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10/12/2018

 

Porto Alegre, 10 de dezembro de 2018                                              Ano 12 - N° 2.876

Leite tipo exportação

Até outubro, o Brasil exportou próximo a 18 mil toneladas de leite em pó para cerca de 50 países. Nas vendas externas do agronegócio este volume é considerado insignificante e mais de 20% inferior à quantidade registrada no mesmo período de 2017. Desde o início de 2018, representantes da cadeia leiteira nacional, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Aliança Láctea (que representa os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e o Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat/RS) buscam alternativas para mudar esse cenário e fazer da exportação de lácteos uma aliada no equilíbrio do setor no mercado interno. As entidades elaboraram um projeto que visa ampliar as exportações brasileiras de lácteos dos atuais 1% da produção para 10% até 2025. Entre os principais entraves a serem enfrentados está a questão do preço do leite em pó brasileiro, bem mais caro do que o oferecido no mercado internacional. 

O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, explica que, hoje, o quilo do leite em pó no mercado internacional oscila entre R$ 11 e R$ 12, enquanto que no mercado interno chega a R$ 15. "O problema maior está nas dificuldades logísticas que precisam ser racionalizadas para diminuir o frete do produto até o porto e no custo de produção, muito alto", reclama. Palharini salienta que o setor tentou encaminhar com o governo, no início deste ano, a possibilidade de realização de leilões na modalidade Prêmio de Escoamento da Produção (PEP), mas não obteve sucesso. "Com o PEP compensaria o frete e se conseguiria vender com preço mais atrativo. Vamos tentar retomar o assunto quando assumir a nova ministra da Agricultura", adianta. A pesquisadora da Equipe Leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), Nathália Grigol, diz que a dificuldade do setor leiteiro de colocar seu produto no mercado externo tem origens na história da cadeia no Brasil. 

"O preço pouco competitivo do produto brasileiro se deve à desorganização do setor leiteiro e à falta de políticas de Estado que respaldem a atividade", analisa. Nathália aponta que para entrar na briga pelo mercado externo são necessárias atitudes desde dentro da porteira - como assistência técnica, gestão da propriedade e medidas sanitárias - e fora dela, com o fortalecimento das relações entre produtor e indústria. "Só com estes dois entes caminhando juntos, e o apoio correto do governo, é que se poderá competir com nações que têm tradição neste comércio", pontua. 

SANIDADE É RESTRIÇÃO. A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteo) esclarece que, além da questão dos preços, o produto nacional enfrenta restrições na União Europeia, na Turquia e na Bielorrússia, regiões onde é exigido o Certificado Sanitário Internacional, de comprovação de zona/região livre de brucelose e tuberculose. A Viva Lácteo ressalta que estes mercados embargam o leite em pó brasileiro pelo princípio de precaução em detrimento da análise de risco, uma vez que, do ponto de vista sanitário, inexiste o risco de se contrair brucelose e tuberculose pelo consumo de leite em pó, condensado, queijos maturados e outros derivados. "Alguns países preferem desconsiderar as alegações científicas, afim de manter barreiras não tarifárias", salienta a assessoria da associação.

Os três estados da região Sul respondem por um terço da produção nacional de leite, o que representa cerca de 12 bilhões de litros. De acordo com a Aliança Láctea, essa produção poderá chegar a 50% do total do país até 2025, num território que detém apenas 15% da população, o que leva a um excedente de matéria - prima. Tiago Rodrigues, assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Leite da CNA, lembra que facilitar as exportações é o caminho para manter a balança comercial mais forte e evitar que o preço interno se deteriore, como ocorreu em 2016 e 2017 com a importação de volumes expressivos do Mercosul. "Os Estados do Sul têm o potencial necessário para impulsionar as exportações, pois produzem com muita qualidade e muito profissionalismo", afirma Rodrigues. O assessor conta que no início de novembro a CNA levou empresas de lácteos nacionais a uma feira em Xangai, para mostrar a qualidade da produção. "A China representa hoje 40% do mercado importador de lácteos e o Brasil precisa ingressar neste segmento", completa. Os principais mercados importadores de lácteos brasileiros são Arábia Saudita, Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Paraguai, Peru e Rússia. Estão em fase de abertura a África do Sul, a China e o México. (Correio do Povo) 

 

Cooperativa exporta há oito anos, mas aponta instabilidade

O alinhamento das variáveis de sanidade, preço e políticas públicas para o setor leiteiro, que estão sendo defendidas pela CNA, Aliança Láctea Sul Brasileira e Sindilat/ RS e que visam dar competitividade aos produtos lácteos brasileiros, é esperado pelas empresas gaúchas que já exportam para o mercado internacional. No Rio Grande do Sul, a Lactalis, empresa de matriz francesa com plantas instaladas na região de Santa Rosa, iniciou suas operações de exportação a partir deste ano, com as primeiras cargas de leite achocolatado, creme de leite e leite condensado embarcadas para o Uruguai. Já a Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL) exporta, desde 2010, leite em pó, creme de leite e achocolatados para países africanos, do Oriente Médio e da América do Sul. De acordo com a diretora comercial da CCGL, Michele Muccillo Selbach, não há regularidade nos volumes embarcados para o exterior, o que leva as operações a serem realizadas pontualmente. "No ano de 2015, as exportações de leite em pó participaram em 24% do volume total de lácteos comercializado pela empresa, mas no ano seguinte, as exportações não foram viabilizadas. Em 2017, as vendas externas representaram em torno de 4% e neste ano estão por volta de 1%", exemplifica a diretora. Michele diz que o carro - chefe das vendas da cooperativa para o exterior é o leite em pó, cujo volume diário processado na unidade de Cruz Alta chega a 2,2 milhões de litros em duas torres de secagem. "Os esforços em promover a exportação de produtos lácteos são essenciais para que se articule junto às empresas, entidades, órgãos governamentais e se construa um projeto para melhorarmos a competitividade frente aos concorrentes internacionais", salienta a diretora. Segundo ela, em todas as fases de expansão da CCGL, a análise do mercado internacional foi prioridade. "Nossa unidade industrial (inaugurada em 2016) foi projetada com a finalidade de atender aos mercados mais exigentes em termos de qualidade e controle de processos", relata. No quesito sanidade, a cooperativa executa um programa próprio de certificação da brucelose e da tuberculose, divido em três fases e que já chega a 40% dos 4,2 mil produtores associados à cooperativa. "Esses produtores representam 80% do nosso rebanho fornecedor. Na fase atual, 50% dos animais testados já foram negativados para as duas doenças", garante Michele. (Correio do Povo)

Nova referência para preço do leite em MG

Maior produtor de leite do Brasil, Minas Gerais terá a partir do próximo ano um novo sistema de preços de referência para o alimento. O cálculo será feito por um grupo de acadêmicos e deverá nortear laticínios em relação aos valores a serem pagos aos produtores no Estado. A expectativa de quem está no campo é que a indústria passe a pagar mais pelo leite, sem que esse aumento chegue ao consumidor. O cálculo dos preços de referência - dos leites de qualidade intermediária, superior e inferior - será feito por uma entidade que será oficialmente formada esta semana, o Conseleite. Será um conselho com representantes dos criadores de gado leiteiro, de cooperativas de leite e dos laticínios que operam no Estado. Dois professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) terão a tarefa de analisar mensalmente os custos dos laticínios e os custos de produtores de distintos perfis. Vão agregar essas informações a dados do mercado e calcular preços referenciais para o leite a ser pago ao produtor. Os preços devem começar a ser anunciados em fevereiro ou março do próximo ano. Será um valor de referência para o mês corrente e outro para mês seguinte. 

O primeiro Conseleite do país foi criado no Paraná em 2003, e depois vieram os do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ideia foi motivada por suspeitas constantes dos fazendeiros de que laticínios os exploravam, pagando preços aviltantes pela matéria prima. Para a instalação do Conseleite em Minas Gerais, duas dezenas de laticínios do Estado, com portes e produtos variados, já repassaram, sob condição de sigilo, seus números para o grupo de acadêmicos. A ideia é que essa amostra reflita a realidade dos aproximadamente 800 laticínios mineiros. Nenhum laticínio estará obrigado a pagar aos criadores de gado leiteiro os valores apontados como referência. Mas Celso Costa Moreira, diretor executivo da entidade que representa a indústria em Minas, o Silemg, diz que certamente todos passarão a levar os números em conta e que serão preços que a indústria poderá suportar. De acordo com ele, o Conseleite terá um impacto na qualidade do produto mineiro. "Hoje muitos laticínios que não são tão exigentes pagam pelo leite com mais ou menos qualidade o mesmo valor", afirma Moreira. "Com o Conseleite, teremos o preço do leite padrão e o produtor com leite de melhor qualidade receberá um valor maior, e vice-versa." Ele aposta que isso será um estímulo decisivo para o aumento da qualidade de toda a cadeia leiteira em Minas Gerais. E que abrirá mais portas do mercado externo para derivados de leite do Estado. Minas Gerais produz ao ano cerca de 9 bilhões de litros de leite - quase um terço de toda a produção nacional. São 223 mil produtores. O faturamento anual dos laticínios é de R$ 10,5 bilhões. O que tem servido de referência para os preços pagos aos produtores mineiros é o índice calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da USP. O Cepea usa informações de cooperativas e laticínios. Mas produtores de Minas Gerais afirmam muitas vezes que o índice é insuficiente como fonte de referência. 

Um dos objetivos do Conseleite em Minas é que produtores, cooperativas e laticínios passem a ter uma referência calcada em informações mais detalhadas do Estado e que todos referendem. "Acredito que os novos preços de referência no Conseleite serão acima dos preços que o Cepea tem publicado", diz Eduardo Pena, presidente da Câmara Técnica da Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). "Vamos poder cobrar preços melhores da indústria, mas vamos também que cumprir contrapartidas", afirma referindo-se à qualidade. Os acadêmicos que estão envolvidos na implementação do Conseleite mineiro são José Roberto Canziani e Vânia Guimarães - ambos professores do Departamento de Economia Rural da UFPR - e Fernando Curi Peres, professor aposentado da USP. Canziani disse ao Valor que avalia que no curto prazo, os novos preços de referência poderão fazer com que os milhares de pequenos produtores de Minas, que hoje não têm muita informação nem muitos argumentos para discutir com laticínio para o qual fornece, passem a receber um valor maior pelo seu leite. Para ele, nesse primeiro momento, a indústria talvez reduza um pouco o valor pago ao grande produtor - remunerando de forma mais equilibrada seus fornecedores. São ajustes na cadeia, mas que nada afetam o preço ao consumidor, afirma. No médio prazo o que se espera é que todo o setor de leite em Minas ganhe e que a produção possa aumentar", afirma o acadêmico. (Valor Econômico) 


Bolsonaro anuncia Ricardo Salles como novo ministro do Meio Ambiente
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou o Twitter na tarde deste último domingo (9) para anunciar o advogado Ricardo Aquino Salles como futuro ministro do Meio Ambiente. Com esse anúncio, o primeiro escalão da Esplanada está fechado com 22 ministérios. Filiado ao Partido Novo, Salles concorreu sem sucesso ao cargo de deputado federal por São Paulo. Foi secretário estadual do Meio Ambiente no governo de Geraldo Alckmin, de quem também foi secretário particular. (As informações são do jornal Folha de São Paulo)

 

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