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Chuva reduz captação de leite em 6,5% no RS

 

Produtor Gelsi Belmiro Thums, em Carlos Barbosa./ Crédito: Stefani Thums

 

Os fortes temporais que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas e a chuva constante têm prejudicado em cheio a produção leiteira gaúcha. Segundo levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) entre seus associados, as indústrias estão captando, em média, 6,5% menos leite, o que representa um queda de 850 mil litros de leite/dia em relação à média estadual de 13 milhões de litros/dia. “A situação está difícil. Se as chuvas persistirem, podemos chegar a ter uma redução de produção mensal da ordem de 25 milhões de litros”, pontuou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. A preocupação é compartilhada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), Carlos Joel da Silva. Ele informa que a chuva não está deixando as pastagens se desenvolverem no Interior.

Uma das propriedades atingidas é a de Gelsi Belmiro Thums, na localidade de Santa Clara Baixa, interior de Carlos Barbosa (RS). Com as chuvas dos últimos três meses, ele viu a produtividade média das 24 vacas cair de 35 litros/dia para 30 litros/dia e os custos aumentarem. Cooperado da Santa Clara há 39 anos, ele conta que o solo ficou encharcado, prejudicando o desenvolvimento do azevém cultivado para alimentar o gado no inverno. Sem pasto, a alternativa foi ampliar a oferta de ração, silagem e feno aos animais, o que elevou os custos com alimentação. Além disso, diz o produtor, que entrega cerca de 10 mil litros à cooperativa por mês, sem a pastagem, a produção também fica menor. “Estamos enfrentando dificuldades com esse clima desfavorável. Há vezes que chove 200 milímetros e, quando o solo começa a secar, chove novamente. O azevém está apodrecendo embaixo da água e ainda temos pouca luminosidade”, conta, lembrando que o próprio pisoteio das vacas sobre o solo molhado acaba agravando a situação. Além do aumento do gasto com ração, o produtor calcula que, computando despesas adicionais com combustível e energia, o custo de produção teve um incremento de 35% em 2015.

Para os próximos meses, a tendência nos tambos é de cautela. Apesar do preço do leite ao produtor vir se mantendo estável, Thums teme queda da rentabilidade, o que pode fazer muitos criadores cortarem até mesmo a ração dos animais. “Aí fica pior ainda. Vai ter muita gente parando. Produzir vai ficar muito caro”, alertou.

As dificuldades climáticas ainda devem atingir a produção no verão. Isso porque, mesmo que as chuvas deem uma trégua, muitos produtores estão com o plantio das lavouras de milho destinadas à confecção de silagem atrasado. Processo esse que também está mais caro. Produtores indicam para aumento de 45% no custo da produção da silagem. Sem contar as perdas de quem já semeou. Só na propriedade de Thums, 90% de uma área de um hectare cultivada com aveia que seria destinada à alimentação de animais já foi perdida. “Isso representa um prejuízo de R$ 1,5 mil”, calcula.

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