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17/01/2020

Porto Alegre, 17 de janeiro de 2020                                              Ano 14 - N° 3.145

 Relatório oficial da Agricultura aponta melhora na condição climática do Estado


 Secretário apresentou dados do relatório a representantes de entidades do setor agrário. (Crédito: Ederson Pravtz)

Nas próximas semanas, a chuva pode retornar ao Estado, afugentando a estiagem e impedindo o avanço de perdas na agricultura.

É o que aponta o relatório técnico unificado da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Irga e Emater-RS sobre a estiagem e seus efeitos, apresentado nesta quinta-feira (16), no Palácio Piratini, a representantes das Federações dos Municípios (Famurs), de Trabalhadores na Agricultura (Fetag), das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) e da Agricultura (Farsul).

O relatório, que será divulgado semanalmente, conta com uma avaliação das condições meteorológicas de dezembro e da primeira quinzena de janeiro; situação atual das culturas de verão, olerícolas, frutíferas, pecuárias de corte e de leite; perdas computadas nos municípios que decretaram estado de emergência (até 16 de janeiro); e a previsão meteorológica de 16 a 22 de janeiro, além da tendência para o mês de fevereiro.

A tendência é que, no próximo mês, a chuva volte para todo o Rio Grande do Sul, dentro da média histórica, mas ligeiramente abaixo do normal na Campanha e em áreas próximas à fronteira com o Uruguai. “Este novo cenário não indica um agravamento da situação; mesmo assim, o Estado continuará com as medidas anunciadas para aliviar os efeitos da estiagem”, assegurou o secretário em exercício da Agricultura, Luiz Fernando Rodriguez.

As principais ações do governo estadual são a contratação de empresas para a perfuração de 20 poços em áreas com extrema restrição hídrica e a realocação de recursos para o programa Troca Troca de Sementes, a fim de antecipar a semeadura de forrageiras. Acesse o Relatório Seapdr 01 - Estiagem clicando aqui. (SEAPDR)

Custos/Alemanha
Os últimos cálculos sobre os custos de produção de leite na Alemanha mostram que em outubro de 2019, somente 78% dos custos foram cobertos. 

De acordo com os resultados do estudo trimestral sobre os custos de produção, realizados pelo BAL, Escritório de Sociologia Agrícola e agricultura da Alemanha, no mês de outubro de 2019 os custos de produção chegaram a € 0,4371/kg, e o preço pago ao produtor de leite foi de € 0,3423/kg.

O relatório Preços/Custos ilustra quanto o preço do leite cobre os custos de produção.
O gráfico mostra que o déficit é constante desde 2009. 
 

 
O relatório divulgado pela entidade EMB (Comitê Europeu de Leite) sobre os custos em outros países europeus mostra que entre 2013 e 2017, os preços também não cobriam os custos na Bélgica, Dinamarca, França, Luxemburgo e Holanda. (EMB – Tradução livre: Terra Viva)

 
Leite/Perspectiva 2020

A oferta de leite no mercado brasileiro deve seguir limitada em 2020, especialmente no primeiro trimestre, o que pode sustentar os preços pagos ao produtor em patamares mais elevados. 

Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, essa perspectiva está fundamentada na possível alta dos custos de produção e no recente maior abate de matrizes.

No caso dos custos de produção, os preços do milho e do farelo de soja, componentes da ração, têm subido no mercado brasileiro. O aumento dos valores do milho está atrelado ao forte ritmo das exportações do cereal. Há também que se considerar que, num cenário de incentivo à produção de combustíveis renováveis, o milho tem sido cada vez mais utilizado para a produção de etanol, o que pode reforçar o movimento de valorização desse cereal.  

Quanto ao farelo, a demanda do setor pecuário pelo derivado de soja pode se aquecer neste ano, resultando em altas nos preços. Além disso, o dólar em patamar elevado aumenta o interesse pela comercialização desses insumos no mercado externo. Esse cenário pode prejudicar a relação de troca do pecuarista, principalmente no primeiro semestre.

No caso do abate de matrizes, a atratividade da pecuária de corte no encerramento de 2019 – em novembro, os preços da arroba do boi atingiram recordes reais da série histórica do Cepea – levou muitos produtores a mandarem precocemente fêmeas para o abate. Também deve-se levar em conta que, dada a alta nos preços dos bezerros, é possível que produtores de leite invistam na criação destes animais e passem a destinar maior parte da produção de leite para a sua alimentação.

Embora seja delicado projetar o potencial de oferta de uma atividade que se ajusta diariamente, como no caso do leite, 2020 pode continuar a ser um ano difícil para a recuperação da produção. É importante lembrar também que, com a valorização do dólar, as importações de leite em pó são desestimuladas, o que pode diminuir a disponibilidade de leite às indústrias. O levantamento do Cepea mostra que, neste início de ano, a concorrência entre empresas para garantir a compra de matéria-prima e abastecer seus estoques têm se elevado, resultando em altas de preços. 

A dificuldade em se elevar a produção tem se mostrado como um gargalo estrutural para o setor. A principal limitação ao pecuarista é realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo, o que inclui a volatilidade das cotações. Estas, por sua vez, dependem de um delicado equilíbrio entre a oferta no campo e o consumo de derivados lácteos. Em 2019, por exemplo, a previsibilidade do mercado foi afetada por duas forças antagônicas: oferta enxuta e retração da demanda – as quais levaram a uma curva de preços atípica no ano passado.

Ainda que as expectativas para a produção em 2020 sejam cautelosas, é importante ressaltar que a perspectiva de crescimento do PIB acima de 2% é um fator positivo para diminuir as incertezas. Como o consumo de lácteos está diretamente ligado ao aumento da renda, o crescimento econômico pode melhorar as margens da indústria (espremidas em 2019) e permitir que os preços ao produtor se mantenham em patamares elevados, mas mais alinhados ao padrão sazonal. (Cepea)

 
Isentos que pagam
Estamos próximos daquela época do ano em que os brasileiros começam a reunir informações para, no começo de março, prestar contas à Receita Federal. Não há quem não reclame e ache alto os valores a serem pagos. E um dos motivos é simples: o salário não acompanha a mordida do leão. Estudo do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) aponta que, se a tabela do Imposto de Renda tivesse sido reajustada pela inflação, de 1996 para cá, o valor mensal para isenção seria de R$ 3.881,65, e não os atuais R$ 1.903,98. Essa diferença de 103,87% faria com que 20 milhões de brasileiros não precisassem pagar o IR - o dobro do número atual. O levantamento demonstra também que essa defasagem pesa ainda mais para aqueles que recebem menos. Há uma distorção, portanto. O interessante é que esse estudo passa pelos anos FHC, Lula, Dilma, Temer até chegar a Bolsonaro. Ou seja, é um problema que nenhum governo conseguiu resolver de forma definitiva. E, claro, não é simples, pois pressupõe que a União abra mão de arrecadação - algo não usual no país. Bolsonaro já falou sobre o assunto em pelo menos dois momentos desde que assumiu a Presidência. Em maio, afirmou que a tabela do IR seria reajustada pela inflação de 2019. No final do ano, sustentou que quem ganha até R$ 3 mil deveriam ficar isento. Mas com as contas no vermelho, até agora, nada foi feito. Há uma expectativa de que o assunto faça parte da reforma tributária que ainda será enviada ao Congresso, logo, uma correção mais efetiva e que realmente alivie o bolso do brasileiro está longe de ocorrer. (Zero Hora)

 

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