Porto Alegre, 08 de setembro de 2016 . Ano 10- N° 2.347
Liderados pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, empresários e representantes do setor primário brasileiro deram início nesta semana à agenda de reuniões na tentativa de galgar novos mercados para a produção agropecuária brasileira na Ásia. A programação começou na terça-feira (6/9) pela Coréia do Sul, onde o ministro pontuou que o objetivo principal da missão é "estimular a indústria a se aventurar mundo afora". "A grande maioria aqui já faz isso, mas precisamos trazer mais gente, estimular o brasileiro a viver no mundo moderno e não esperar muito dos governos", salientou. Um dos estreantes a se lançar nesse novo mercado é o setor lácteo gaúcho, que está representado na comitiva pelo secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. "Estamos debutando no mercado asiático, um continente que importa US$ 600 milhões em lácteos, o que representa US$ 20 per capita. O Brasil tem participação com apenas 0,17%. Há um grande mercado a ser atingido e estamos trabalhando na busca de novas tecnologias para elevar ainda mais a qualidade de nossos produtos. Sabemos que, sem isso, ficamos limitados no acesso desses novos mercados", salientou Palharini. E, dirigindo-se ao embaixador brasileiro Luis Fernando Serra, garantiu: "o setor lácteo gaúcho vai bater muito a sua porta". A pretensão do Brasil é ampliar as exportações do agronegócio como uma estratégia para enfrentamento da crise e elevar a participação do país nas importações da Coreia do Sul (hoje em US$ 1,2 trilhão) de 6,9% para 10%.
Maggi lembrou que o governo faz a parte oficial para abertura de mercados, mas que quem cria as condições necessárias são os empresários. "É preciso entender que nada se colhe de um dia para o outro e que é difícil sair daqui com pedido debaixo do braço. O que vamos fazer é plantar, conquistar mentes e corações e nos disponibilizarmos a estar aqui sempre que preciso e convidar para que eles conheçam nossa produção", alinhou, indicando a tônica que norteará a missão, que ainda tem no roteiro China e Tailândia. Nesta quarta e quinta-feira (8 e 9/9), a missão governamental brasileira está em Hong Kong. E lembrou que diversos setor do agronegócio vêm investindo pesado para aprimorar sistemas de qualidade para que os produtos cheguem às gôndolas dos supermercados com o máximo de segurança possível, citando fumo, maçã, queijos, café e carnes. "Temos que confiar na responsabilidade do empresário brasileiro que, em parceria com o Mapa e os produtores, irá muito firme para o mercado internacional", disse. "O Brasil vive uma crise gigante e a alternativa que temos para sair mais rápido é a agricultura e a pecuária, setores em que a resposta é sempre muito mais rápida. Adoro que o Brasil faça carros, mas o mercado que vai reagir mais rápido será o nosso", pontuou o ministro, justificando o porque de uma longa viagem de cerca de 30 dias à Ásia neste momento.
A Coréia do Sul é um dos sete países que pertence ao clube dos 50-20, ou seja, grupo de nações que tem mais de 50 milhões de habitantes e 20 mil dólares de renda per capita. O país tem atualmente 50 milhões de habitantes e U$$ 30 mil de renda per capita. Isso representa um PIB de US$ 3,5 trilhão, o que coloca a Coreia como a 11ª potência do mundo. O país vive um momento de retomada depois de 20 meses de queda nas exportações. O consenso entre os empresários que participam da comitiva é que existe um mercado com potencial enorme, porém, que adota duras estratégias de proteção nos segmentos onde existe produção interna. Um exemplo claro vem sendo evidenciado com as carnes. Enquanto a carne suína tramita na sexta etapa de oito para abertura de mercado, o processo para carne bovina segue na fila, confirmando que, em se tratando de Coreia do Sul, as negociações ocorrem para um segmento de cada vez. No entanto, há interesse da Coreia do Sul de estabelecer um acordo de livre comércio com o Mercosul. O empresariado alerta que a negociação entre os governo brasileiro e sul-coreano deve atentar para as barreiras não-tarifárias (sanitárias, técnicas e burocráticas), que devem ser tratadas antes de qualquer acerto formal. O temor é que a abertura do mercado nacional não tenha a contrapartida esperada frente ao histórico de rigor para as liberações do país asiático. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
A empresa francesa Lactalis, do ramo lácteo, vai investir 40 milhões de reais na unidade de Ijuí, que foi adquirida da BR Foods. A confirmação ocorreu ontem, 01, em ato com presença do governador José Ivo Sartori e vice, José Paulo Cairoli. O prefeito de Ijuí, Fioravante Ballin, e o prefeito de Condor, José Francisco Candido, também participaram.
No total, a Lactalis fez anúncio de investimento de 120 milhões de reais no Rio Grande do Sul. O presidente da Lactalis para a América do Sul, Patrick Salvageaut, disse que o investimento em Ijuí é para aumentar a capacidade da indústria. Além disso, informou que o queijo President, uma das marcas nobres da Lactalis, vai ser produzido em Ijuí. A base de captação de Ijuí já é a maior da Lactalis. 60% do leite produzido no Estado estão nas regiões de Ijuí e Santa Rosa. (Rádio Progresso de Ijuí)
Cenário instável no mercado leiteiro
O preço do leite ao produtor subiu no pagamento de agosto, referente à produção de julho, atingindo os maiores valores históricos. A média nacional ficou em R$1,232 por litro, sem o frete, segundo levantamento da Scot Consultoria. Em relação a agosto do ano passado, a alta é de 26 %, em valores nominais.
Cenário geral - O tom do mercado, porém, é de baixa, com quedas desde julho no mercado spot e no preço do leite longa vida no atacado (principal fator de baixa do mercado). A produção em alta desde junho colabora com este cenário, mas cabe destacar que os volumes captados seguem abaixo de 2015, que já foi um ano de queda na produção.
Preços - Para o pagamento de setembro (produção de agosto), 19% dos laticínios pesquisados acreditam em alta dos preços do leite ao produtor (todos no Nordeste), 35% falam em manutenção e os 46% restantes acreditam em queda no preço do leite. Para outubro, o mercado segue em baixa, com a maioria das indústrias estimando queda do leite ao produtor.
No mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias, os preços do leite caíram fortemente, saindo de um patamar de R$2,00 por litro no final de julho e começo de agosto, para os atuais R$ 1,70, em média, por litro em São Paulo e R$1,66 por litro em Minas Gerais. A expectativa é de queda também nos preços dos lácteos no atacado e varejo. (Scot Consultoria)
Analistas estimam lenta desaceleração do IPCA em agosto
Depois de voltar a superar 1% em julho, os preços dos alimentos perderam força ao longo de agosto, principalmente por causa das altas menores de feijão e do leite. Ainda assim, dizem economistas, o ritmo de desinflação continua bastante lento, o que tem mantido o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em nível elevado para essa época do ano. De acordo com a média das projeções de 26 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o IPCA cedeu para 0,43% em agosto, após alta de 0,54% no mês anterior. No mesmo período do ano passado, quando o grupo alimentação e bebidas estava em deflação, o IPCA subiu 0,22%. As projeções para o índice oficial de preços, a ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, vão de aumento de 0,35% até 0,48%. Com a variação de alimentos ainda alta para esse período do ano, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses deve acelerar, ao passar de 8,74% em julho para 8,97% em agosto. Para Leonardo Costa, economista da consultoria Rosenberg Associados, o IPCA subiu 0,45% em agosto, com importante descompressão dos alimentos e bebidas. Em julho, esse grupo aumentou 1,32%, a maior variação desde janeiro. Para agosto, diz, a expectativa é que os preços desacelerem para 0,7%. "Mas para esse período do ano, esse ainda é um número alto. Os alimentos estão perdendo força em um ritmo bem mais lento do que a gente imaginava", afirma Costa. O leite, por exemplo, ainda vai ter um avanço expressivo, de 5,71%, nos cálculos do economista da Rosenberg.
Mesmo assim, a variação será metade da observada no período anterior, quando esse item registrou aumento de 10,48%. Os cereais, leguminosas e oleaginosas, no qual estão o feijão e o arroz, outros produtos que têm pressionado o índice oficial de preços, devem ceder de 17,51% em julho para um aumento de 2,96% no mês passado, afirma Costa. Para setembro, estima o economista, é possível que enfim haja surpresa positiva com os alimentos, já que no atacado os itens que mais incomodaram nos últimos meses têm mostrado tendência de baixa. Nas contas do banco Itaú, que estima alta de 0,4% do IPCA em agosto, os alimentos e bebidas ainda representaram a principal fonte de pressão para a inflação no mês passado com uma contribuição de 0,11 ponto percentual. Saúde e cuidados pessoas aparecem em seguida, com 0,1 ponto percentual. As despesas pessoais devem ter contribuído com mais 0,09 ponto do índice. Segundo Costa, da Rosenberg, despesas pessoais devem registrar alta forte, como já visto na prévia do indicador, principalmente por causa da alta dos preços de hotéis no Rio de Janeiro no mês passado, em função da realização dos Jogos Olímpicos. No IPCA¬15 de agosto, esse grupo registrou alta de 0,85%.
Ainda entre os grupos que vão acelerar na passagem mensal, observa o economista, está habitação, que deve ter passado de deflação de 0,29% para alta de 0,09% no período, com o fim dos efeitos da queda da conta de luz em São Paulo e Curitiba em julho. Além disso, ressalta o Bank of America Merrill Lynch (BofA), o aumento sazonal de educação, com os reajustes de mensalidades escolares de cursos diversos, também manteve o IPCA de agosto elevado. O banco projeta aumento de 0,43% para o índice no período. Costa avalia que, apesar do processo de desinflação estar se mostrando bem mais lento do que se imaginava, o IPCA deve começar a perder fôlego mais rapidamente no último trimestre do ano, principalmente por causa das taxas elevadas registradas nesse período em 2015. Por isso, afirma apesar das surpresas negativas nos últimos meses, a Rosenberg Associados mantém a estimativa de alta de 7,5% do índice em 2016. (Valor Econômico)
A incerteza quanto ao mercado leiteiro no Rio Grande do Sul é uma constante e a previsão não é boa para o produtor. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Augusto Pestana, Remi Beck, se continuar o atual cenário, num período de 4 a 5 anos haverá poucos agricultores na produção de leite. Isso ocorre, principalmente, pela pouca lucratividade do produtor, baixa do preço pago por empresas e alta nos custos. Remi Beck alerta que após razoável aumento de preço repassado para os produtores nos últimos meses, já agora, em setembro, existe previsão de queda que pode chegar a 25 centavos o litro. Na região de Ijuí, Remi Beck destaca que alguns agricultores chegaram a receber 1 real e 95 centavos o litro, mas muitos tiveram entre 1 e 30 e 1 real e 40 centavos. (Rádio Progresso de Ijuí)