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02/06/2017

 

Porto Alegre, 02 de junho de 2017                                              Ano 11- N° 2.512

 

Safra de leite mais 'justa' no Sul tende a sustentar preços 

Problemas climáticos no período de formação das pastagens de inverno, preços baixos no ano passado e concorrência com culturas mais rentáveis como soja e milho estão reduzindo a produção de leite no Rio Grande do Sul, segunda maior bacia leiteira do país. Além da oferta menor, a safra também tende a atrasar, o que deve manter os preços sustentados em nível nacional. Isso porque a produção do Sul costuma amenizar a escassez durante a entressafra no Sudeste e Centro¬Oeste, quadro que está mais grave neste ano. O presidente do Conselho Estadual do Leite (Conseleite¬RS), que reúne entidades de produtores e indústrias, Jorge Rodrigues, estima que a produção gaúcha no acumulado até maio ficará cerca de 20% menor do que no mesmo período de 2015. 

 
De acordo com ele, os volumes de junho e julho também devem permanecer abaixo do normal por conta do atraso das pastagens. Conforme o IBGE, as indústrias no Rio Grande do Sul adquiriram 1,373 bilhão de litros de leite cru no Estado de janeiro a maio de 2015. Em junho e julho foram mais 590,7 milhões de litros. O Estado é o segundo maior produtor nacional de leite, com 3,488 bilhões de litros vendidos para a indústria em 2015, atrás de Minas Gerais, com 6,440 bilhões de litros. Rodrigues afirma que os preços aos produtores não acompanham o aumento dos custos há dois anos, e a tendência deve persistir nos próximos meses. Por isso, a soja ocupou áreas de pastagens devido à melhor rentabilidade. Segundo ele, o preço de referência do produto padrão foi de R$ 0,9886 por litro em abril e deve avançar para R$ 1,0091 em maio. "Estamos abaixo da média [de produção] no segundo trimestre, e a dificuldade deve se manter no terceiro", diz o assistente técnico estadual de leite da Emater¬RS, Jaime Rias. Segundo ele, o desestímulo gerado pela redução (deflacionada pelo IGP¬M) de 9,7% nos preços médios ao produtor apurados pela entidade em 2015, soma¬se à alta dos custos com insumos como fertilizantes, e também do milho e farelo de soja usados na ração para o gado leiteiro. 
 
Para o consumidor, a alta nos preços do leite UHT nos supermercados gaúchos chegou a 30% desde o início do ano, para cerca de R$ 2,70 o litro, calcula o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindilat¬RS), Alexandre Guerra. Rias diz que o excesso de chuva e de geadas no outono prejudicou a formação das pastagens de azevém e aveia, típicas de inverno, e algumas áreas serão ocupadas por lavouras de milho em julho e agosto, o que sinaliza problemas mais adiante. Valter Galan, analista da MilkPoint, consultoria especializada em mercado de lácteos, acrescenta que houve menor disponibilidade de sementes para o plantio das pastagens este ano. Essa escassez é decorrência do excesso de chuvas em abril de 2015, que levou ao alagamento de algumas regiões de plantio no Sul. Agora, as áreas de pastagens plantadas em abril deste ano enfrentam escassez de chuvas em alguns regiões e excesso em outras, segundo Galan. "Deve haver um comprometimento da produção das pastagens", diz. Outro fator que pode afetar a oferta de leite na região Sul são os preços altos do milho que desestimulam o investimento, pelos produtores, na ração para o gado. 
 
Diante desse cenário, diz o analista, a produção na safra de leite do Sul não deve ser tão grande quanto se imaginava. "Normalmente, o pico de preços do leite [no país] acontece em maio e junho e a partir de julho começa a cair. Mas, este ano, os preços mais altos tendem a se sustentar". Com a menor produção local de leite e os baixos preços internacionais, as importações de leite em pó pelo Brasil subiram 26,8%, para 35,7 mil toneladas de janeiro a abril deste ano, segundo o Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro¬RS), Paulo Pires, essa é mais uma "ameaça" que pode desestimular os produtores gaúchos. (Jornal Valor Econômico)
 
 

Fundo americano Arlon compra 20% da Betânia

Pouco menos de um mês após o anúncio da entrada da suíça Emmi no setor de lácteos brasileiro, outro negócio nessa área envolvendo capital estrangeiro acaba de ser fechado no país. O fundo de investimentos americano Arlon Latin America Partners comprou 20% de participação na CBL Alimentos, dona da marca Betânia, que tem sede em Fortaleza (CE), por valor não revelado.

Fontes do setor de lácteos estimam que o negócio, que ainda tem de ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), tenha sido fechado por entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões. 
O Arlon é um gestor de fundos de private equity, que tem como foco o investimento principalmente em empresas ligadas aos setores de agronegócio e alimentício. No Brasil, o fundo já tem participação na Sotran SA Logística e Transporte, e na Grano Alimentos S.A, que faz legumes em conserva. A CBL Alimentos, que faturou R$ 678,093 milhões em 2016, é o terceiro negócio do fundo no país. Fundada há 46 anos em Quixeramobim (CE), a CBL Alimentos (mais conhecida como Betânia) tem forte atuação no mercado do Nordeste. Produz e comercializa leite pasteurizado, leite longa vida, bebidas lácteas, iogurtes, queijos, requeijão, doce de leite, leite em pó, creme de leite e leite condensado e atua com cinco marcas: Betânia, Lebom, Jaguaribe, Cilpe e Latimilk.

 

Hoje, a empresa tem cinco unidades industriais localizadas no Ceará, Pernambuco, Paraíba e Sergipe e oito centros de distribuição de produtos. Tem 1.800 empregados e adquire leite de 3.500 produtores na região Nordeste do país, segundo informações do site da companhia. A CBL foi adquirida em 1975 por Luiz Girão e hoje tem como sócios Vitor Bruno Machado Girão, Stella Machado Girão, Jorge Parente Frota Júnior, David Machado Girão e Antônio Arinilo Macena Maia. Conforme apurou o Valor, uma das razões para a venda da participação foi uma reestruturação societária na companhia, uma vez que um sócio está deixando a CBL Alimentos.

O Arlon foi fundado em 2007 pela Continental Grain Company, uma empresa familiar, com tradição em negócios ligados ao setor agrícola. Sediado em Nova York, tem aproximadamente US$ 1 bilhão em ativos sob sua gestão, também segundo informações que constam em seu site. Procurada, a CBL Alimentos não se manifestou. O Arlon também preferiu não comentar.
A entrada do Arlon no capital da CBL Alimentos é mais uma operação que reforça o crescente interesse do capital estrangeiro no setor de lácteos brasileiro. O movimento mais significativo ocorreu em 2014 quando a francesa Lactalis - que já tinha comprado a Balkis, de queijos, um ano antes - adquiriu as operações de lácteos da BRF e unidades da LBR- Lácteos Brasil. No fim de 2015, a Coca-Cola comprou a mineira Verde Campo.

Em abril passado foi a vez da suíça Emmi concretizar uma transação no Brasil. A companhia suíça, que já vende seus queijos no mercado brasileiro, comprou participação de 40% no mineiro Laticínios Porto Alegre. A Emmi tentava havia anos entrar no Brasil. No fim de 2015 chegou a negociar a aquisição do paulista Laticínios Shefa, mas a transação não vingou. Conforme apurou o Valor, a Emmi também negociou, sem sucesso, com a catarinense Tirol, em 2014.
E o movimento no setor de lácteos não deve parar por aí. A J&F holding que controla a Vigor, vem tentando vender a empresa de lácteos desde o fim do ano passado, movimento que deve se intensificar após a divulgação da delação premiada de Joesley e Wesley Batista e executivos da holding, sobre supostos casos de corrupção envolvendo deputados, agentes do governo e o próprio presidente da República Michel Temer.

No primeiro trimestre do ano, a multinacional americana PepsiCo chegou a fazer uma proposta de R$ 6 bilhões pela Vigor, mas as negociações entraram em banho-maria porque a J&F queria receber mais pela operação. A PepsiCo tem interesse no negócio de lácteos pois, assim como a Coca-Cola, busca depender menos do segmento de refrigerantes. Além da PepsiCo, apurou o Valor, a J&F também tem mantido conversas para uma eventual venda da Vigor com a francesa Lactalis e com a mexicana Lala - a última tenta há anos entrar no Brasil. (Jornal Valor Econômico).

Números preliminares da média diária das importações de leite e derivados

Importação de leite e derivados - Os números preliminares da média diária das importações de leite e derivados, em dólar, na quinta semana de maio de 2017 foram 7,0% menores que os de maio 2016 e 3,5% maiores em relação a abril de 2017. (MDIC/Terra Viva) 

 

 

 
Frente a desânimo, produção de leite tem queda de 5% no Paraguai
O presidente da Câmara Paraguaia das Indústrias Lácteas (Capainlac), Erno Becker, comentou que há uma estimativa de que a produção de leite do Paraguai deverá ter uma redução de 5%, ou seja, 80.000 litros a menos. Segundo Becker, isso se deve ao efeito do clima instável e da entrada correspondente à época de frio, que produz um alimento menos vitaminado para o gado. Outro fator a ser considerado é um maior destaque da carne e da soja, o que desanima o setor leiteiro. A associação toma algumas medidas para enfrentar a situação. O setor lácteo é de reação lenta, mas há um plano de investimento de 15 a 20 anos no Chaco paraguaio, embora haja o reconhecimento de que a produção de leite é um trabalho intenso e não atrai os produtores. (ElAgro.com.py Notícias Agrícolas)
 
 
 

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