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23/06/2017

Porto Alegre, 23 de junho de 2017                                              Ano 11- N° 2.526

 

  Leite condensado desbanca leite em pó nas exportações

A crise na Venezuela gerou uma mudança no perfil das exportações brasileiras de lácteos. Nos últimos anos, o principal produto da pauta de exportações do Brasil era o leite em pó, graças às compras do país vizinho. Mas o recrudescimento da crise no país governado por Nicolás Maduro afastou os exportadores brasileiros. Como reflexo, o leite condensado, que até o ano passado era o segundo item mais exportado em valor, tornou-se o primeiro da lista neste ano, e já é vendido para mais de 20 países, segundo dados compilados pela Viva Lácteos, que reúne empresas do setor.

Entre janeiro e maio deste ano, a receita com as vendas externas de leite condensado correspondeu a 43,2% do total de US$ 50,728 milhões em lácteos exportados pelo Brasil. Em igual intervalo do ano passado, equivaliam a 24,1% do valor das exportações, que então somaram US$ 52,229 milhões. Já a receita com os embarques de leite em pó correspondeu a apenas 15,6% do total de janeiro a maio deste ano. No mesmo período de 2016, as vendas de leite em pó representavam 48,2% do total exportado.

 


Com a redução nas vendas de leite em pó para a Venezuela, o país também perdeu relevância entre os importadores. No acumulado até maio, Caracas importou apenas US$ 8,15 milhões em lácteos do Brasil, ou 16,1% do total. Um ano antes, havia importado 49,1% do total. De uma certa forma, o Brasil foi obrigado a reduzir o que o setor chegou a chamar de "Venezuelodependência", e as empresas tiveram de buscar diversificar produtos e destinos.

Hoje, segundo Gustavo Beduschi, assessor técnico da Viva Lácteos, o Brasil exporta leite condensado para 22 países da África, Oriente Médio e América Latina, principalmente. Apesar da redução das vendas à Venezuela, o país segue como o principal mercado para o leite em pó brasileiro. Bolívia e Paraguai também adquirem o produto do Brasil.

Embora os montantes ainda sejam pequenos, as exportações de queijos e requeijão pelo Brasil também vêm ganhando importância, segundo a Viva Lácteos. Entre janeiro e maio deste ano já representaram 14,3% do total exportado. Além da Rússia, o Brasil também exporta esses itens a Chile, Argentina e Uruguai.

Enquanto as exportações de lácteos seguem com pouco fôlego, as importações continuam em alta no acumulado do ano. As compras no exterior vinham perdendo força até abril, mas em maio voltaram a subir em relação ao mês anterior. Até maio, já totalizaram US$ 272,005 milhões, alta de 33,1% na comparação com o mesmo intervalo de 2016. 

Mas a expectativa de analistas é que as importações recuem no segundo semestre. De acordo com Valter Galan, da MilkPoint, consultoria especializada em lácteos, a maior oferta no Brasil com a safra e o menor custo de produção devem desestimular as compras no exterior. Ele afirma que se as cotações internacionais do leite se mantiverem no patamar de US$ 3 mil a US$ 3,3 mil por tonelada e se o dólar ficar no nível atual "importar fica menos interessante". Isso porque com o aumento na produção, os preços domésticos tendem a cair tornando o leite nacional mais competitivo.

De fato, o mercado já sinaliza queda de preços da matéria-prima ao produtor, observa Laércio Barbosa, do Laticínios Jussara. Além do incremento da oferta de leite, a demanda está pouco aquecida. (As informações são do jornal Valor Econômico)

Produção global de leite tende a se recuperar lentamente

Os níveis da produção global de leite continuam a se recuperar após a forte contração no fim de 2016, informa o Rabobank em seu relatório trimestral sobre o mercado de lácteos. No entanto, o ritmo da retomada é mais lento do que o esperado por analistas do mercado.

De acordo com análise do banco holandês, os preços mais altos ao produtor e as condições climáticas mais favoráveis estão dando um "necessário alívio" para os produtores de leite ao redor do mundo depois de três anos de declínio nas cotações do produto.

Os preços nos EUA continuam acima dos valores na Europa e Oceania, estimulados pela demanda local e exportações maiores, em função do dólar ligeiramente mais fraco. A expectativa do Rabobank é que se as margens de produção seguirem boas, a produção de leite nos EUA continuará a crescer, depois de um leve tropeço no primeiro trimestre deste ano. Nos primeiros quatro meses do ano, a alta foi de 2% sobre igual intervalo de 2016. Além disso, o consumo doméstico de manteiga e queijo também deverá continuar a aumentar no país.

O Rabobank observa que as cotações médias ao pecuarista na Europa subiram no fim de 2016, mas permaneceram em patamares apenas moderadamente interessantes, o que levou a diferentes respostas por parte dos produtores. Pecuaristas na Irlanda, Polônia e Itália continuam a expandir a produção e também houve uma arrancada na produção tardia no Reino Unido no segundo trimestre deste ano.

No entanto, a produção como um todo na Europa cresce mais lentamente do que muitos esperavam, diz o relatório. No primeiro trimestre, foi 1,1% inferior a igual intervalo em 2016, e as indicações são de que a produção deve ficar atrás nos grandes países produtores também no segundo trimestre.

O fraco crescimento da produção na União Europeia, num período do ano em que os níveis de oferta de gorduras lácteas estão naturalmente deprimidos, e o forte aumento da demanda nos EUA têm contribuído para uma escassez global de gorduras lácteas, levando os preços da manteiga e do creme de leite a "níveis excepcionais". Neste ano, a tonelada alcançou quase US$ 6 mil, segundo o Rabobank, praticamente o dobro do patamar de 2016. "No curto prazo, para aliviar a pressão, processadores ficarão certamente tentados a elevar os preços ao produtor para estimular maior oferta de gordura láctea", afirma o relatório.

O Rabobank destaca ainda que a recuperação da produção de leite na América do Sul continua em ritmo lento, mas estável. No Brasil, os custos começaram a recuar e a produção e o consumo estão em recuperação. Ainda conforme o relatório, a Argentina também deve voltar a ampliar a produção no segundo semestre do ano.

Na Nova Zelândia, há mais otimismo com a nova safra do que havia nos últimos três anos e os preços iniciais ao produtor estão ao redor de 6,50 dólares neozelandeses por quilo de sólidos de leite. Conforme o banco holandês, o clima favorável na safra deve estimular um forte crescimento da produção.

Na China, relata o Rabobank, os preços ao produtor têm perdido força, restringindo o crescimento do volume de grandes fazendas de produção e forçando pequenos produtores a deixar a atividade. Isso significa que "mesmo um crescimento medíocre do consumo tem conseguido superar o aumento da oferta".

Como os estoques no país asiático estão baixos, a expectativa do Rabobank é que os níveis de importação da China terão de aumentar muito mais rápido no segundo semestre de 2017 e que o crescimento da importação em todo o ano ficará perto dos 20% já previstos.

De uma maneira geral, diz o banco, a expectativa é que recuperação da produção mundial continuará. Para a instituição, o aumento estrutural da demanda por gorduras lácteas é uma questão que levará mais tempo para ser solucionada, e há necessidade de que os preços se ajustem para refletir as mudanças nos padrões de consumo. Será preciso também novos incentivos de longo prazo para estimular a produção de mais gordura. (As informações são do jornal Valor Econômico)

Estados defendem modernizar legislação de inspeção

Os secretários estaduais de Agricultura defenderam, nesta quarta-feira (21), mudanças para modernizar a inspeção de produtos de origem animal. Eles querem autorização, por lei federal, para inspeção privada, com a permissão para que estados que adotam esses serviços possam comercializar os produtos dentro do país. O pedido foi apresentado durante reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri), em Brasília.

A inspeção é tratada distintamente da fiscalização e da auditoria, ambas de competência exclusiva de governo. Diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa e presidente da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), Guilherme Marques ressaltou que trata-se de uma experiência já adotada no mundo inteiro e reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Um dos principais defensores da mudança é o Rio Grande do Sul. Seguindo modelos já adotados em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, o estado elaborou proposta de lei estadual para contratar inspeção privada para esses produtos. O governo gaúcho alega que, da maneira como está a lei federal atualmente, a comercialização, nesse caso, é limitada a municípios do próprio estado de origem. O secretário-executivo do Mapa, Eumar Novacki, disse que o Mapa vai estudar o assunto. (As informações são do Mapa)

Leite/Oceania 

A média de manteiga de leite na Austrália em abril foi 0,6% acima do valor de um ano antes. A média de proteína foi de 0,1% na mesma comparação, de acordo com a Dairy Australia. Em abril de 2017 a produção de leite caiu 6,3% em relação a abril de 2016. A produção de leite na Austrália na temporada está 8% menor, em relação à temporada imediatamente anterior. Muitos analistas acreditam que a produção de leite na Nova Zelândia no final da temporada será maior do que o esperado. As pastagens estão boas. Embora tenha sido antecipado preços melhores na próxima temporada, o valor ainda é incerto. Os produtores estão esperançosos. A recente força nas cotações, especialmente da manteiga, deverá ajudar a manter o preço do leite ao produtor. A preocupação agora é que, após alguns anos difíceis, os produtores respondam com maior produção de leite ao aumento da remuneração da matéria-prima, o que pode pressionar novamente os preços para baixo. (Usda - Tradução Livre: Terra Viva)

 

Produção/UE
A captação de leite na União Europeia (UE) aumentou ligeiramente em abril passado (+0,7%) em comparação com abril de 2016. Foi o primeiro mês a registrar aumento desde maio de 2016. 15 Estados membros tiveram queda de produção de leite em abril. No caso da Espanha houve incremento de 2,3%. As entregas acumuladas de leite entre janeiro e abril de 2017 foi 1,5% menor do que as verificadas no mesmo período de 2016. Todos os países apresentaram queda na captação, exceto, Chipre, Irlanda, Polônia, Bulgária, Itália e Romênia, que aumentaram. Os dados acumulados da Espanha apresentaram queda de 0,3%. A produção de leite desnatado em pó na UE diminuiu 9,7%, e de manteiga 5,3%, entre janeiro de abril de 2017. A produção de leite em pó integral, leite de consumo e leite fermentado também caiu, mas, em menor proporção. Já queijo, leite concentrado e creme, foram os únicos produtos que tiveram aumento de produção de janeiro a abril de 2017. (AAgrodigital- Tradução livre: Terra Viva)

 
 
 

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