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16/10/2019

Porto Alegre, 16 de outubro de 2019                                              Ano 13 - N° 3.088

 Plano de saúde tecnológico para a vaca não ir pro brejo
Na série Te Mostra, Rio Grande, a iniciativa dos irmãos de Santa Maria que criaram coleira para monitorar bovinos e antever doenças


Quando alguém pergunta a Leonardo Guedes sobre seu trabalho, é assim que ele gosta de responder:


- A gente traduz a opinião da vaca.


Foi o jeito que achou para explicar a sacada que deu origem à Cowmed, em 2015, em Santa Maria: usar tecnologia para ajudar criadores de gado a identificar sinais de doenças nos animais, o que, na prática, começaram a chamar de plano de saúde da vaca. Ele percebeu que os criadores não conseguiam observar os hábitos de cada animal, por isso, só notavam os sinais de uma doença em estágio avançado.


- Geralmente, o animal tende a esconder a doença. O produtor vê que a vaca está doente quando ela já está deitada - explica.
Aí é que entra a tradução. Leonardo e o irmão Thiago Martins criaram, em 2012, uma coleira que é colocada no pescoço da vaca e, por um sensor, monitora a saúde do animal. O sistema consegue acompanhar a ruminação e os movimentos para identificar quando o comportamento está fora do padrão. Sempre que existe uma variação, o produtor recebe um alerta no celular: se a vaca diminuiu seus níveis de atividade e ruminação, pode ser um sinal de que está doente. Se a atividade aumenta, pode ser que a vaca esteja no cio.


Ou seja, é possível acompanhar um rebanho inteiro, o tempo todo, e assim aumentar a produção de leite e melhorar a reprodução dos animais. Eles já conseguem reconhecer mudanças de comportamento até cinco dias antes de uma doença se manifestar.
A tecnologia desenvolvida pela empresa já ajuda mais de cem criadores em 11 Estados brasileiros. Hoje, o sistema monitora mais de 15 mil vacas. Nédio Genario é criador de gado e nunca soube exatamente a melhor época de reprodução de cada animal. Ele tem 65 cabeças no norte gaúcho e não consegue observar todos o tempo inteiro. Sempre aberto a novas tecnologias, resolveu investir nas coleiras e agora recebe um alerta no período de cada cio.


- O sistema acusa, e aí a gente vai lá e insemina a vaca - conta.


Além disso, a produção de leite aumentou: é que uma vaca, se não emprenha, alonga muito a lactação e diminui o leite. Então, quanto antes emprenhar, melhor.


Investimento
O valor aplicado compensa, de acordo com o produtor. Genario paga R$ 11,90 mensais por animal. Cada coleira custa R$ 160. Ele também sabe que vai receber um aviso se alguma vaca começar a ficar doente. Com essa antecedência, ele consegue planejar o tratamento, os gastos são menores e a chance de recuperação é maior:
- No final das contas, tu consegue um leite bom, de qualidade, e retorno financeiro.

Paraná sem vacina contra febre aftosa
Agora é oficial. O Paraná poderá deixar de vacinar os 9,2 milhões de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa com o objetivo de buscar a evolução do status sanitário para livre da doença sem imunização, condição hoje que somente Santa Catarina tem. A autorização veio com instrução normativa assinada na tarde de ontem pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Os animais já não participam da segunda etapa da campanha nacional de vacinação, que ocorre em novembro.
A medida reforça a pressão sobre o Rio Grande do Sul, que ainda espera o relatório parcial de auditoria feita em setembro. O documento é aguardado com ansiedade - a expectativa é de que chegue até o final desta semana -, porque sinalizará se o Estado tem condições técnicas de também dar esse passo.
Os gaúchos ainda vacinarão o rebanho neste ano, e a decisão em relação à manutenção ou não da imunização será tomada de forma conjunta, reforça Rosane Collares, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do RS.
Havia a sinalização de que, a partir da autorização dada para o Paraná deixar de vacinar, o trânsito de animais vivos de áreas com imunização seria restrito - via corredores sanitários. Mas, segundo o Ministério da Agricultura, não haverá modificações na circulação até 31 de dezembro deste ano. O ingresso de exemplares vacinados passa a ser proibido a partir de 2020.
A evolução de status, concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é vista como oportunidade de acesso a mercados diferenciados. A progressão paranaense poderá ser solicitada pelo Brasil em setembro do próximo ano. A confirmação pode ser oficializada pela OIE em maio de 2021.
- O Brasil tem uma oportunidade gigante de ser um grande exportador não só para a China como para outros países. Então, o Paraná dá um passo importante, mas as coisas não acontecem de uma hora para outra - observou a ministra da Agricultura.
No Estado, a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura está cumprindo roteiro pelo Interior, dando palestras justamente para esclarecer dúvidas e mostrar como é a atual estrutura.
- O que sentimos é que as pessoas estão com opinião muito baseada no que acontecia antigamente, não conhecem as evoluções do sistema. Nossa função é esclarecer - pondera Rosane.

Com acesso à minuta da proposta de reforma do funcionalismo público, cresceu a preocupação da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado. O presidente da entidade, Antonio Augusto Medeiros, cita entre os pontos de inquietação a redução do abono permanência. "Possivelmente vai desestimular a continuar no serviço, podendo gerar alto déficit de servidores no momento em que se busca evolução do status sanitário". (Zero Hora)

Argentina: preço do leite sobe novamente em meio ao baixo consumo

Um produto-chave da alimentação dos argentinos, o leite, teve novo aumento de 10% nos preços, o que afetou mais uma vez o consumo, atualmente de 176 litros por habitante por ano (41 litros a menos que em 2015).

Segundo pesquisa realizada pela Defesa de Usuários e Consumidores (DEUCO), o preço do leite integral La Serenísima passou de 44,20 pesos (US$ 0,76), em agosto deste ano, para 48,70 pesos (US$ 0,84), ou seja, 10% mais caro; o leite integral com ferro foi de 45,60 pesos (US$ 0,78) para 50 pesos (US$ 0,86); o leite integral sem lactose de 46,60 pesos (US$ 0,80) para 51,30 pesos (US$ 0,88); e o leite UHT, integral ou desnatado (por litro) de 53 pesos (US$ 0,91) para 58,20 (US$ 1); todos com o mesmo aumento percentual.

No relatório DEUCO, foi citado um trabalho do Observatório da Cadeia de Laticínios da Argentina (OCLA), que diz que “o consumo de leite por habitante por ano é de 176 litros”, ou seja, “menor do que o registrado em 2015, quando a população argentina consumia 217 litros por habitante/ano". 

Agora, com esse novo aumento, os preços dos produtos lácteos cresceram até 42,9% entre maio e outubro deste ano. O queijo é um dos produtos mais afetados pelo aumento, já que seu preço subiu entre 10 e 15% de acordo com o tipo e, em alguns casos, chegou perto da barreira dos mil pesos.

Por fim, com base em dados da OCLA, a entidade informou que a venda de laticínios caiu 11,9% comparando os períodos de janeiro a julho de 2018 e 2019. Por exemplo, a venda de sobremesas e cremes lácteos caiu 34,4%; enquanto o leite em pó desnatado segue com 27%; leite não refrigerado com 22,8%; e manteiga com 16,7%; entre outros. (As informações são do DiarioPopular.com.ar, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint) 

Leite e derivados
O preço do leite ao produtor interrompeu a trajetória de queda iniciada em julho. Em setembro, o valor bruto foi de R$1,47, na média nacional, alta de 1,85% sobre o mês anterior. Apesar desse aumento no preço do leite, a relação de troca ao produtor piorou em função dos aumentos mais expressivos nos preços do milho e do farelo de soja. Confira a análise completa no Boletim Indicadores Leite e Derivados. Clique aqui. (Embrapa)

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