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25/05/2018

 
 

Porto Alegre, 25 de maio de 2018                                              Ano 12 - N° 2.743

 

NOTA OFICIAL SINDILAT
Sem cumprimento de liminares nem acordo em Brasília, coleta de leite cru para no RS

O Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do RS (Sindilat) lamenta a falta de coerência em fazer cumprir as decisões liminares obtidas na Justiça para a liberação das cargas de leite cru retidas em manifestação de caminhoneiros. Apesar dos esforços das empresas associadas para que seus caminhões chegassem aos 65 mil produtores gaúchos para coletar a produção diária e, mesmo de posse das liminares, poucos avanços foram obtidos. A falta de sensibilidade do comando de greve penaliza milhares de famílias que tiram sustento de tambos onde é impossível desligar as máquinas.

O Sindilat estima prejuízo de R$ 10 milhões por dia com a perda da produção estocadas nas propriedades. O valor não representa impacto apenas aos produtores e à indústria. A soma deixa de se reverter em poder de compra no varejo do Interior do Estado e em impostos para mais de 90% dos municípios gaúchos.

O sindicato e seus associados entendem as causas que motivam a greve. No entanto, o Sindilat e as indústrias por ele representadas exigem uma rápida solução do governo para o caso sob pena de levar o setor, que enfrenta uma das piores crises de sua história, ao colapso financeiro e ameaçar os 300 mil empregos por ele gerados. (Assessoria de Imprensa Sindilat)

 
NOTA ABERTA À POPULAÇÃO - FUNDESA

O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) respeita a realização do movimento dos caminhoneiros. Entretanto, vem relatar a grave situação que vem ocorrendo nos últimos dias no setor de produção de proteína animal no Rio Grande do Sul. A paralisação nas rodovias já provoca sérios problemas de alimentação de aves e suínos nas granjas. Não há milho e farelo de soja para a produção de ração, e nem mesmo é possível o transporte do alimento até às propriedades com animais alojados.

Entre as graves consequências da severa restrição alimentar estão o canibalismo, a falta de desenvolvimento dos animais e a mortalidade. A desnutrição dos animais alojados afeta diretamente o bem-estar animal e coloca em risco a sanidade, já que sem nutrição a imunidade cai, abrindo portas para enfermidades. Além disso, o correto descarte de resíduos de produção está impossibilitado, e pode provocar impacto ambiental. Na produção de leite já está ocorrendo descarte, pois não há o recolhimento e transporte do produto para industrialização.

O setor de proteína animal, que tanto contribui para a alimentação da população brasileira, a retomada econômica do país e com o desempenho da balança comercial, enfrenta no Rio Grande do Sul perdas diárias de receitasó nos setores de aves de mais de R$ 20 milhões, e de suínos de R$ 14 milhões.

As entidades integrantes do Fundesa pedem a abertura de diálogo e a sensibilidade das lideranças do movimento dos caminhoneiros no sentido de permitir o escoamento de milho e farelo de soja para as fábricas de ração, e da ração em direção às propriedades, bem como o transporte de cargas vivas entre unidades produtivas do sistema integrado. (Fundesa)

 
Brasil recebe da OIE certificado de livre de aftosa

O Brasil recebeu ontem da Organização Mundial da Saúde (OIE) o certificado que considera o país livre da febre aftosa com vacinação. O documento foi entregue pela diretora-geral da OIE, Monique Eloit, para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em cerimônia na sede da OIE, em Paris. Em comunicado, Monique afirmou que a certificação foi aprovada na terça-feira pela Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, que confirmaram o Brasil como uma zona ampliada livre da doença que acomete principalmente os rebanhos bovinos. O documento cita apenas 24 Estados e o Distrito Federal como unidades da Federação que receberam o reconhecimento sanitário. 

 
Mas o ministro Blairo Maggi esclareceu ao Valor que Santa Catarina - único Estado do país que tem o status de livre de febre aftosa sem vacinação - e Rio Grande do Sul já haviam sido certificados anteriormente pela OIE. "Finalmente recebemos nosso certificado de país livre de febre aftosa. Parabéns aos pecuaristas, servidores do Mapa [Ministério da Agricultura], governo federal, governos estaduais e aos milhares de anônimos que trabalharam nos últimos 60 anos ou mais para essa conquista. Parabéns Brasil", afirmou Blairo. O ministro disse que, com o certificado, os frigoríficos brasileiros terão mais chances de exportar para mercados mais rigorosos. Segundo ele, um desses casos é a China, que pode comprar carnes com osso e miúdos. A intenção do Ministério da Agricultura é, a partir de agora, buscar o status de livre de aftosa sem vacinação na OIE. Pelo cronograma da Pasta, esse status deverá ser obtido em 2023. (Valor Econômico) 
 
ELES NÃO PODEM DESLIGAR OS ANIMAIS

O desabastecimento nas cidades é a face mais evidente dos efeitos da mobilização dos caminhoneiros. Mas os prejuízos se multiplicam, em diversos segmentos. Ontem, agricultores do Rio Grande do Sul tiveram de colocar fora leite armazenado nas propriedades. Segundo o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS), cerca de 10 milhões de litros de leite deixaram de ser recolhidos, 80% do volume habitualmente coletado por dia.

Na propriedade familiar de Adriane Bertoldo, em Nova Bassano, 3 mil litros de leite tiveram de ser descartados depois de dois dias sem recolhimento do produto por parte da empresa para a qual fornece.

- Nosso resfriador tem capacidade para 3 mil litros. Quando encheu, nos obrigamos a colocar fora - lamenta a produtora, que tem 45 vacas holandesas, que somam produção diária de 1,5 mil litros.

Diariamente, os produtores ficam à espera de informações sobre se será ou não possível recolher o leite:

- Dependemos do caminhão para buscar a produção. E não é só o prejuízo do que a gente joga fora, tem mais a ração, a luz, várias coisas que se somam aos custos.

A produtora sofre duplamente com a paralisação. Além do leite, produz suínos. Os frigoríficos, igualmente afetados, não têm conseguido buscar os animais. Hoje, as empresas de aves e de suínos do Estado ficarão paradas.

- Ainda não dá para calcular o prejuízo, mas é grande e real - diz Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS.

Levantamento feito ontem contabilizava que, a cada dia de paralisação, 22 milhões de frangos, 150 mil suínos e 90 mil bovinos deixam de ser abatidos, só nas unidades com inspeção federal. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que ainda não havia ocorrido a liberação de cargas vivas em "vários pontos de parada do movimento de greve nas estradas". Há relatos de animais que estão há mais de 50 horas sem alimentação.

Em desabafo feito por meio de uma rede social, um produtor de leite do Estado afirmou:
- Vocês (caminhoneiros) desligam a chave dos caminhões, não têm mais gasto com nada. Eu não tenho como desligar as vacas. (Zero Hora) 

 

PRODUTO NÃO FICARÁ MAIS CARO
Uma das principais indústrias do Estado, a CCGL, com sede em Cruz Alta, no Noroeste, pode processar até 1,7 milhão de litros de leite, mas ontem trabalhava com 20% da capacidade. Hoje, poderá parar por completo. - A oferta estava estabilizada. Vendíamos o que produzíamos. Alguns pontos de venda ficarão sem o produto - avalia Caio Vianna, presidente da CCGL. O dirigente afirma que o consumidor final não será onerado. Na Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa, na Serra, o volume de leite recolhido era suficiente apenas para 12 horas de trabalho. A Lactalis estava com 90% da captação comprometida. - A tendência é de desabastecimento, sim - afirma Guilherme Portella, diretor de Comunicação Externa, Assuntos Regulatórios e Corporativos da Lactalis do Brasil. (Zero Hora)
 

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