Porto Alegre, 25 de agosto de 2017 Ano 11- N° 2.571
As importações de produtos lácteos no primeiro semestre de 2017 em comparação com igual período de 2016 cresceram em volume (litros equivalentes) 61,8%, e em valor (dólares) aumento de 75,1%, totalizando US$ 174,1 milhões. No total, foram internalizados no país 414,2 milhões de litros equivalentes leite, o correspondente a 43,8% da captação nacional de leite no primeiro semestre de 2017, que totalizou 940,8 milhões de litros. As exportações, por sua vez, caíram 4,5%, chegando a 180,2 milhões de litros. Em valor subiram 20,1%, totalizando US$ 110,1 milhões.
Para a Federação dos Produtores de Leite do Chile (Fedeleche) os dados de importação de produtos lácteos são preocupantes por seu efeito na atividade leiteira local, considerando que há um significativo recuo da demanda por matéria prima, cuja dinâmica produtiva encontra-se estagnado, criando um cenário onde as importações ganham terreno sobre as exportações. O presidente da Fedeleche, Rodrigo Lavín, lembra que o setor primário da cadeia láctea vem saindo de anos adversos diante de uma seca severa, queda dos preços. O aumento das importações de lácteos pode impactar, negativamente, nas condições dos produtores de leite. "Um terceiro ano com anúncio de baixa seria o fim para muitos pequenos e médios produtores", assegura o presidente da agremiação, que também vê "pressão" sobre a disponibilidade leite no mercado interno como consequência dessa situação. "A disponibilidade de leite este ano no mercado interno foi consistentemente superior em relação ao ano anterior", alerta.
Comportamento do mercado
Em termos de valor, dentros dos principais produtos importados sobressai o queijo gouda, produto que responde por 29,1% do valor das importações, enquanto que o volume em relação ao ano passado é de 198,7%, variação que preocupa os produtores. Outros produtos também tiveram incrementos nos valores das importações, o leite em pó integral (10,5%), e o leite em pó desnatado (10,2%). Essas categorias tiveram incrementos em volumes de 152,6%, e 40,5%, respectivamente, em relação a 2016. Também em valor, os principais países de origem das importações foram a Nova Zelândia, participando com 27,3%, Estados Unidos com 20,9%, e Argentina com 12,9%. O volume importado desses países, em relação ao ano anterior cresceram 163,7%, 40,7%, e 9,9%, respectivamente. As empresas que mais importaram no período foram a Prolesur e Nestlé, com 26,6% e 11,9% de participação no valor pago. Em matéria de exportações, os principais destinos foram: Estados Unidos, México, e Peru, com os seguintes valores: 25,8%, 11,9%, e 10,6%. As empresas que mais exportaram foram a Nestlé, Colún, e Prolesur, responsáveis por 60,6%, 18,3%, e 12,7%, dos valores faturados, respectivamente. Os produtos lácteos mais exportados no primeiro semestre foram, Preparados infantis, Leite condensado, e Queijo Gouda, mercadorias com participações em termos de valor de 29,4%, 23,5%, e 10,6%, respectivamente.
Balança comercial
A balança comercial de lácteos no primeiro semestre de 2017 mostra importações de 232,4 milhões de litros em equivalentes leite a mais que o que foi exportado, consolidando a tendência negativa observada no déficit comercial negativo que já atinge 28 meses consecutivos, transformando o Chile em um importador líquido de leite. (Exporlac - Tradução livre: Terra Viva)
EUA: fazenda virtual usa inteligência artificial para melhorar manejo da fazenda
A Universidade de Wisconsin-Madison (UW) iniciou um projeto de de dois anos que usará inteligência artificial (IA) para analisar dados em tempo real ajudando os produtores de leite a melhorar suas decisões de gestão. "Chamamos este projeto de 'cérebro de fazenda leiteira virtual', porque estamos tentando imitar o pensamento de um ótimo gerente de fazenda leiteira", disse o líder da equipe, Victor Cabrera, professor de ciência dos lácteos da UW-Madison.
A equipe multidisciplinar da UW inclui cientistas de lácteos, economistas agrícolas e cientistas de computação que começaram a agregar dados de 4.000 vacas leiteiras para o servidor do campus. "As fazendas leiteiras adotaram muitas tecnologias que geram grandes quantidades de dados", afirmou Cabrera. "O problema é que os produtores não conseguiram integrar essas informações para melhorar a tomada de decisões de toda a fazenda".
O principal desafio será filtrar os dados úteis coletados das operações diárias leiteiras, de acordo com Cabrera. O tipo de dados coletados varia de libras de leite produzido e libras de alimentos animais consumidos por vacas leiteiras, quantos passos uma vaca dá, resultados de testes genômicos, bem como dados gerais da fazenda, como padrões climáticos e o preço do leite.
A equipe da UW usará inteligência artificial para prever melhor o resultado de várias práticas de manejo. Cientistas do Centro de Computação de Alto Rendimento da Universidade estão desenvolvendo algoritmos que analisam a atividade das fazendas de lácteos, que serão usados para prever melhores práticas de manejo.
O passo final será aplicar o que foi aprendido com os dados relevantes para criar ferramentas intuitivas de suporte baseadas na nuvem. A ideia, é que os produtores usem dados em tempo real de suas fazendas para tomar decisões de manejo 'mais inteligentes'. "Nós pensamos que a metodologia deve ser aplicada a qualquer fazenda. Poderia ser ajustada para atender qualquer informação disponível. A abordagem básica seria muito semelhante em uma fazenda de 100 vacas ou em uma operação de 8 mil vacas".
Cabrera adicionou que, uma vez que o projeto de dois anos estiver completo, ele espera iniciar um estudo maior envolvendo de 100 a 200 fazendas leiteiras que representam uma variedade de tamanhos e práticas de manejo. (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
Leite condensado volta a liderar exportações e mostra oportunidades ao setor
A menor demanda venezuelana por leite em pó trouxe de volta ao protagonismo das exportações brasileiras de lácteos o leite condensado. De janeiro a julho de 2017, as vendas externas do produto totalizaram 12,2 mil toneladas, volume 25% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, as negociações do leite condensado representaram 51% da quantidade total comercializada. Quanto à receita, o montante foi de US$ 27,1 milhões nos primeiros sete meses do ano, 57% maior frente ao mesmo período de 2016, representando 37% do total obtida pelo Brasil com a venda internacional de lácteos. A volta do leite condensado à liderança da pauta de exportações veio também acompanhada da redução de 7,8% no volume total de lácteos embarcado e da queda de 4% da receita obtida com as exportações de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Por outro lado, a maior abertura do mercado consumidor deste produto e o maior valor agregado evidenciam oportunidades ao setor. O leite condensado brasileiro foi enviado para 25 países, sendo Arábia Saudita (25% do total do volume), Estados Unidos (18%), Trinidad e Tobago (11%) e Emirados Árabes (9%) os principais compradores. O preço médio do leite condensado exportado foi de US$ 2.214/t no período, valor 43% superior à média de janeiro a julho de 2016. A produção de leite condensado segue crescendo no Brasil. Com o processamento relativamente simples, sua fabricação é viável por meio de adaptações em indústrias de pequeno e médio porte. O lácteo é obtido a partir da desidratação do leite fluido, seguida da refrigeração ou tratamento térmico (de acordo com o fim a que se destina), sendo conservado mediante a adição de açúcar. Ainda que tenha o termo condensado no nome, não passa pelo processo de condensação (passagem do estado de vapor ao estado líquido mediante da liberação de calor).
Utiliza-se, na realidade, o processo de vaporização, que consiste na conversão de um líquido em vapor por meio de aquecimento ou evaporação. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias, como as embalagens cartonadas, também favoreceu a expansão da produção e o aumento de marcas no mercado nos últimos anos. Isso porque os os custos de produção diminuíram, deixando o derivado mais acessível ao consumidor. O consumo, aliás, é um ponto importante. De acordo com pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel em 2015, o consumo de leite condensado no Brasil se mostrou relativamente estável frente à crise econômica, uma vez que o derivado é ingrediente central no preparo culinário de doces e sobremesas populares no Brasil (como o brigadeiro e o pudim). Apostar em qualidade dentro da porteira pode ser determinante para o setor. A fabricação do leite condensado é muito sensível ao teor de sais minerais (cálcio, magnésio, fosfatos e citratos), proteínas e acidez.
O desequilíbrio entre esses elementos prejudica a formação dos colóides, afetando a estabilidade do produto e sua qualidade final. Assim, um dos critérios importantes é a baixa contagem de células somáticas (CCS) da matéria-prima. Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade é o fator chave: para a indústria, pode significar a expansão de seu market share, tanto no mercado doméstico quanto no internacional; para o produtor, maior receita por meio de bonificações; e para o consumidor, a certeza de adquirir um produto com maior qualidade. (Cepea)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estuda uma nova mudança nos rótulos dos produtos alimentícios para advertir sobre a presença de ingredientes em excesso que podem fazer mal à saúde. A agência planeja utilizar o sistema de semáforo e octógonos para destacar a presença desses componentes e atrair a atenção do consumidor. A ideia foi debatida por um grupo de trabalho criado em 2014 para apresentar propostas para solucionar a questão da informação nutricional no país. Segundo a Anvisa, estudos científicos apontam que a tabela nutricional presente nos produtos "é de difícil compreensão e pouco utilizada pelos consumidores". (As informações são do O Estado de S. Paulo)