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24/10/2016

 

Porto Alegre, 24 de outubro de 2016 .                                               Ano 10- N° 2.377

 

Setor lácteo alinha rumos da competitividade em Santa Maria

  

Fotos: Carolina Jardine

Elevar a competitividade do setor lácteo exige um trabalho orquestrado, que une planejamento e gestão profissional dos tambos a uma atuação forte por parte das indústrias para obtenção de produtos de alta qualidade em escala e capazes de acessar mercados cada vez mais exigentes. Como regente, o poder público tem o dever de, em conjunto com o setor, criar políticas públicas que garantam o equilíbrio necessário para assegurar competitividade ao setor, que gera renda a mais de 100 mil famílias e arrecadação a 467 dos 497 municípios gaúchos. A necessidade de união e ações concatenadas pelo bem coletivo foram a tônica dos debates do 2º Fórum Itinerante do Leite, realizado nesta segunda-feira (24/10), na UFSM, em Santa Maria (RS). Cerca de 450 pessoas, entre autoridades, lideranças do setor lácteo, acadêmicos, empresários e agricultores estiveram presentes no evento. Além do debate sobre o mercado, à tarde oficinas permitiram a avaliação técnica de diversas questões como inspeção, legislação, sanidade e gestão nas propriedades leiteras.

Durante o Fórum, o pesquisador Wagner Beskow cobrou avanços logísticos que permitam ao setor ser mais competitivo. Ele ainda defendeu empenho em qualificar os processos e manejo, principalmente com relação à alimentação animal, o que julga ser um dos grandes gargalos dentro da porteira.  "Nossa palavra de ordem tem que ser produtividade e eficiência", ressaltou.  O pesquisador da Embrapa Clima Temperado Darcy Bitencourt reforçou a necessidade de maior organização como estratégia para evitar a competição interna na cadeia produtiva. "Precisamos de lideranças que mudem essa história e se preocupem com o crescimento da cadeia", salientou.

Ao analisar o mercado, o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, referiu-se aos entraves criados pela importação descontrolada de leite pelo Brasil. "A competitividade começa na casa do produtor, em como posso ampliar o rendimento por vaca. Mas vivemos em uma economia globalizada que atinge o mercado e os preços", frisou.  "Altos e baixos são uma realidade da vida inteira no setor lácteo. Quando se fala em leite, não dá para olhar o mês, tem que se olhar o exercício. Quando se ganha tem que se guardar", sugeriu, contrapondo manifestação de produtores que reivindicam uma maior previsibilidade de valores a serem pagos. "A indústria não quer baixar o preço, mas seguimos a lei da oferta e da procura, até porque vivemos em uma economia globalizada", completou Guerra.
A necessidade de parâmetros de preço e incentivos fiscais também foi alvo da manifestação do secretário-geral de Fetag, Pedrinho Signori.  Segundo ele, o desequilíbrio da cadeia produtiva desanima o produtor, que vive com picos de preço. "Precisamos de um maior equilíbrio. Não podemos entregar o leite e receber 40, 45 dias depois sem saber quanto. Isso desestrutura muito os tambos. O sucesso do campo está relacionado à sucessão rural. O jovem só vai ficar na propriedade se tiver resultado. Precisamos equilibrar a cadeia".

O diretor da Farsul e presidente da Aliança Láctea Sul Brasileira, Jorge Rodrigues, ainda reforçou a importância de se estabelecer normas factíveis ao produtor, diferente da IN 51, que mudou de nome, mais ainda é de difícil cumprimento. Rodrigues sugeriu a adaptação das exigências em relação à CCS aos padrões norte-americanos. A Aliança Láctea ainda está trabalhando com a equiparação de fiscalização dos três estados do Sul e em um plano de fidelização entre o produtor e a indústria, o que pode acontecer por meio de um contrato, por exemplo.
 
Durante manifestação em Santa Maria, o procurador do Ministério Público, Alcindo Bastos, informou que a Operação Leite Compensado deve ser levada a outros estados do Brasil.  A proposta é uma forma de corrigir a penalização do leite gaúcho que, sendo o mais fiscalizado, também acabou tendo um maior número de denúncias deflagradas. 

O 2º Fórum Itinerante do Leite foi uma realização do Sindilat, do Sistema Farsul, da Fetag e do Canal Rural, com apoio institucional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (Assessoria de Imprensa Sindilat)

 
 
Uruguai: faturamento das exportações caiu 7% até setembro

Até agora nesse ano (janeiro-setembro), o faturamento das exportações de lácteos do Uruguai foi de US$ 422 milhões, 7% a menos que no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Instituto Nacional do Leite do país (Inale). Embora sigam caindo os preços de todos os produtos com relação ao ano anterior, as exportações de leite em pó integral e queijos são maiores do que as registradas no ano passado.

No caso do leite em pó integral, as receitas no período de janeiro a setembro foram de US$ 252,5 milhões (+27%), com um volume de 103.595 toneladas (+51%). No caso dos queijos, foram exportadas 27.055 toneladas (+28%) com um faturamento de US$ 89 milhões (-8%).

Com relação a dezembro do ano passado, em setembro houve uma melhora nos preços recebidos de todos os produtos, no caso do leite em pó desnatado foi de 49%, da manteiga, 17%, do leite em pó integral, 13%, e do queijo, 12%.

Por outro lado, em setembro deste ano, os preços dos queijos exportados pelo Uruguai aumentaram 5% com relação a agosto, ficando em média em US$ 3.929 por tonelada. Os preços recebidos pela Oceania também aumentaram 15% com relação ao mês anterior, ficando em US$ 3.581 por tonelada.

No caso do preço médio do leite em pó integral exportado pelo Uruguai, em setembro aumentou 4% com relação a agosto, ficando em US$ 2.653 por tonelada. No entanto, os valores de exportação desse produto da Europa (do norte) e da Oceania aumentaram 11% e 17%, ficando em US$ 2.888 e US$ 2.869, respectivamente. (Informações são do Tardaguila.com.uy, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

Produtores de leite australianos descartam milhares de litros de leite

Os produtores de leite de Western Australia estão descartando milhares de litros de leite no ralo à medida que o excesso de oferta global os força a deixar suas terras. Produtores de leite no sudoeste do estado estão encerrando as atividades visto que processadoras como Brownes Dairy e Harvey Fresh terminaram seus contratos.

 

Graham Manning descartou 16.000 litros de leite e 156 anos da história da família à medida que o excesso de produtos lácteos e a queda na demanda da Ásia e da Europa interferiram  no seu sustento. Ele, que é da quinta geração de produtores, está se preparando para vender suas vacas e a fazenda em Harvey, sul de Perth. Seu contrato de dois anos com a Brownes expirou em 30 de setembro.

Os produtores Dale Hanks e Tony Ferrano também perderam seus contratos. A Harvey Fresh comprou o volume de duas semanas de leite de três produtores, após o fim do contrato da Brownes, mas isso terminou nesta semana.

 

O presidente do conselho de lácteos que representa os produtores de Western Australia, Michael Partridge, criticou as companhias de lácteos pela forma como estão lidando com o excedente de lácteos. "Esses três produtores assumirem o peso do problema da indústria no momento é absolutamente repugnante. Precisamos nos certificar de que isso não acontecerá com outros. Há outras formas de equilibrar e controlar a oferta de leite".

Brownes não quis comentar, mas citou um post no Facebook de 23 de setembro. "Em Western Australia, enfrentamos uma situação sem precedentes, onde nossa oferta de leite está maior do que a demanda dos mercados locais e de exportação combinados", diz o post.

 

Mais cinco produtores rurais do sudoeste de Western Australia enfrentam um futuro incerto à medida que os contratos da Harvey Fresh terminam em janeiro. No começo desse ano, a Brownes e a Harvey Fresh disseram a nove produtores rurais no sudoeste do Estado que seus produtos não eram mais requeridos, devido ao excesso de oferta de leite.

Em maio, o diretor gerente da Brownes, Tony Girgis, disse que a Western Australia estava produzindo 390 milhões de litros de leite por ano, mas somente 310 milhões de litros estavam sendo consumidos. Ele destacou que venderia 250 vacas e pararia a produção de mais 100. "É um momento muito difícil, mas temos que passar por ele. Não podemos pensar muito sobre nós mesmos, é importante para nós lidar com essas vacas". (As informações são do Dailymail.co.uk, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 

Processos de certificação no setor lácteo pautam encontro com produtores franceses
A experiência para alcançar certificações no setor lácteo foram debatidas na última quinta-feira (20), durante encontro de representantes do setor leiteiro e da missão governamental que está na Europa. O encontro ocorreu na Casa do Leite, em Paris. Conforme o coordenador técnico da Famurs (Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul), Mário Ribas do Nascimento, a ideia é promover a troca de experiências para que o estado avance neste setor. A proposta visa levar técnicos franceses ao estado e aperfeiçoar os processos para a obtenção de certificações como as de denominação de origem e indicação de procedência. A França é considerada a maior potência agrícola da Europa. O governo tem uma política forte de subsídios aos produtores, evitando o êxodo do campo para as grandes cidades. A união das cadeias produtivas garante os títulos de país com os melhores queijos, melhores vinhos e melhores mostardas. Isso faz com que o produtor ganhe mais credibilidade, poder de negociação e marketing. O selo é concedido pelo Instituto Nacional de Origem e Qualidade (INAO, na sigla em francês). Na reunião, representantes da Sodiaal - cooperativa dos produtores de leite e derivados francesa - manifestaram interesse de expandir negócios e investir no Rio Grande do Sul, informou Nascimento. Recentemente, a marca adquiriu unidades em Minas Gerais para a produção de lácteos. Estiveram presentes ao encontro o presidente da Famurs, Luciano Pinto, e o coordenador da Rede Gaúcha de Incubadoras e Parques Tecnológicos, Artur Gibbon. (Informações são do Governo do Rio Grande do Sul)
 

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