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27/07/2016

Porto Alegre, 27 de julho de 2016                                                Ano 10- N° 2.318

 

Mapa confirma desburocratização de normas e regulamentos
 
Crédito: Noaldo Santos
O Ministério da Agricultura (Mapa) deu início ao processo de desburocratização dos regulamentos internos, entre eles questões relativas à inspeção. Reunido com lideranças do setor leiteiro em Brasília nesta quarta-feira (27/7), o ministro Interino da Agricultura, Eumar Novacki, informou que, já na primeira quinzena de agosto, o Mapa deve apresentar soluções para o projeto com vista à redução de portarias, instruções normativas e ofícios que regem as operações do setor agropecuário. Uma segunda leva de simplificação de processos deve vir na primeira quinzena de setembro, sinalizou o dirigente.
A medida atende a pedido do setor leiteiro que, há anos, trabalha o assunto junto ao governo federal. A alegação é que diferentes processos, normativas e regulamentações travam e complicam o processo industrial e produtivo, burocratizando as ações dos laticínios. Segundo o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, que representou a indústria gaúcha no encontro em Brasília, a sensação é que a solução está próxima. "O Ministério da Agricultura está com uma política mais célere para encaminhar as demandas dos setores produtivos".
No encontro, Palharini pontuou a relevância de revisar a questão da Portaria 05/1983, que trata, entre outros pontos, do leite com baixa acidez. Atualmente, os laticínios não podem recolher o leite com acidez inferior a 14°D ou superior a 18°D. Contudo,  a portaria permite o uso dessa matéria-prima para fabricação de alguns produtos. Pelo regramento atual, por exemplo, cargas acima de 20°D podem ser utilizadas para fabricação de leite em pó industrial. Outra questão importante, alerta, é que a definição do termo "fisiologicamente anormal", que limita o processamentos do leite conforme a portaria 5, tenha uma definição clara de forma a munir a indústria de informações precisas sobre o que está ou não está previsto no novo regramento. 
O dirigente ainda pediu que o Ministério da Agricultura ajude a viabilizar o acesso do setor industrial aos dados compilados pela Rede Brasileira de Laboratórios. As informações, destacou Palharini, são essenciais para auxiliar no desenvolvimento e melhoria constante dos processos produtivos. "O Rio Grande do Sul tem o leite mais fiscalizado do país. Precisamos mostrar isso ao consumidor", frisou. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
 
 
Empresários senegaleses prospectam parceria com indústria gaúcha
 

 Crédito: Isadora Osório
Empresários senegaleses apresentaram proposta de parceria com a indústria leiteira gaúcha, nesta terça-feira (26/7), na sede do Sindicato da Indústria de Laticínio do RS (Sindilat). Visando a troca de tecnologia, informação e experiência, os representantes da comitiva relataram os principais problemas daquele país no setor, como a falta de produção e tecnologia precária, e manifestaram grande interesse em aprender sobre produção com os gaúchos.
 
A reunião teve como assunto principal as oportunidades de negócios. Os senegaleses questionaram como poderia ser feita uma cooperação entre a indústria leiteira gaúcha e senegalesa e quais os produtos poderiam ser exportados para lá. O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, afirmou que todo mercado  interessa à indústria gaúcha, já que somos um estado exportador. Quanto ao intercâmbio tecnológico, lembrou que é necessário, primeiro, construir o convênio com o governo do  Estado  para, após, averiguar de que modo seria formatada essa cooperação. Guerra colocou o Sindilat à disposição dos empresários para esclarecimentos.
 
A proposta tem incentivo do governo senegalês, que propõe a ida de profissionais brasileiros para o país africano para realizar esse intercâmbio de estudos, pesquisa, tecnologia, produção e comercialização. Na reunião, a ideia debatida foi a de firmar, primeiramente, um acordo entre os governos, para que assim, em um passo adiante, possa ser fechada parceria com as indústrias do Estado. 
 
Estavam presentes no encontro o diretor da Seapi, Antonio Ferreira; o diretor geral da Seapi, André Pedtry: a gerente comercial da CCGL, Michele Selbach; o gerente industrial da Cooperativa Languiru, Lauri Reinheimer; o diretor da GTR, Abdou Lahad Lo; o coordenador da GTR, Mawadou Ndiaye, e o presidente da Associação dos Senegal, Mor Ndiaye. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
 
 
LCA ganha peso na estratégia de crédito do governo federal

Com a situação fiscal ainda crítica, uma taxa básica de juros elevada e margem de manobra cada vez menor para arcar com subsídios, o governo aposta todas as fichas nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) como fonte de recursos complementares para financiar o agronegócio. Sem alternativas capazes de gerar resultados no curto prazo, a ideia é facilitar e ampliar o uso desses títulos e tirar um pouco do peso das tradicionais fontes que alimentam o crédito rural no país ¬ depósitos à vista e poupança rural, que já dão mostras de estrangulamento. Num mundo ideal, diz uma autoridade graduada da equipe econômica, a Selic seria baixa o suficiente para desidratar de vez a dependência dos agropecuaristas do crédito rural com juros subsidiados ¬ fixados, em média, em 9,5% nesta safra 2016/17, que começou em 1º de julho. Mas com a taxa básica ainda em 14,25% e distante de um nível mais palatável até onde a vista alcança, não restam muitas opções a não ser perseguir mudanças nas regras de direcionamento das LCAs e torná-las logo mais populares e acessíveis não só entre os grandes produtores. De acordo com dados do BC, o saldo da poupança rural em junho caiu 1,6% em relação à posição de dezembro, para R$ 145 bilhões. Já os depósitos à vista diminuíram 16%, na comparação, para R$ 24 bilhões. "Corremos o risco de, em algum momento, a agricultura ficar muito maior que essas duas fontes", alerta a fonte da equipe econômica do presidente interino Michel Temer. 

No ano-safra 2015/16, que terminou em 30 de junho, as LCAs, mesmo tendo rendido para o crédito rural bem menos que os R$ 30 bilhões projetados, já chamaram bem mais atenção no mercado. Os desembolsos atrelados à emissão desses títulos alcançaram R$ 15,1 bilhões, acima dos R$ 15 bilhões com juros controlados do BNDES. Assim, passarem a ocupar a terceira posição no ranking de funding rural, atrás dos depósitos à vista e da poupança (ver infográfico). Para isso, o governo promoveu alterações nas regras de direcionamento dos recursos provenientes das letras. Determinou, por exemplo, que 50% do valor das emissões pelos bancos com lastro em outras operações de crédito a juros controlados fosse destinado a financiamentos agrícolas. A ideia era elevar o percentual para 100% em 2016/17, mas nem tudo correu como o governo gostaria e houve problemas de operacionalização que prejudicaram a demanda pelos recursos. 
 

Assim, ficou definido que para a safra 2016/17 35% das captações dos bancos com esses títulos teriam que alimentar o crédito rural, e que 14 pontos percentuais desses 35% seriam ofertados com juros de 12,75% ao ano. Com as mudanças, o BC estima que as emissões de LCAs resultarão em cerca de R$ 10 bilhões ao setor do agronegócio. Um passo atrás para que dois passos adiante possam ser dados, lembrando que o título foi criado em 2004 justamente com a pretensão de torná-lo a principal fonte de financiamento da produção agropecuária brasileira no longo prazo. Na carteira do Banco do Brasil, que lidera os desembolsos de crédito rural no país, as LCAs emitidas nos últimos anos representam R$ 135 bilhões, e o título já é, desde 2012, a segunda maior fonte de recursos para o campo. O BB avalia que os financiamentos a partir das LCAs com taxas de 12,75% deverão atingir R$ 6 bilhões em 2016/17 e que a base de produtores atendidos vai se pulverizar e crescer. "Temos grandes expectativas de alocar um volume bem significativo, e o governo também está de olho em novas regulamentações", afirma o diretor de Agronegócios do banco, José Carlos Reis. Mas há ressalvas. "A ideia de direcionar as LCAs faz sentido, mas a capacidade de oferecer crédito a juros controlados a partir dessa fonte é pequena", adverte André Nassar, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura na gestão de Kátia Abreu, que entregou o cargo quando a presidente Dilma foi afastada. Mas ele concorda que o governo não tem margem para incrementar o crédito disponível, até porque os percentuais de exigibilidade dos depósitos à vista (34%) e da poupança rural (74%), origens dos recursos para o crédito rural, já são muito altos. Por outro lado, a pressão fiscal é intensa e o governo não tem espaço para aumentar as subvenções. 

Nesse contexto, a Câmara Setorial do Crédito Rural do Ministério da Agricultura já traçou um plano para cobrar do governo regulamentações e políticas de fomento a novas fontes de financiamento ao setor, inclusive subsídios aos prêmios de contratos de opção. Ivan Wedekin, que também já foi secretário de Política Agrícola da Pasta e preside a câmara, afirma que, apesar de o Plano Safra continuar cumprindo seu papel, os desembolsos de crédito rural já "bateram no teto" e não conseguem superar a barreira dos R$ 166 bilhões registrados na safra 2015/16. Além da ampliação das apostas nas LCAs, Wedekin defende a desburocratização de títulos como o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócios (CDCA), que pode ser emitido por empresas e cooperativas e que atualmente gera apenas R$ 2 bilhões. Outra ideia que já amadureceu, segundo ele, é permitir que investidores estrangeiros apliquem seus recursos em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) referenciados em dólar. As discussões estão sendo acompanhadas pelo ministro Blairo Maggi ¬ que, no entanto, tem outras prioridades no momento. "A diversificação de fontes está no meu radar, mas acho que se tivermos uma saída pelo seguro rural de renda primeiro, vamos resolver o problema do financiamento", disse ele antes de viajar aos EUA para acertar a liberação do comércio bilateral de carne bovina in natura. (Valor Econômico)
 

Capitação de leite pelas indústrias caiu 13,9% no primeiro semestre
No primeiro semestre, a captação chegou a 762,71 milhões de litros, quando, em igual período do ano passado totalizou 885,41 milhões de litros. Em junho, a produção das fazendas que chegou às fábricas alcançou 129,8 milhões de litros, enquanto, um ano atrás, o volume foi de 162,14 milhões de litros. Na comparação mensal, apenas em janeiro, o volume mensal capitado este ano superou o volume do mesmo mês de 2015. A queda na produção de leite começou em 2014, quando foi registrado 0,2% menos que no ano anterior. Em 2015, a redução foi de 2%, segundo dados do Inale. O Inale também divulgou o preço do leite ao produtor, que chegou à média de 8,06 pesos/litro no mês de junho passado. Em maio, o preço médio foi de 8,11 pesos/litro, e em junho de 2015 o preço foi de 7,90 pesos/litro. Em dólares, o preço médio pago ao produtor foi de US$ 0,262/litro, com o câmbio a 30,78 pesos/US$. Um ano atrás, o preço médio ao produtor foi de US$ 0,29/litro, com a cotação média do dólar em 26,85 pesos. A comparação com o mês de junho do ano passado, mostra aumento de 2% no preço médio em pesos, mas, queda de 11% em dólares, segundo o Inale. (El Observador - Tradução Terra Viva)
 

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