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19/09/2018

 

Porto Alegre, 19 de setembro de 2018                                              Ano 12 - N° 2.824

Situação mundial dos lácteos: preços estáveis com crescimento lento da oferta de leite

A rede International Farm Comparison Network -  IFCN realizou nesta semana a sua conferencia anual para seus parceiros da indústria, em Parma, Itália. Os temas dos representantes de 80 empresas foram as perspectivas dos lácteos no longo prazo e o Big Data como fator de mudança da pecuária leiteira e da cadeia de abastecimento no futuro.

Perspectivas para 2019
No âmbito do setor lácteo mundial, após a última crise em 2016, a indicador IFCN para o preço típico do leite ao produtor se manteve ao redor dos US$ 35/100 kg de leite ao longo dos últimos dois anos (Figura 1), indicando estabilização. A média histórica é de US$ 37/100 kg, para os últimos dez anos. Convertidos e corrigidos mensalmente pelo IPCA para ago/18, a média do indicador de preços global equivale a R$ 1,10/litro, enquanto que a média dos preços corrigidos do Brasil é R$ 1,27/litro, cerca de 15% maior.

A estabilização de preço pode ser uma indicação de que atualmente a demanda esteja crescendo mais rapidamente que a produção de leite no mundo. Uma rápida desaceleração do crescimento da oferta de leite no mundo, ao redor de 1,6% em agosto versus 3,1% em janeiro de 2018, vem colaborando para a estabilização de preço no patamar de US$ 35/100 kg ECM (corrigido para 3,3% proteína e 4% de gordura). Para 2019, espera-se que a demanda tenha um crescimento um pouco mais robusto, o que tende a sustentar os preços.

Big data na pecuária de leite
Em decorrência da crescente utilização das tecnologias emergentes, tais como sensores e câmeras, o volume de dados gerados nas fazendas é crescente. Os dados podem revelar informações valiosas se bem utilizados, pois possibilitam revelar padrões, tendências e associações, especialmente relativos ao comportamento e interações entre indicadores. Combinados com plataformas avançadas estes dados podem criar novos valores para os agricultores, processadores e consumidores.

Constata-se uma disponibilidade de informações que podem melhorar a produtividade animal e o seu conforto durante o manejo, além de valor incremental e maior transparência em termos de informação para toda a cadeia de abastecimento de produtos lácteos.

À medida que os custos dessas tecnologias vão diminuindo, cria-se uma situação em que várias fontes de informações e insights podem ser integrados, correlacionadas e analisadas para solução de problemas complexos em tempo hábil.

Perspectivas de longo prazo
O IFCN estima que haja um crescimento para a demanda de lácteos para 2030 equivalente a 304 milhões de toneladas/ano. Isso representa o equivalente a três vezes a produção de leite dos Estados Unidos atualmente. Para ativar essa produção os especialistas que compõe a Rede pressupõe-se um preço do leite mundial ao redor de US$ 40/100 kg. Portanto, um preço superior à média histórica. (As informações são da Embrapa. (Artigo de Lorildo A. Stock e Sergio R. Teixeira))              
 
 Figura 1 - Indicador IFCN para o preço global do leite ao produtor.
 

 

Embrapa seguirá sob comando de pesquisador

O Conselho de Administração da Embrapa escolheu Sebastião Barbosa, pesquisador de carreira aposentado, como novo presidente da estatal, apurou o Valor com uma fonte graduada do governo. A indicação ainda precisa passar por análise da Casa Civil, mas sua nomeação deve ser publicada até 10 de outubro. Na disputa com Barbosa estavam o pesquisador Cléber Soares, atual diretor da Embrapa e que chefiou a unidade Gado de Corte em Campo Grande (MS), e o ex-ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, o único candidato de fora da empresa. Todos foram entrevistados na última segunda-feira.

O Valor apurou que seus concorrentes sofreram resistência interna de servidores da estatal na reta final. Enquanto Soares foi considerado jovem para o cargo, Guedes foi alvo de críticas por parte de segmentos do agronegócio por sua atuação em cargos no governo, na Conab e no Banco do Brasil. O processo de seleção atendeu às novas regras impostas pela Lei das Estatais, que preza pela transparência e busca blindar as empresas públicas de indicações meramente políticas. Nas últimas três décadas, todos os presidentes da estatal foram servidores de carreira. Os 16 candidatos na primeira fase foram divulgados pela estatal e tiveram que justificar por que desejavam se inscrever para o cargo. Antes, o conselho apenas enviava uma lista tríplice para o presidente da República, que nomeava o presidente da Embrapa.

Com o currículo mais bem avaliado pela Embrapa entre os postulantes ao cargo, Sebastião Barbosa é agrônomo de formação com grande experiência como pesquisador nas áreas de defesa fitossanitária e controle de pragas, já tendo representado a FAO, Agência para Agricultura e Alimentação da ONU, em foros internacionais sobre esses temas. Essa experiência internacional pesou para sua escolha. Também foi chefe-geral da Embrapa Algodão, em Campina Grande (PB), entre 2014 até este ano. Nos últimos anos, Barbosa também vinha liderando um movimento para criar condições de retomada da produção do algodão no semiárido nordestino, região que já teve destaque nessa área na década de 1970. O processo seletivo para a presidência da estatal não escapou de críticas do setor do agronegócio. Em carta ao ministro Blairo Maggi, o Instituto Pensar Agro (IPA), que reúne as 40 principais entidades do segmento agropecuário e é o braço técnico da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), questionou o critério de seleção por currículo, recomendando que os candidatos apresentassem um plano estratégico com metas e iniciativas para a estatal.

Se referendado pelo Planalto, Sebastião Barbosa assumirá a Embrapa em meio a um dos maiores desafios recentes da estatal. A empresa, que passa por uma reestruturação, vem sendo cobrada por segmentos do agronegócio para que tenha maior protagonismo e se modernize. Em tese, a seleção ocorreria até o fim deste ano, porém Maggi resolveu antecipar o processo. A decisão também foi questionada por pessoas da própria Embrapa e do segmento agropecuário, por acontecer antes da eleição do próximo presidente da República. (As informações são do jornal Valor Econômico)

Curiosidades: robôs fazendeiros cuidam da inseminação das vacas à produção de leite

Ernst van der Schans, de 62 anos, transformou uma fazenda familiar, especializada em produção de leite, em uma das maiores propriedades do gênero na Holanda. Mas, em vez de as contratações crescerem ao longo dos anos, ocorreu o contrário. O produtor rural optou por se associar à tecnologia para melhorar seus ganhos e seguir em expansão. Dono da den Eelder, especializada em produção de leite e derivados, vendidos para grandes redes de supermercado da Holanda, mas também, em menor volume (1%) para a Espanha e Curaçao, Schans trocou parte do trabalho feito por humanos pela robotização de sua operação. Os robôs atuam em várias frentes, desde o empacotamento do feno que será usado para a alimentação animal até na linha de envaze e de fechamento das caixas com leites, iogurtes e manteiga que seguirão para o varejo. Schans assumiu a atividade agrícola em 1983, pouco depois da morte do pai, que também era fazendeiro. Foi um período difícil e ele decidiu investir com a expectativa de conseguir suprir as necessidades financeiras da família. Depois, o empreendedor se casou e teve três filhos. Todos fizeram faculdade e hoje trabalham, direta ou indiretamente, na den Eelder.

Falta de pessoal
Os primeiros robôs chegaram à den Eelder há seis anos. A decisão foi tomada porque o empreendedor sentiu dificuldades na contratação de mão-de-obra para a ordenha. Com 500 vacas e 300 bezerros, a fazenda é considerada grande para os padrões holandeses, onde predominam propriedades menores, com menos animais. Hoje, só na parte de ordenha, estão em operação oito robôs. Cada um, acoplado a computadores que apontam em tempo real as características do animal, custa 1,5 milhão de euros (algo como R$ 7,2 milhões). O equipamento mais recente chegou há um ano e foi instalado em uma segunda área para os animais, com investimento total de 1,6 milhão de euros. A tecnologia foi financiada em um prazo de dez anos. A produtividade é 10% maior do que no caso da ordenha manual. Todo o processo para a retirada do leite não precisa de contato manual. O equipamento desinfeta as tetas da vaca, identifica por meio de luzes de infravermelho onde os sugadores devem se fixar e faz a extração do líquido. Os animais ficam tão tranquilos com a operação de ordenha mecânica que fazem fila para passar pelo ritual - claro, são agradados com ração e por uma máquina que relaxa os bovinos com uma grande escova que faz uma espécie de massagem nas costas.

Ganhos
Mas os robôs da fazenda de Schans fazem mais do que ordenhar os animais. Por meio do auxílio de transmissão de dados por antenas, eles conseguem ler informações de colares eletrônicos instalados nos pescoços dos bovinos e saber se a temperatura do leite é a adequada - tem de ser de 37 graus para obter as melhores características -, e até qual é o ápice do período fértil da vaca, que dura no máximo quatro horas. Com isso, as tentativas de fertilização caem de três a quatro para uma a duas por animal. Parece apenas um detalhe, mas na ponta do lápis essa assertividade vai resultar em economia. Cada amostra de sêmen custa, em média, 12 euros. Com 500 vacas leiteiras, os ganhos podem ser relevantes no total da operação da fazenda. Assim como no Brasil, o lucro na produção de leite é baixo, em média de 5 centavos de euro por litro. A produção da unidade rural é de 16 toneladas de leite por dia (ou algo como 15,5 mil litros). Em uma conta superficial, por dia a fazenda rende a Schans em torno de 777 mil euros. Apesar da quantidade de animais e da fábrica de laticínios, a propriedade gera poucos empregos. Ao todo, são 35 funcionários -- apenas sete trabalham na fazenda. Durante a visita, a reportagem não viu nenhum funcionário nas duas áreas de confinamento dos animais, nem mesmo no controle dos computadores. A operação é 100% autônoma.

Visita ao Brasil 
Em 2016, Schans conheceu o Brasil, acompanhado de um grupo de produtores rurais. Além de São Paulo, o fazendeiro visitou Holambra - cidade no interior paulista onde vive uma grande comunidade de holandeses, especializados no cultivo de flores e plantas, que abastecem o varejo de todo o país. "Foi muito interessante ouvir as histórias de quando eles desembarcaram no Brasil e quantas dificuldades enfrentaram no começo", lembra. Schans prefere não definir uma data, mas diz que pretende aumentar a mecanização de sua fazenda de leite. "Isso tem ajudado no bem-estar das vacas", garante o empreendedor. Novos robôs também deverão ser acrescentados à fábrica de laticínios, que começou a produzir em 1999.

Robôs no Brasil
A Lely, fabricante dos robôs usados por Schans na ordenha das vacas, também tem negócios na América do Sul, em particular no Brasil, segundo Evert Niemeijer, gerente da companhia. De acordo com o executivo, um dos produtores brasileiros adquiriu quatro equipamentos. Também há robôs no Chile e no Uruguai - são 30 em território sul-americano.

A Lely tem um escritório de representação em Carambeí, no Paraná. Além dos desenvolvimentos robóticos, feitos na Holanda, também investe em softwares de gestão de fazendas produtoras de leite. No ano passado, essas duas áreas de atuação apresentaram um crescimento de 12%. O desempenho foi graças principalmente aos mercados da América do Norte e Japão. Em 2018, a companhia chega aos 70 anos de fundação e pretende manter os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para aumentar a oferta de produtos e de inovações. A estimativa é colocar 6% da receita em P&D. O principal argumento, segundo o executivo, é a queda do preço do leite. Mas, segundo Niemeijer, outro apelo cada vez mais relevante é o tratamento mais amigável dado aos bovinos com o uso de robôs. "O mercado pede por esse tipo de cuidado e respeito e está disposto a pagar por isso", garante.

Em 2017, de acordo com Niemeijer, foram comercializados pela companhia 300 robôs como os que Schans tem em sua fazenda. Crítico dos produtores chineses, que conseguem exportar leite e derivados a preços mais competitivos porque usam mão de obra remunerada segundo os padrões do país asiático, o executivo da Lely garante que equipamentos como o que vende são à prova de contaminação. "Ninguém acredita na produção leiteira dos chineses, que é manual. Com o tempo, os robôs também serão a solução para eles", avalia. Para Niemeijer, a mecanização deverá avançar cada vez mais nesse segmento, tanto por causa das exigências sanitárias cada vez mais rigorosas quanto por conta da necessidade de buscar ganho de produtividade. Mas essa aposta do executivo da Lely pode esbarrar, em mercados como o brasileiro, na insuficiência de linhas de crédito para o financiamento dos robôs. Ainda mais quando se trata de um mercado dominado por pequenos produtores, quase sempre com dificuldades de obtenção de recursos nos bancos. (As informações são do portal Correio Brasiliense)

Argentina - Em meio à crise, a produção cresce
Produção/AR - O setor lácteo argentino atravessa uma crise crônica que vem resultando no aumento do abandono da atividade leiteira no campo. Apesar disso, as estatísticas de produção mostraram crescimento de 6% na produção de agosto em relação a julho, e de 4% quando comparado com o mesmo mês de 2017. As fazendas de leite entregaram para a indústria 948 milhões de litros, o maior volume de 2018. Desta forma, os primeiros oito meses do ano acumulam alta de 6%. Mais preço - O levantamento oficial indica, além disso, que o preço pago ao produtor subiu em média 4% em relação ao mês anterior, e ficando 32% acima do valor de agosto de 2017. São 7,41 pesos pagos, [R$ 0,77/litro], em média, pela indústria ao nível nacional. Em Córdoba o valor médio foi menor: 7,31 pesos, [R$ 0,76/litro]. De qualquer forma, este aumento não consegue compensar a elevação dos custos de produção. Um mês atrás os produtores precisavam de oito pesos, e isto antes do dólar disparar e chegar a 40 pesos. O cálculo da Câmara dos Produtores de Leite de Córdoba (Caprolec) diz que são necessários 30 centavos de dólar, [R$ 1,24/litro] por litro de leite para que a atividade seja sustentável. (Agrovoz - Tradução livre: www.terraviva.com.br)

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