Porto Alegre, 12 de junho de 2023 Ano 17 - N° 3.920
Conseleites avaliam integração nacional pelo desenvolvimento do setor
Os Conseleites brasileiros avaliam a integração de suas câmaras técnicas e grupos de debate de forma a buscar soluções conjuntas para os entraves do setor. A proposta surgiu durante o 1º Encontro Nacional dos Conseleites do Brasil, realizado na tarde desta quinta-feira (8/6) de forma inédita durante a Megaleite, em Belo Horizonte (MG). Atualmente, cada câmara técnica delimita sua metodologia de trabalho e parâmetros para obtenção do valor de referência do leite, mas as dificuldades vividas nos seis estados onde há colegiado são similares: margens de rentabilidade minimizadas, falta de estímulo à produção e concorrência ferrenha com os importados.
Foto: Mariana Mendes/ Assessoria de Comunicação - Sistema Faemg Senar
A troca de experiências foi tão rica que uma agenda de novos encontros já foi debatida com expectativa de reprises anuais com rodízios entre os seis estados: PR, RS, SC, MT, MG e RO. Outra proposição que surgiu para reforçar essa integração foi a de criação de um parâmetro de estoques nacionais de forma a quantificar o leite armazenado no país.
Reunindo lideranças de produtores e indústrias, o evento foi marcado por apresentação de conquistas e desafios pelos seis estados onde há colegiado, entre eles o Rio Grande do Sul, onde as reuniões estão temporariamente suspensas por falta de liberação de recursos do Estado (Fundoleite) - elo produtor - para arcar com o estudo. “O Conseleite faz falta. Produtores e indústrias estão no mesmo barco”, defendeu o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e coordenador do Conseleite/RS, Darlan Palharini. Segundo ele, o Conseleite/RS vive um divisor de águas no RS, mas segue sendo o melhor local para ter transparência de posição das partes. “É um setor onde a concorrência começa no campo e termina na gôndola. Temos dois grandes grupos de produtores: os que estão sobrevivendo com problemas de sucessão e financeiros e que senão houver ação conjunta de uma política de Estado devem sair da atividade e aqueles que estão investindo”, ressaltou, citando o aumento na aquisição de robôs para a ordenha do gado leiteiro. Confiante na retomada do grupo gaúcho, foi contundente: “Se é ruim com o Conseleite, será muito pior sem ele”.
O primeiro Conseleite surgiu no Paraná em 2003, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul (2007), Rondônia (2010), Minas Gerais (2019) e Mato Grosso (2021). Juntos, os Conseleites representam 68,3% do leite processado no Brasil, sendo que MG, PR e RS respondem por 24,5%, 14,40% e 13,30%, respectivamente.
Entre os principais ganhos constatados ao longo desses mais de 20 anos, está um estreitamento do diálogo na cadeia produtiva, consolidando-os como agentes de desenvolvimento do capital social. Para quantificar os ganhos advindos desse processo, já estuda-se, inclusive, a adoção de uma pesquisa objetiva para mensurar o impacto do Conseleite na construção do capital social dos estados. Avanço destacado também na fala do presidente da Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais, Antônio Pitangui de Salvo, ao abrir a reunião. “Tínhamos uma dificuldade gigantesca de conversar com as indústrias, diferentemente desse momento que estamos vivendo nos Conseleites. As coisas não são fáceis de serem construídas, mas precisamos estimular esse convívio entre os estados e as cadeias. Temos uma única saída: estarmos juntos dialogando, diminuindo as tensões políticas para que possamos avançar. Precisamos mostrar a cara do setor leiteiro. O agro precisa ser mais bem compreendido, e ninguém vai falar por nós senão nós mesmos.”
De Salvo reforçou que a solução para o impasse do setor é longa. “Não são só as importações. O problema da pecuária leiteira está dentro das porteiras, em gestão, em genética, em sanidade, em nutrição. Precisamos trabalhar da porteira para dentro e da porteira para fora”, disse, lembrando do tempo que uma vaca boa era a que produzia 15 quilos/dia, e hoje já atingimos marcas entre 20 e 30 litros/dia.
20 anos depois
Uma das fundadoras do projeto, a professora da UFPR Vânia Guimarães recordou que a instalação dos colegiados remonta a momentos de crise. Emocionada, ela agradeceu a todos os integrantes que dedicaram seu tempo e esforço nos diferentes estados. “O trabalho vai ficando mais difícil. As coisas não ficam mais fáceis, ficam mais difíceis”, frisou ela, lembrando dos impasses em volta do tema preço nas Câmaras Técnicas. “Valor de referência é valor de referência, não é preço. Preço só existe quando se faz negócio”, reforçou.
O professor José Roberto Canziani explicou as diferenças de parâmetros definidas entre os Conseleites, citando que há variações de nível gordura, proteína, e até carga por propriedade no cálculo do valor de referência. Entre as tendências, citou os ganhos que devem surgir com a tecnologia da informação e o uso de plataformas inteligentes para pesquisa. No curto prazo, completou ele, o desafio é reduzir custos de revisões e fazer esforço para parametrizar as indústrias, assim como se fez com os produtores em relação a diferentes portes e ramos de atividades. “Conhecer, confiar e usar o Conseleite. Esse é o nosso desafio”. (Assessoria de imprensa SINDILAT/RS)
Fundoleite será pauta da Assembleia Legislativa
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Estado confirmou que o convite feito aos representantes do Estado para explicar sobre os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite (Fundoleite) foi realizado para reunião do próximo dia 22 de junho. A iniciativa do deputado Elton Weber (PSB) abrange a Secretária da Agricultura (Seapi), a Casa Civil e a Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Desde 2020, o Estado não libera recursos do fundo, estimados pela cadeia produtiva leiteira em R$ 30 milhões.
O objetivo do Fundoleite é custear ações, projetos e programas de desenvolvimento da cadeia produtiva, mas a falta de repasse de recursos afeta o avanço de projetos e até a realização da pesquisa mensal do Preço de Referência do Leite, divulgada pelo Conseleite/RS, realizada pela última vez em janeiro deste ano.
O deputado lembra que a cadeia leiteira gaúcha registrou o abandono de mais de 50 mil produtores entre 2015 e 2023, segundo dados da Emater e do Sindilat. Atualmente, teriam restado 35 mil agricultores em atividade no Estado. (Correio do Povo)
Produtores de leite pedem urgência na taxação de produtos lácteos importados
Tema foi tratado pela Fetag-RS com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, durante abertura da 23ª Fenarroz
Os produtores de leite do Rio Grande do Sul solicitaram ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, providências urgentes para barrar a importação de lácteos pelo Brasil. O pedido foi feito pessoalmente pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, durante a abertura da 23ª Fenarroz, cuja solenidade oficial ocorreu ontem em Cachoeira do Sul. “Vamos formalizar a sugestão de sobretaxar a importação dos produtos lácteos por um tempo específico até que possamos reequilibrar o mercado aqui dentro”, adiantou Silva. O documento formal, que atende solicitação do próprio ministro, pedirá a reedição de uma medida, segundo Silva, adotada na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. “Em 2011 ou 2012, os produtos foram sobretaxados em 17% por cinco ou seis meses para que os preços reagissem no mercado interno”, lembrou.
O pedido, que teve origem na Comissão Estadual do Leite da Fetag-RS, é justificado nos números Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Conforme a plataforma Comex Stat, nos cinco primeiros meses do ano, as aquisições de leite em pó, creme de leite e laticínios (exceto manteiga e queijo) de outros países cresceram 247,9% em comparação com o mesmo período do ano passado. No intervalo, foram adquiridas 92,2 mil toneladas, resultado de 350,5 milhões de dólares, valor 292,8% maior que o despedido pelo país nos primeiros cinco meses de 2022.
O secretário-executivo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), Darlan Palharini, recorda que o alerta vem desde o início do ano. “Na Páscoa, o leite em pó usado pelas indústrias de chocolate do Brasil veio da Argentina e do Uruguai. Não há outra altenativa se não não cair o preço ao produtor”, ressaltou. Contudo, Palharini aguarda os movimentos de mercado que vão balizar a remuneração do leite em julho. “Vamos ver o que vai acontecer. O governo estadual e o federal não estão fazendo nenhuma equalização quanto aos benefícios recebidos pelos produtores da Argentina ou a incentivos para as exportações”, disse.
O Rio Grande do Sul figura, agora, como o segundo Estado que mais comprou lácteos de fora de janeiro a maio, atrás apenas de São Paulo.
Gadolando defende regulação de mercado
Os números crescentes de importação de lácteos eleva a preocupação entre os produtores, como dos criadores da raça Holandesa. “Os números são dantescos, é gravíssimo, somos moeda de troca no Mercosul e esse comércio não vai parar, mas tem que ter uma regulação, seja em tonelada importada ou em taxação. É uma questão de soberania”, afirma o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês no RS (Gadolando), Marcos Tang. “Estamos comprando leite para nosso consumidor ter produto barato, mas não podemos matar o produtor em nome de alguns centavos a menos na gôndola do supermercado”, conta Tang, relatando que tem sido procurado diariamente por produtores que já não sabem o que fazer.
O dirigente conta um diálogo que teve com o pai há pouco dias sobre a crise do setor. “Meu pai tem 81 anos e falei pra ele que o preço do leite ia baixar, mas ele disse: não, nesta época, desde que sou produtor de leite, a vida inteira, o leite sempre aumenta”. Tang manifesta extrema preocupação com o cenário atual e diz que os números vão se refletir no campo, com mais desistências da atividade. “Nos últimos anos 22 mil famílias pararam de produzir leite. Na minha cooperativa, baixou em 17 centavos o preço pago ao produtor, outras baixaram 20, 30 até 40 centavos, e essa é uma época em que teríamos uma remuneração melhor pelo litro de leite”, diz o presidente da Gadolando. (Correio do Povo)
Jogo Rápido
Semana será de alternância entre calor e frio no Estado
A semana vai alternar entre calor e frio, com chuva expressiva na maior parte do Rio Grande do Sul. É o que aponta o Boletim Integrado Agrometeorológico 23/2023, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Irga. A tendência para segunda-feira (12) é que ainda deverão ocorrer pancadas de chuva nas regiões Norte e Nordeste, e o ingresso de uma massa de ar frio vai provocar o declínio acentuado da temperatura em todo Estado. Na terça (13) e quarta-feira (14), o deslocamento de uma área de baixa pressão vai provocar chuva em todo Estado e a presença do ar frio manterá as temperaturas muito baixas, com valores próximos de 0°C em diversas regiões. Os totais esperados deverão oscilar entre 20 e 35 mm na maioria das regiões. Na Metade Leste os valores previstos deverão variar entre 40 e 60 mm, e poderão alcançar 80 mm em alguns municípios do Litoral Norte. O boletim também aborda a situação de diversas culturas e criações de animais pelo Estado. Acompanhe todas as publicações agrometeorológicas da Secretaria em www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia. (SEAPI)