Porto Alegre, 02 de junho de 2017 Ano 11- N° 2.512
Problemas climáticos no período de formação das pastagens de inverno, preços baixos no ano passado e concorrência com culturas mais rentáveis como soja e milho estão reduzindo a produção de leite no Rio Grande do Sul, segunda maior bacia leiteira do país. Além da oferta menor, a safra também tende a atrasar, o que deve manter os preços sustentados em nível nacional. Isso porque a produção do Sul costuma amenizar a escassez durante a entressafra no Sudeste e Centro¬Oeste, quadro que está mais grave neste ano. O presidente do Conselho Estadual do Leite (Conseleite¬RS), que reúne entidades de produtores e indústrias, Jorge Rodrigues, estima que a produção gaúcha no acumulado até maio ficará cerca de 20% menor do que no mesmo período de 2015.
Fundo americano Arlon compra 20% da Betânia
Pouco menos de um mês após o anúncio da entrada da suíça Emmi no setor de lácteos brasileiro, outro negócio nessa área envolvendo capital estrangeiro acaba de ser fechado no país. O fundo de investimentos americano Arlon Latin America Partners comprou 20% de participação na CBL Alimentos, dona da marca Betânia, que tem sede em Fortaleza (CE), por valor não revelado.
Fontes do setor de lácteos estimam que o negócio, que ainda tem de ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), tenha sido fechado por entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões.
O Arlon é um gestor de fundos de private equity, que tem como foco o investimento principalmente em empresas ligadas aos setores de agronegócio e alimentício. No Brasil, o fundo já tem participação na Sotran SA Logística e Transporte, e na Grano Alimentos S.A, que faz legumes em conserva. A CBL Alimentos, que faturou R$ 678,093 milhões em 2016, é o terceiro negócio do fundo no país. Fundada há 46 anos em Quixeramobim (CE), a CBL Alimentos (mais conhecida como Betânia) tem forte atuação no mercado do Nordeste. Produz e comercializa leite pasteurizado, leite longa vida, bebidas lácteas, iogurtes, queijos, requeijão, doce de leite, leite em pó, creme de leite e leite condensado e atua com cinco marcas: Betânia, Lebom, Jaguaribe, Cilpe e Latimilk.
Hoje, a empresa tem cinco unidades industriais localizadas no Ceará, Pernambuco, Paraíba e Sergipe e oito centros de distribuição de produtos. Tem 1.800 empregados e adquire leite de 3.500 produtores na região Nordeste do país, segundo informações do site da companhia. A CBL foi adquirida em 1975 por Luiz Girão e hoje tem como sócios Vitor Bruno Machado Girão, Stella Machado Girão, Jorge Parente Frota Júnior, David Machado Girão e Antônio Arinilo Macena Maia. Conforme apurou o Valor, uma das razões para a venda da participação foi uma reestruturação societária na companhia, uma vez que um sócio está deixando a CBL Alimentos.
O Arlon foi fundado em 2007 pela Continental Grain Company, uma empresa familiar, com tradição em negócios ligados ao setor agrícola. Sediado em Nova York, tem aproximadamente US$ 1 bilhão em ativos sob sua gestão, também segundo informações que constam em seu site. Procurada, a CBL Alimentos não se manifestou. O Arlon também preferiu não comentar.
A entrada do Arlon no capital da CBL Alimentos é mais uma operação que reforça o crescente interesse do capital estrangeiro no setor de lácteos brasileiro. O movimento mais significativo ocorreu em 2014 quando a francesa Lactalis - que já tinha comprado a Balkis, de queijos, um ano antes - adquiriu as operações de lácteos da BRF e unidades da LBR- Lácteos Brasil. No fim de 2015, a Coca-Cola comprou a mineira Verde Campo.
Em abril passado foi a vez da suíça Emmi concretizar uma transação no Brasil. A companhia suíça, que já vende seus queijos no mercado brasileiro, comprou participação de 40% no mineiro Laticínios Porto Alegre. A Emmi tentava havia anos entrar no Brasil. No fim de 2015 chegou a negociar a aquisição do paulista Laticínios Shefa, mas a transação não vingou. Conforme apurou o Valor, a Emmi também negociou, sem sucesso, com a catarinense Tirol, em 2014.
E o movimento no setor de lácteos não deve parar por aí. A J&F holding que controla a Vigor, vem tentando vender a empresa de lácteos desde o fim do ano passado, movimento que deve se intensificar após a divulgação da delação premiada de Joesley e Wesley Batista e executivos da holding, sobre supostos casos de corrupção envolvendo deputados, agentes do governo e o próprio presidente da República Michel Temer.
No primeiro trimestre do ano, a multinacional americana PepsiCo chegou a fazer uma proposta de R$ 6 bilhões pela Vigor, mas as negociações entraram em banho-maria porque a J&F queria receber mais pela operação. A PepsiCo tem interesse no negócio de lácteos pois, assim como a Coca-Cola, busca depender menos do segmento de refrigerantes. Além da PepsiCo, apurou o Valor, a J&F também tem mantido conversas para uma eventual venda da Vigor com a francesa Lactalis e com a mexicana Lala - a última tenta há anos entrar no Brasil. (Jornal Valor Econômico).
Números preliminares da média diária das importações de leite e derivados
Importação de leite e derivados - Os números preliminares da média diária das importações de leite e derivados, em dólar, na quinta semana de maio de 2017 foram 7,0% menores que os de maio 2016 e 3,5% maiores em relação a abril de 2017. (MDIC/Terra Viva)
O presidente da Câmara Paraguaia das Indústrias Lácteas (Capainlac), Erno Becker, comentou que há uma estimativa de que a produção de leite do Paraguai deverá ter uma redução de 5%, ou seja, 80.000 litros a menos. Segundo Becker, isso se deve ao efeito do clima instável e da entrada correspondente à época de frio, que produz um alimento menos vitaminado para o gado. Outro fator a ser considerado é um maior destaque da carne e da soja, o que desanima o setor leiteiro. A associação toma algumas medidas para enfrentar a situação. O setor lácteo é de reação lenta, mas há um plano de investimento de 15 a 20 anos no Chaco paraguaio, embora haja o reconhecimento de que a produção de leite é um trabalho intenso e não atrai os produtores. (ElAgro.com.py Notícias Agrícolas)