Pular para o conteúdo

25/02/2021

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 25 de fevereiro de 2021                                                  Ano 15 - N° 3.410


Leite: sem auxílio emergencial, preço está 6% menor que em outubro

De acordo com a Embrapa, o benefício estava sendo usado por famílias de baixa renda para comprar alimentos, incluindo lácteos

A média nacional de preços do litro de leite pago ao produtor, que em outubro de 2020 atingiu R$ 2,16, chega em fevereiro a R$ 2,03, queda de 6%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

“Essa redução está vinculada a maior produção no período de safra e a uma diminuição geral na demanda por produtos lácteos pela população”, diz o pesquisador João César Resende, da Embrapa Gado de Leite.

Ele lembra ainda que o auxílio emergencial, pago aos mais carentes devido à pandemia da Covid-19, foi essencial para manter à demanda aquecida em 2020 e os preços mais elevados para os produtores. Com a diminuição do valor (de R$ 600 para R$ 300) e depois o fim do benefício, as compras de derivados do leite pela população estão caindo e dificultando as vendas no varejo.

Denis Rocha, analista da Embrapa Gado de Leite, vê desafios para que o bom momento pelo qual o setor atravessou no ano passado se repita em 2021. “Ainda que o auxílio emergencial seja retomado pelo governo, o valor deverá ser menor e menos pessoas irão recebê-lo”. Segundo o analista, um novo aquecimento de demanda dependerá da retomada econômica. 

Custos de produção também preocupam setor do leite: Além da redução de demanda, o que tem preocupado o setor são os custos de produção, que estão em alta. Glauco Carvalho, também pesquisador da instituição, informa que, em relação a 2019, a alta média no custo de produção atingiu 10,7%. Nos últimos dois anos, esse índice chega a 24,6%.

O que tem puxado os custos é, principalmente, a alimentação à base de concentrados para o rebanho. Durante a reunião mensal de conjuntura do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite, realizada na segunda semana de fevereiro, pesquisadores e analistas apontaram que o custo do saco de 60 quilos da mistura milho/soja (70% de milho e 30% de farelo de soja) mais que dobrou em dois anos: em janeiro de 2019, era vendido a R$50,37, chegando a R$ 115,79 no mesmo mês, em 2021.

“O custo do concentrado acompanha as cotações do milho e da soja nos mercados nacional e internacional. Como os dois estão em elevação e sem sinais de que vão retroceder neste ano, os custos para se produzir o leite nas fazendas vão continuar elevados e penalizando a rentabilidade dos produtores até o final do ano”, diz Resende.

Preços dos lácteos: No atacado de São Paulo, os preços dos principais produtos lácteos recuaram. O leite UHT, vendido a R$ 3,67 em agosto, foi negociado no dia cinco de fevereiro a R$2,90. A muçarela, o derivado que mais se valorizou durante a pandemia, chegando a ser vendida a R$ 29,69, no início deste mês estava a R$ 22,38. O leite em pó fracionado, que chegou a ser vendido a R$ 25,27 no início de outubro, fechou em R$21,73 no dia cinco de fevereiro.

No mercado spot (leite comercializado entre as indústrias), que apresentou grande valorização no ano passado, com a maior cotação a R$2,75/litro, era vendido no início de fevereiro a R$1,95/litro, segundo dados do Cepea/OCB.

Balança comercial: Outra notícia para os produtores que se preocupam com a concorrência externa é a queda no volume de importações de leite (caíram cerca de 18%, em janeiro, na comparação com dezembro de 2020). Entretanto, os volumes importados continuam em patamares elevados, sendo 82% superior a janeiro de 2020.

Na reunião da Câmara Setorial do Leite, ocorrida no dia cinco de fevereiro, a Abraleite e outras lideranças do setor, reivindicaram junto à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, “a suspensão imediata das importações de lácteos da Argentina e do Uruguai, até que os setores produtivos do Brasil e dos países vizinhos estabeleçam tratativas de convivência mútua.”

A Abraleite sugere tributar os lácteos importados, da mesma forma que o açúcar brasileiro é tributado para ser vendido nos países do Mercosul. Em 2020, o Brasil importou 1,35 bilhão de litros equivalentes de leite e exportou 101 milhões de litros equivalentes. (Canal Rural)


 
Saúde e sustentabilidade ganham espaço na escolha por leite e derivados

Saúde e sustentabilidade - O fortalecimento do sistema imunológico e a perda de peso, são cada vez mais determinantes na hora do consumidor escolher produtos derivados do leite. 

Segundo Kennya Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, a tendência de valorizar os lácteos com benefícios para a saúde vinha sendo observada nos últimos anos, com produtos que melhoram o funcionamento do intestino, mas se intensificou com a pandemia, que reforçou a preocupação do consumidor com a saúde e perda de peso” que se por um lado reforçou a preocupação com a saúde, por outro, aumentou o ganho de peso extra devido à quarentena. 

A indústria laticinista está atenta a essa tendência. “As principais inovações do setor para este ano devem ser no sentido de oferecer produtos voltados para o fortalecimento do sistema imune e que ofereçam mais benefícios nutricionais e funcionais por kilocaloria”, diz a pesquisadora.

De acordo com Innova Consumer Survey, plataforma de tendências de mercado, seis de cada dez consumidores no mundo buscam alimentos e bebidas cuja finalidade é aumentar a imunidade. Isso tem levado as indústrias a desenvolverem produtos nutracêuticos, com compostos bioativos, que tragam benefícios à saúde como vitaminas C e B6, além do ômega 3. 

Segundo Kennya, essa tendência lança luz nos iogurtes, produto com alta densidade nutricional. “Os iogurtes, em especial, devem se beneficiar, visto que já são reconhecidos como alimentos que aumentam a imunidade do organismo”. A empresa de pesquisa de mercado Technavio estima que  a taxa composta de crescimento no mercado anual de iogurtes fique acima de 5%.

A saúde intestinal sensibiliza os consumidores há mais tempo. A indústria de alimentos possui uma série de produtos direcionados à atuação na microbiota intestinal, que refletem em melhorias de problemas metabólicos, controle de peso, imunidade e bem-estar emocional. 

Segundo a pesquisadora, os derivados lácteos têm uma vantagem nesse sentido: alguns, por já terem naturalmente atuação na microbiota intestinal; outros por serem ótimos veículos para prebióticos, probióticos e simbióticos.

A relação lácteos/saúde cerebral também tende a ganhar destaque em 2021. Os alimentos nootrópicos (que possuem substâncias com ações positivas para o cérebro) estavam no radar da indústria de alimentos antes da pandemia. No parecer da pesquisadora, os produtos nootrópicos ganharão destaque no setor lácteos em 2021, embora em proporção menor do que aqueles destinados ao fortalecimento do sistema imune. 

De modo geral, os alimentos nutraceuticos estarão cada vez mais presentes na mesa do consumidor. Segundo dados da Global Market Insights, empresa de consultoria sobre o mercado global, os produtos lácteos destinados a promover a saúde movimentarão US$ 21 bilhões, em 2026. (Fonte: Embrapa)

Whey protein, um produto do soro de leite: efeitos em exercícios físicos

Whey proteins (proteínas do soro)  são proteínas de mais alta qualidade, devido ao seu conteúdo de aminoácidos (alto conteúdo de aminoácidos essenciais, de cadeia ramificada e leucina) e rápida digestibilidade. O consumo de proteína de soro de leite tem uma capacidade robusta de estimular a síntese de proteína muscular.     

Sua ingestão associada à prática ou não de exercício físico tem mostrado benefícios como favorecimento no ganho de força muscular, o alto teor de cálcio, que favorece a redução da gordura corporal, e o aumento da densidade óssea mineral. Pode causar uma diferença no peso corporal associado à diminuição da massa gorda, diminuição da circunferência abdominal.  

Dentre os benefícios ao organismo humano relacionados ao consumo de proteínas do soro, é possível destacar aumento de força, maior resistência muscular, ganho de massa muscular e uma melhor recuperação depois do treinamento.

Também ajuda a evitar a perda da massa muscular vinculada ao envelhecimento (conhecida como sarcopenia), reduz a acumulação de gordura no corpo, diminui as inflamações, possui propriedades anticancerígenas, fortalece o sistema imunológico e reduz os níveis de glicose no sangue. Desta forma, acaba também por prevenir à diabetes do tipo dois, diminuindo o nível de triglicerídeos no sangue

Todos os tipos de whey protein são oriundos da mesma matéria-prima, que é a proteína do soro do leite. A diferença está no processo de fabricação, filtragem e possíveis adições, existindo hoje no mercado três tipos de whey protein: concentrado, isolado e hidrolisado.

O whey protein concentrado passa por menos processos de filtragem, sendo a proteína mais “grosseira”. Suas moléculas de proteínas são maiores, e por esse motivo, o processo de digestão é mais lento. Em sua composição, podem haver partes de carboidratos, gorduras e lactoses, não sendo recomendado para quem possui alergias ou intolerância à lactose. A porcentagem de proteína no whey protein concentrado também é menor do que nos outros tipos, sendo a média de 29% a 80%

No whey protein hidrolisado, as moléculas de proteína são quebradas em partículas menores durante o processo de filtragem, e com isso, a digestão acontece mais rapidamente. Isto faz com que a proteína seja absorvida de maneira mais fácil e ágil pelo organismo, chegando desta forma mais rapidamente aos músculos.

Tal processamento mantém este formato de whey protein isolado com níveis próximos a zero de carboidratos, gorduras e lactose (teor próximo de 95% de proteínas), podendo ser ingerido por alérgicos ou intolerantes à lactose, porém com custo superior aos outros tipos.

Os indivíduos realizam treinamentos de resistência com o intuito de melhoria da força, resistência, potência e aumento da massa muscular. Embora o treinamento de resistência possa ser visto como atividades para atletas e fisiculturistas, esse tipo de treinamento também pode ser benéfico para a reabilitação, recuperação de lesões, para atenuar os declínios relacionados à idade na função e na massa muscular e também para o controle de peso.

O exercício de resistência cardiorrespiratória depende principalmente do sistema aeróbio para fornecer energia para o desempenho da atividade. Os combustíveis predominantes para exercícios aeróbicos são carboidratos e gorduras, mas a oxidação de aminoácidos pode contribuir com valores entre 5% e 20% em direção ao metabolismo energético total.

Portanto, a suplementação com whey protein pode ser benéfica para aqueles que desejam melhorar a oxidação de proteínas durante o exercício e auxiliar na recuperação de exercícios prolongados por meio de reparo de tecidos.

Esportes de sprint (arrancada) múltiplo combinam elementos de exercícios de resistência e aeróbicos, ou seja, exercícios prolongados pontuados por curtos períodos de atividades de força como corrida, salto ou luta.

Os atletas de esportes coletivos podem se beneficiar da suplementação de whey protein de várias maneiras, incluindo melhorias na potência anaeróbia, aumento da massa muscular, fornecimento de combustível durante o exercício, reparo muscular e recuperação de glicogênio muscular após o exercício.

Whey proteins são a fonte ideal para suportar a síntese da proteína muscular em repouso e após exercícios de resistência, bem como para induzir hipertrofia muscular e ganhos de força com o treinamento de resistência.

Assim, a inclusão da proteína do soro do leite é um componente importante para aperfeiçoar a composição corporal. No entanto, a indicação do uso de suplementos nutricionais, como o whey protein, pode ser realizada por nutricionistas ou médicos especializados, após avaliação nutricional. (Milkpoint)


Jogo Rápido

Agrolink News 
O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, falou ao programa sobre o cenário lácteo. Tem ainda mais notícias do agronegócio e as cotações do mercado. Para ouvir o podcast, clique aqui. (Agrolink)
 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *