A captação de matéria-prima com produtores também terá de crescer “muito”, mas os executivos não arriscam um número.
O certo é que será preciso atrair mais fornecedores. Hoje, cerca de 60% do leite recebido pela Lactalis vêm de cooperativas com as quais a empresa fez acordos para fornecimento. A mineira CCPR é a principal entre elas. A Lactalis também recebe leite de mais cinco cooperativas, no Paraná e no Rio Grandedo Sul. No total, são cerca de 10 mil produtores ligados às entidades.
“Por isso que os acordos com as cooperativas são muito importantes. Se queremos duplicar a nossa posição, teremos de arrumar outros”, afirma o presidente da Lactalis Américas.
Também será preciso aumentar o número de produtores que fornecem de forma independente à Lactalis, que hoje são 6 mil. E ainda a adesão a um programa considerado a menina dos olhos da empresa: o Lactaleite, quedá assistência técnica aos pecuaristas, visando melhoria de produtividade e qualidade e redução de custos. Segundo RooseveltJunior, no último ano, a produção do grupo de 1 mil produtores que partipa do programa cresceu 16%.
A empresa quer ampliar essas parcerias, que miram a fidelização no fornecimento, e tem o desenvolvimento da cadeia de lácteos no Brasil como uma de suas prioridades. “O fato de sermos o número 1 nos cria obrigações”, afirma Sauvageot. Para ele, o país não consegue atender toda a demanda e importa lácteos porque a cadeia leiteira não está bem estruturada e suficientemente competitiva. E isso faz com que o custo de produção seja alto e o leite seja caro.
Os varejistas também “não estão felizes com o leite”, diz ele, pois alegam margens pequenas em relação a outros produtos e falta de previsibilidade sobre os preços. “Há insatisfação em toda a cadeia, e achamos que o papel do líder é ajudar a construir uma cadeia mais rentável. (...) Ajudar o produtor a ganhar dinheiro, porque se ele ganhar dinheiro, vai investir para melhorar a produtividade e a qualidade do leite”, avalia.
A despeito das dificuldades na cadeia, a Lactalis cresceu muito nos últimos anos no Brasil. Mas a montagem do lego não terminou, segundo o executivo. As peças que faltam dizem respeito ao serviço ao cliente. “Temos que melhorar”, diz. E também ao número de produtores que participam do programa Lactaleite.“Por que não são 4.000?”, indaga. “Seria muito bom paraaempresa.Porquehojetemos potencial de venda bem acima de nossa capacidade de produção”, reconhece Sauvageot. (Valor Economico)
EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1866 de 08 de maio de 2025
BOVINOCULTURA DE LEITE
Em função do fim do ciclo das forrageiras de verão, os produtores estão suplementando a alimentação com silagem, feno e concentrados proteicos para manter a produção leiteira. A qualidade do leite continua estável, com teor de matéria seca e indicadores sanitários (células somáticas e contagem bacteriana) dentro dos parâmetros em grande parte das propriedades. Algumas áreas de cereais de inverno permitem o pastejo, embora o desenvolvimento geral ainda esteja irregular.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, permanece o quadro de declínio na produção de leite, reflexo da entressafra das forrageiras, especialmente nas propriedades mais dependentes de pastagens, devido ao volume limitado de chuvas em abril.
Na de Caxias do Sul, a qualidade do leite manteve-se dentro dos limites exigidos pela legislação.
Na de Erechim, os rebanhos apresentam condições satisfatórias. As chuvas recentes contribuíram para a normalização dos recursos hídricos, e a redução das temperaturas favoreceu o conforto térmico dos animais.
Na de Frederico Westphalen, houve leve queda na produção de leite em função da antecipação do vazio forrageiro e da influência das altas temperaturas.
Na de Ijuí, observa-se escore corporal abaixo do ideal nos rebanhos manejados a pasto como resultado da baixa disponibilidade de alimentos nas propriedades.
Na de Passo Fundo, o manejo reprodutivo e sanitário segue conforme a rotina, sem anormalidades. Houve redução na incidência de moscas, contribuindo para o bem-estar dos animais.
Na de Pelotas, além dos desafios climáticos, os produtores enfrentam quedas de energia elétrica, exigindo investimentos em infraestrutura.
Na de Santa Maria, os produtores seguem monitorando a incidência de moscas e carrapatos, utilizando estratégias de controle. (Emater adaptado pelo Sindilat)
Lácteos ganham o mundo com sabores criativos e apelo saudável
Empresas inovam com sabores nostálgicos, proteínas funcionais e experiências multissensoriais que cativam o consumidor.
Os produtos lácteos estão apresentando crescimento em receita e vendas em todo o mundo, segundo a empresa de pesquisa de mercado Innova Market Insights. Um dos principais impulsionadores desse crescimento são os lançamentos de novos produtos, que aumentaram 2,6% nos últimos cinco anos. A Europa Ocidental responde pela maior parte desses lançamentos, com 36%, seguida pela Ásia e pela América Latina.
Saúde como tendência global
Iogurte e queijo, em todas as suas variedades, estão entre as categorias mais populares. Uma das principais razões para o sucesso dessa categoria é, sem dúvida, o fato de ela atender a megatendências contínuas como saúde, prazer e conveniência, ao mesmo tempo em que se apresenta repetidamente de maneiras novas e atrativas — como mostra a fornecedora de ingredientes Hydrosol, com base no exemplo das últimas Top Ten Trends da Innova.
Segundo a Innova, “Ingredientes e além” é uma das tendências centrais para 2025. A qualidade dos ingredientes é um dos principais critérios de compra. Os consumidores querem ingredientes com valor agregado, como benefícios para a saúde, vantagens nutricionais, frescor, vida útil ou naturalidade.
Um exemplo dessa tendência é o enriquecimento com proteínas. A prioridade principal já não é apenas o teor de proteína, mas sim a qualidade da proteína, sua biodisponibilidade e sua absorção no corpo, segundo a empresa de pesquisa. Por sua vez, a Hydrosol desenvolveu um sistema estabilizante para a produção de bebidas substitutas de refeições à base de leite. Além do alto teor de proteína, o sistema também contém fibras para proporcionar efeito de saciedade. Para complementar esse sistema, a empresa irmã SternVitamin desenvolveu um premix de micronutrientes que fornece vitaminas e minerais essenciais, cobrindo 30% da ingestão diária de referência, segundo as empresas.
Sabores nostálgicos
Reviver ou reinterpretar memórias culinárias da infância: De acordo com a Innova, a tendência “Tradição Reinventada” pode representar diferenciação cultural por país, região ou microrregião, ou ainda uma mistura de diferentes influências. Produtos, ingredientes, receitas, temperos e formatos de embalagem podem expressar tradições de forma clássica ou inovadora. Por exemplo, estão sendo formuladas novas ideias para preparações de queijo processado para passar no pão.
Inovações no sabor
Empresas estão apostando alto na ousadia para conquistar o paladar dos consumidores: doces recheados com sorvete, massas de biscoito de torta de limão ou shakes de proteína com croutons crocantes. A palavra de ordem é inovação extrema. Na tendência chamada “selvagemente inventiva” (wildly inventive), o foco está em oferecer experiências de sabor totalmente inesperadas — misturas de doce e picante, como os produtos “swicy” (sweet + spicy), fusões entre lanches e pratos principais, ou formatos inéditos como sorvete mochi com sabor de torta. Bebidas lácteas também entram nessa onda, com sabores ousados como chocolate com pimenta, pipoca caramelada, cheesecake com limão ou café com mel picante.
Produtos para a melhor idade
Os conceitos para a geração 55+, , são voltados para pessoas que priorizam boa forma, um estilo de vida ativo e, acima de tudo, boa nutrição. Um exemplo é a são modificações de produtos clássicos, como um molho tipo maionese que contém 20% de iogurte com redução de gordura. Seu enriquecimento com cálcio contribui para uma digestão normal e bom funcionamento intestinal. Também possui teor reduzido de gordura (18%) e é rica em fibras.
As informações são do Dairy Industries International, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint
Jogo Rápido
BOLETIM INTEGRADO AGROMETEOROLÓGICO Nº 19/2025 – SEAPI
Nos últimos oito dias, o Rio Grande do Sul foi caracterizado por baixos volumes de precipitação, com diversas áreas enfrentando mais uma semana de tempo seco e ausência total de chuvas. Na bovinocultura de leite, os produtores estão suplementando a alimentação com silagem, feno e concentrados proteicos para manter a produção leiteira. A qualidade do leite permanece estável, com teor de matéria seca e indicadores sanitários (células somáticas e contagem bacteriana) dentro dos parâmetros em grande parte das propriedades. Algumas áreas de cereais de inverno permitem o pastejo, embora o desenvolvimento geral ainda esteja irregular. Para os próximos dias são esperadas tempestades generalizadas com acumulados em alto volume para todo o Rio Grande do Sul. Na sexta-feira (09/05) as instabilidades deverão se amplificar sobre o estado, com acumulados podendo atingir volumes expressivos em todas as regiões. No sábado (10/05) às instabilidades poderão estar deslocadas para o nordeste do estado, restringindo as chuvas apenas em áreas do Litoral Norte, Serra e Região Metropolitana, em volumes inferiores aos dias anteriores. Para as demais áreas espera-se tempo estável de sol entre nuvens e temperaturas amenas em relação aos dias anteriores à passagem do sistema de instabilidade. No domingo (11/05), o tempo firme e seco deve predominar em todas as regiões. A tendência para o período entre os dias 12 e 14 de maio indica predomínio de tempo seco em praticamente todo o Rio Grande do Sul. Na segunda-feira (12/05), a atuação de um anticiclone migratório sobre o oceano Atlântico, nas proximidades do estado, manterá as condições estáveis, com céu aberto e temperaturas amenas. Entre terça-feira (13/05) e quarta-feira (14/05), o avanço da alta pressão poderá favorecer a formação de nuvens sobre o litoral gaúcho, não se descartando a ocorrência de chuvas isoladas e de baixo volume nesses setores. Nas demais regiões, o tempo seco deverá prevalecer, com elevação gradual das temperaturas ao longo dos dias. O prognóstico para os próximos sete dias indica a ocorrência de chuvas volumosas, especialmente concentradas na metade sul do Rio Grande do Sul. Os acumulados podem ultrapassar os 150 mm em áreas das regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Nas demais localidades da metade sul, os volumes devem variar entre 50 mm e 150 mm ao longo do período. Já na metade norte do estado, a previsão aponta para precipitações menos expressivas, com acumulados entre 10 mm e 50 mm. (Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária - SEAPI)