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22/09/2017

 

Porto Alegre, 22 de setembro  de 2017                                              Ano 11- N° 2.589

 

  Competitividade/Uruguai 

O presidente da Associação Rural do Uruguai (ARU), Pablo Zerbino, defendeu "competitividade, competitividade, competitividade", estabelecendo um paralelo com o discurso de posse do ex-presidente José Mujica na Assembleia Geral, quando propôs "educação, educação, e educação". No discurso, que abordou diferentes aspectos vinculados à produção agropecuária, à política nacional e internacional, mas também a temas sociais como fome, pobreza, e moradia, Zerbino destacou que a atual situação de perda de competitividade lembra momentos anteriores a crises profundas, como a vivida pelo país, em 2002. O dirigente destacou que muitos produtores estão ficando pelo caminho, sobretudo os com menores recursos, e nesse sentido disse que nos últimos 10 anos foram fechadas 502 fazendas de leite no Uruguai. 

Acrescentou que o setor agropecuário não é problema, e se deixarem pode ser parte da solução. Além do mais, alertou que o setor está em uma situação de tal fragilidade que qualquer advento adverso, seja climático, sanitário ou de mercado, pode ser mortal. O presidente da ARU manifestou a preocupação da entidade com a crise que atravessa o setor leiteiro, com o fechamento de indústrias, propriedades e postos de trabalho, além do grande endividamento que atualmente equivale a todo o rebanho de vacas de leite do país. Ressaltou a grande perda de rentabilidade do setor agropecuário, documentada por instituições como o Instituto Plano Agropecuário e Fucrea. 

Mostrou também que o grande peso salarial leva a cortes de mão de obra e perda de produtividade. Zerbino salientou que existe lastro para créditos, mas que houve perda na capacidade de pagamento. Destacou a grande produção de soja e de arroz da última safra, mas, alertou que os arrozeiros estão indo produzir em outros países porque no Uruguai não conseguem rentabilidade. "Parece que os produtores uruguaios são os primeiros da classe a fazerem os deveres, mas, os últimos a receberem as notas", afirmou. Por outro lado, Zerbino destacou a importância da exportação de gado em pé para sustentar o preço do bezerro, produção do setor de recria, o elo que, historicamente, foi o menos favorecido na cadeia pecuária.

Economia
O presidente da ARU disse que o governo usa o câmbio com âncora para controlar a inflação, e isto aumenta os custos em dólares do país. O Uruguai está caro em dólares e aumenta a pressão fiscal, gerando impostos que não estão relacionados com o espírito da reforma tributária, que é vincular a arrecadação à renda. Segundo a ARU o Impostos sobre o Patrimônio não deveria existir, porque o setor está sendo tributado na renda e pela Contribuição Territorial Rural. Zerbino considerou que deve ser mais eficiente no gasto, antes de buscar arrecadar mais. Disse que se deveria aprender com o Chile, país que boa poupança, para resistir os maus momentos. "A riqueza antes de ser repartida, precisa ser gerada", disse Pablo Zerbino, e acrescentou que são geradas através de empresas privadas, de forma genuína, com educação e com trabalho. "Tropeçamos outra vez, e na mesma pedra. O Uruguai parece conviver com a desvalorização cambial. É algo que está no DNA", afirmou.

Inserção internacional
Destacou que em matéria de inserção internacional o Uruguai retrocede, enquanto outros países avançam com estratégias comerciais. A participação do Uruguai no contexto internacional é muito pouco ou quase nada. As sólidas relações comerciais da Austrália e Nova Zelândia tornam a competição do Uruguai mais difícil. O principal limitante do Uruguai é o comércio ineficiente, e é necessária maior inserção internacional para participar adequadamente do comércio mundial. As pequenas economias são grandes exportadoras, e para ter sucesso a participação das exportações no PIB ficam em torno de 55%. A exportação no PIB do Uruguai é de 23%.

Políticas
Os preços dos combustíveis e da energia elétrica devem ser equivalentes aos preços de exportação e não devem ser utilizados com fins de arrecadação, disse Zerbino, aproveitando para protestar contra a postergação de investimentos em infraestrutura, que qualificou como fundamentais para o desenvolvimento do país. A ARU pleiteia, além disso que não se pode destinar recursos para educação sem metas concretas de realizações no médio prazo. Não faltou no discurso da ARU o tema da insegurança, e desta vez não foi feito referência a roubos de gado, mas, aos assaltos, que geram grande preocupação para a entidade. Outra preocupação é com o atraso nas aprovações de novos produtos biotecnológicos de soja e milho, tecnologias transgênicas que foram aprovadas em países concorrentes e que ao nível local continuam sendo discutidos. Nesse sentido Zerbino disse que não existem argumentos técnicos, nem sanitários, que impeçam a aprovação dessas tecnologias. O empresário defendeu a exportação de gado em pé, por ser um produto de grande inovação e desenvolvimento, porque com o gado se exporta muito valor agregado. "Queremos que os empresários continuem produzindo com confiança para servir melhor a uma crescente demanda mundial", destacou.

Consciência agropecuária
O presidente da entidade organizadora da Expo Prado se mostrou otimista e que não perde a esperança de que algum dia a população do Uruguai entenda que o planejamento é de grande importância para o crescimento econômico. Disse que o agronegócio é subestimado, quando se diz que não gera valor. Explicou que o início da agregação de valor da produção é o melhoramento genético, e destacou que os grandes campeões no pátio da exposição, eram a prova disso.

Projetar o mundo de 2050
Na segunda parte de seu discurso Zerbino convidou todos a projetar o mundo de 2050, e levou parte de um estudo realizado pela FAO. O documento destaca que a população urbana atualmente representa 49% do total, e que em 2050 passará a ser 70%, com maior poder aquisitivo, e essa população deverá ser alimentada. Mas, segundo as análises, em 2050, não serão solucionados os problemas da alimentação do mundo se os governos não aplicarem políticas de apoio aos agricultores. O presidente da ARU é da opinião de que o panorama internacional é bom para a produção de alimentos. Acrescentou que 85% das exportações de bens são agroindustriais, e o agro é o setor mais dinamizador da economia. "Quando o campo vai bem, o país também vai", disse. Insistiu que a eliminação da fome e da pobreza é um grande desafio mundial, e um compromisso para um país que produz alimentos.

Reconhecimentos
O presidente da ARU disse que recebeu com grande satisfação a notícia da abertura do mercado dos Estados Unidos para a carne ovina com osso, e destacou a grande colaboração que a entidade, assim como outras instituições, para alcançar esse mercado. Também destacou como algo positivo a prorrogação da bancarização obrigatório do agro, fato que geraria grandes inconvenientes para os produtores e assalariados rurais. Zerbino homenageou as mulheres rurais no Ano Internacional da Mulher; também os jovens que integram a Associação Rural de Jovens do Uruguai (ARJU), a quem agradeceu a colaboração para a realização da Expo prado, e aos diferentes meios de comunicação pela cobertura da feira. (El Observador - Tradução Livre: Terra Viva)

Arrecadação mostra recuperação e cresce 10% 

A melhora econômica mostrada em indicadores como aumento da produção, vendas no comércio e da massa salarial - somada ao desempenho dos programas de refinanciamento de dívidas (Refis) - fez a arrecadação de impostos dar sinal mais forte de recuperação em agosto. O crescimento no mês foi 10,78% (em relação a um ano antes), totalizando R$ 104,206 bilhões. Foi o melhor desempenho para o mês nos últimos dois anos. No acumulado do ano, a arrecadação chega a R$ 862,739 bilhões, alta de 1,73%. Segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias, o resultado demonstra o "rompimento da inércia recessiva". A melhora na atividade também levou à expectativa de melhores resultados de empresas e bancos, o que impulsionou a arrecadação sobre o lucro (IRPJ/CSLL). 

Além da melhora na atividade, ajudaram os números fatores como o aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis. "Podemos dizer que o resultado em agosto foi impactado fortemente pelo aumento da arrecadação dos tributos sobre o lucro, pela receita dos parcelamentos, pela elevação de alíquotas sobre combustíveis, pela atividade econômica como um todo e pelos trabalhados da administração tributária", destacou Malaquias. "Os números permitem analisar que a arrecadação até aqui está sendo puxada pela atividade econômica", disse. "Se a recuperação mantiver o patamar para os próximos meses, certamente a arrecadação será positiva." Os programas de parcelamentos especiais de dívida, conhecidos como Refis, contribuíram com R$ 3,017 bilhões para a arrecadação no mês passado. O prazo para adesão do programa em vigor termina em 29 de setembro. No acumulado do ano, a ajuda chegou a R$ 5,455 bilhões. Outro fator que chamou a atenção em agosto foi o comportamento da arrecadação de IRPJ/CSLL (excluindo o efeito dos parcelamentos especiais), cuja arrecadação teve aumento de 15,37% somando R$ 11,498 bilhões. Considerando os efeitos do parcelamento das dívidas, o aumento foi de 24,6% somando R$ 12,711 bilhões. 

Segundo Malaquias, os bancos e as empresas estão com a expectativa de que terão um lucro maior neste ano e esse comportamento está relacionado à atividade econômica e expansão dos negócios. No mês passado, o recolhimento de IRPJ/CSLL com base na estimativa mensal registrou um aumento de 29,36% somando R$ 7,395 bilhões. Desse total, R$ 2,729 bilhões foram pagos pelo setor financeiro (aumento de 43,48% ante mesmo mês de 2016) e R$ 4,667 bilhões pelas demais empresas (22,32%). "O recolhimento de estimativa em agosto foi positivo, de perspectiva de realização de lucros pelas empresas, que estimam um resultado mais positivo, mais favorável, para o ano. Há expectativa de lucro maior e isso está atrelado à atividade econômica e expansão dos negócios", explicou Malaquias. Em julho, por exemplo, a arrecadação de IRPJ/CSLL por estimativa do setor financeiro teve desempenho fraco, comportamento que continua sendo investigado pela Receita. "Agora que está se consolidando o aquecimento em diversos setores", frisou, acrescentando que os dados da Receita mostram que uma recuperação mais ampla da economia está alcançando todos os setores econômicos. 

A arrecadação no mês passado também foi afetada pelo aumento das alíquotas do PIS/Cofins-Combustíveis, que rendeu R$ 1,851 bilhão à Receita Federal, um aumento de 72,71% na comparação com o mesmo mês de 2016. O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, explicou que, mesmo que fossem excluídas receitas como do IRPJ/CSLL, programas de parcelamentos especiais e o aumento da alíquota de PIS/Cofins-Combustíveis, a arrecadação de impostos em agosto registraria um crescimento real de 5,57% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Ou seja, isso demonstra que a recuperação da economia realmente está ajudando a alavancar as receitas. (Valor Econômico)

 
 
 
Leite continua sendo alimento básico dos americanos, apesar da queda no consumo

O consumo per capita de bebidas à base de leite de vaca tem caído há muitos anos e a taxa de declínio também se acentuou nos últimos anos. O consumo per capita caiu a uma taxa média anual de 0,9% entre 1995 e 2010, mas a taxa de declínio aumentou para 2,6% entre 2010 e 2015. Ao contrário do leite de vaca, as vendas de bebidas à base de plantas estão em ascensão e ganhando mais espaço no corredor de lácteos. Esses produtos incluem amêndoa, soja, coco, caju, arroz e outras bebidas à base de plantas.

Um relatório recente do Serviço de Pesquisa Econômica (ERS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), "Em diferentes trajetórias: um olhar sobre as vendas de leite de vaca e sobre os análogos à base de plantas" destaca as recentes tendências de consumo de leite de vaca e análogos vegetais com base em dados das famílias.

Os dados podem ser usados para examinar as compras no nível doméstico de todos os itens de supermercado, por isso é útil para comparar os padrões de consumo de leite de vaca e bebidas à base de plantas. Os dados indicam que, mesmo que o consumo de leite de vaca tenha diminuído, esse ainda é um alimento básico na maioria das casas americanas.

Em 2015, os dados do Industrial Research Institute (IRI) ilustram que 92,2% dos consumidores compraram leite de vaca e 32,2% compraram uma bebida vegetal em algum momento durante o ano. De acordo com o ERS, 89,7% das famílias que compraram uma ou mais das bebidas vegetais também compraram leite de vaca.

Apenas 3,3% das famílias compraram uma ou mais bebidas vegetais, mas nenhum leite de vaca. Os dados do IRI mostram que as bebidas vegetais são geralmente mais caras do que o leite de vaca. Em 2015, meio galão [1,89 litros] de leite de vaca era vendido por US$ 2,42, em média. Os preços médios do leite de amêndoa, soja e outros produtos vegetais foram de US$ 2,87, US $ 2,98 e US $ 3,03 por meio galão, respectivamente.
 
Os dados do IRI mostram que a participação de mercado do leite de vaca caiu de 94,3% em 2013 para 92,4% em 2015. Ao mesmo tempo, a participação de mercado de bebidas de amêndoas passou de 3,4% para 5,1%, enquanto as bebidas de soja caíram de 1,8% para 1,4%. As vendas de outras bebidas vegetais aumentaram de 0,4% para 1,1%.

É interessante notar que grandes companhias de lácteos - como DannoneWave e Lactalis - têm fortes interesses comerciais em bebidas vegetais. E, enquanto a Califórnia é o Estado de maior produção de leite dos EUA, é também o líder na produção de amêndoas. (As informações são do Daily Dairy Report e USDA, traduzidas pela Equipe MilkPoint) 

 
 

Uruguaios e europeus ameaçam leite brasileiro
Além da entrada leite em pó do Uruguai, os produtores brasileiros agora sofrem ameaça da importação de produtos lácteos da União Europeia. O assunto é antigo e voltou a ser pauta depois da operação Carne Fraca, quando o governo europeu usou o leite como moeda de troca para compra de carne bovina do Brasil. De Porto Alegre, o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, comenta. CLIQUE AQUI para assistir ao vídeo. (Canal Rural)
 

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