Porto Alegre, 15 de março de 2018 Ano 12 - N° 2.695
Com um discurso de candidato, o governador José Ivo Sartori abriu o Tá na Mesa, da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), falando sobre o futuro, sem esquecer de pontuar as ações do passado. Fez um balanço da gestão e revisitou projetos, ideias e promessas de campanha. Lembrou que o Estado avançou porque tomou medidas de gestão como a adequação da máquina pública, que redefiniu a estrutura do Executivo. Ao saudar o governador, a presidente da Federasul, Simone Leite, disse que “o desenvolvimento econômico precede o social e nós precisamos ter um Estado que cative e não hostilize o empreendedor”.
Sartori defendeu os interesses do Rio Grande do Sul e afirmou que “o futuro do povo está na frente de interesses partidários e siglas”. Disse que prefere entrar para a história como qualquer coisa, “menos mentiroso e desonesto”, lembrando as duras medidas que tomou desde o primeiro dia de mandato.
Além de rever as ações de governo, Sartori destacou que o Estado começa a notar uma “mudança no estado de espírito” e que os gaúchos apoiam as ideias de modernização definidas como “amargas”. Para o governador, o Rio Grande do Sul começa a colher alguns frutos, de sementes que foram lançadas há quase quatro anos e que agora germinam.
Segurança pública, infraestrutura e eleições de 2018 também fizeram parte do “cardápio” do Tá Na Mesa. Sartori anunciou que ”os municípios que contribuíram, solidariamente, com a Brigada Militar e com a segurança pública, serão os primeiros recompensados quando os novos soldados da PM estiverem formados”.
Falou ainda sobre as estradas do RS, citando que o Governo do Estado pavimentou mais de 2,5 mil quilômetros e conclusões de acessos asfálticos. Quanto às concessões, o governador afirmou que “ainda em 2018, no máximo no segundo semestre, sairão do papel e com isso serão ampliadas a manutenção de rodovias e a conclusão de obras”.
No encerramento do encontro, a presidente da Federasul, Simone Leite, que mediou perguntas dos convidados, indagou ao governador sobre como seria os próximos quatro anos, caso fosse reeleito. Sartori disse que caberá ao novo governador “ter apoio político e social, além de muito jogo de cintura”. Ele disse: “se eu não posso dizer sim, também não preciso dizer não”, quanto a concorrer ao Piratini novamente. (Federasul)
Criada ajudando o pai na lida da pequena propriedade da família Rossatto, Suzana sonhava em ampliar a área para que pudesse viver da terra e junto da família. Sonho que se tornou realidade quando, por meio de uma capacitação no Sindicato da Agricultura Familiar de Pinhalzinho (SC), conheceu o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). Em 2009, a jovem agricultora, na época com 21 anos, adquiriu 9,25 hectares no município de Saudades (SC), ao lado das terras da família.
“Sempre amei a roça e nunca me vi fora dela. Teve até um momento em que tentei trabalhar na cidade, mas minha cabeça ficava lá, na lida com a terra e nas coisas que realmente eu gostava de fazer. Quase adoeci. Fiquei bem angustiada. Daí veio a oportunidade de comprar a terra vizinha à do meu pai e com isso ampliar a produção familiar. Nem hesitei, agarrei com toda a força”, conta Suzana.
Além da terra, o financiamento para Subprojeto de Investimento Básico (SIB) do PNCF possibilitou a compra de 10 vacas, permitindo que a jovem começasse a atividade leiteira em sua propriedade. Suzana possui hoje, um rebanho de 60 cabeças. Entre elas, 30 são vacas leiteiras que rendem 11 mil litros de leite por mês, comercializados integralmente para uma cooperativa de da região.
A venda do leite garante uma renda mensal de cerca de R$ 5.000, mais de oito vezes o valor que tirava como empregada no pouco tempo em que trabalhou em uma fábrica de fogões. “Foi boa demais essa oportunidade. Eu queria muito comprar uma terra, mas não tínhamos recurso para isso, pois só com a produção de suínos do pai o retorno era pequeno. Se não fosse o Crédito Fundiário, nunca teria conseguido”, afirma.
Vivendo e aprendendo
Buscando aprimorar o conhecimento e potencializar a atividade leiteira, Suzana fez cursos de inseminação de bovinos e empreendedorismo rural. A jovem agricultora passou também a integrar a Comissão de Juventude do Sintraf de Saudades, levando sua experiência a outros jovens da região.<
Atenta às oportunidades, a jovem beneficiária do PNCF, buscou nas políticas públicas - como Pronaf, Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), entre outras - recursos para desenvolver sua produção e estruturar sua propriedade. Suzana afirma que ainda neste ano pretende iniciar a produção de hortaliças e verduras, diversificando a fonte de ganho.
Casada há quatro anos, a jovem espera o segundo filho e se orgulha de não ter abandonado a lida mesmo grávida. “Meu amor pela terra conquistou até meu marido, que deixou o trabalho na cidade para se juntar a nós, completando a minha felicidade”, contou.
Numa sociedade familiar, pai, filha e genro dividem o trabalho, os gastos e os ganhos, reafirmando o programa como uma importante ferramenta de inclusão, sucessão e consolidação da agricultura familiar.
Crédito
O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. O recurso é usado na estruturação da infraestrutura necessária para a produção e assistência técnica e extensão rural.
Além da terra, o agricultor pode construir sua casa, preparar o solo, comprar implementos, ter acompanhamento técnico e o que mais for necessário para se desenvolver de forma independente e autônoma. (Canal Rural)
Integração é o que mais importa para agropecuária da América Latina
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, destacou as singularidades de cada país da América Latina no que se refere à produção de alimentos e também a necessidade de facilitar ainda mais a integração e as trocas comerciais na região. O ministro participou em São Paulo do Fórum Econômico Mundial América Latina e do Conselho Empresarial da Nova Visão para Agricultura na AL (NVA).
“Para nós, no Brasil está muito mais fácil produzir, aumentar volumes, do que vender, colocar as mercadorias em outros países. Então, nossa avaliação é de que, ao invés de discutir novas tecnologias, precisamos harmonizar as regras aqui na América Latina, no Mercosul”, disse o ministro. Ele lembrou que entre Brasil e Argentina já há pré-acordos.
Abertura de mercado
“Temos países que são muito fortes na agricultura e que já andaram muito, como o Brasil. E que, hoje, ao invés do apoio ao agricultor diretamente, dentro da propriedade, com novas tecnologias, é muito maior a importância da abertura de mercado do que propriamente o fomento à produção”, comentou.
Blairo Maggi observou que está em discussão o fato de haver “muita tecnologia chegando, muita informação, startups fazendo coisa novas. Mas tudo isso custa ao produtor, ao mesmo tempo em que todo mundo quer continuar recebendo produtos bons e baratos à mesa. Então quem vai pagar essa conta no final?”
De acordo com o ministro, a preocupação deve servir de alerta para aqueles que estão trabalhando com inovação. Os custos não podem subir muito, acredita. “O produtor pode aumentar a produtividade, a produção, mas se não aumentar a renda não adianta nada, não é sustentável”, afirmou. A sustentabilidade, disse Maggi, não está relacionada somente com a questão do meio ambiente, do trabalho, mas também ao aspecto financeiro.
A estimativa é de que população da América Latina cresça 35% até 2080. A região conta com um terço das reservas de água do mundo e também da área arável. O objetivo do fórum é analisar desafios e oportunidades no setor agrícola para atender a necessidade crescente de produção de alimentos no mundo. (As informações são do Mapa, resumidas pela Equipe MilkPoint)
Emprego na agropecuária
A agropecuária foi o setor que mais contratou em janeiro deste ano. De acordo com o levantamento divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados 798 novos postos de trabalho em Mato Grosso do Sul. O número é quase três vezes maior em comparação ao mesmo período de 2017. O relatório mostra também que a maior parte das contratações foi na atividade agrícola. O cultivo de cana-de-açúcar gerou 272 novos empregos e o da soja abriu 257 vagas. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Mauricio Saito, o resultado reforça que o agro é um setor de oportunidades. “O levantamento mostra que, considerando a agropecuária, MS ocupa o 6º lugar no ranking nacional. São números expressivos que destacam a importância do setor para o desenvolvimento estadual e nacional”. O economista da Famasul, Luiz Gama, explica que os números estão atrelados à temporada de colheita da oleaginosa e ao potencial do setor sucroenergético. “A soja hoje é o carro-chefe na geração bruta de valor de produção e estamos em plena colheita, logo é um período de mão de obra mais intensivo”. Quanto ao perfil das contratações é possível observar que a maioria dos novos empregados na agropecuária sul-mato-grossense possui entre 18 e 24 anos, ocupando 36,7% das vagas. Já a faixa etária de 30 a 39 anos, atua em 29,4% postos. (Capital News)