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17/04/2017

 

Porto Alegre, 17 de abril de 2017.                                               Ano 11- N° 2.481

 

POR POLÍTICAS INTELIGENTES

A produção primária brasileira vive um momento ímpar. Se deum lado o agronegócio está prestes a colher a maior safra de sua história, de outro há segmentos produtivos operando com margens extremamente apertadas. É o caso das indústrias gaúchas de leite e derivados, que vêm enfrentando um contexto complexo de lucratividade reduzida, freio do consumo e competição ferrenha no campo pelos tambos mais produtivos. A situação é crítica, reportam os executivos das companhias. Muito porque a guerra fiscal entre estados cria desequilíbrios comerciais. Outro agravante é a importação de lácteos, cujos custos acabam
sendo menores do que os dos produtos locais. O setor produtivo precisa de ações efetivas que garantam sua competitividade frente ao leite importado e aquele processado em outras regiões onde a logística não impõe ônus tão pesado às contas. Precisamos de políticas públicas inteligentes que fomentem a produção de leite no campo. Um dos assuntos em negociação junto ao governo gaúcho nas últimas semanas é a renovação do decreto que concedeu crédito para a industrialização de soro de leite, medida que venceu no final de 2016. O benefício ajudará a fomentar um novo tipo de atividade produtiva nas empresas, movimentando outras áreas. Uma ação que o setor julga acertada e que deve trazer novos empregos e desenvolvimento ao Rio Grande do Sul. 

Em contrapartida, os laticínios temem a aprovação do PLP 343, que trata da prorrogação da dívida dos estados. A medida, que está sendo negociada em Brasília, prevê cortes de 20% ao ano nos incentivos fiscais. Sem eles, as indústrias hoje situadas em solo gaúcho serão obrigadas a rever todos os seus projetos, muitos deles relacionados a centenas de municípios espalhados pelas mais diferentes regiões desse Rio Grande. Não há dúvida de que o caminho do desenvolvimento econômico do Brasil e a retomada do Rio Grande do Sul virão pela mão do agronegócio. O que precisa ser dito é que esse crescimento só será viável se o setor público estiver ao lado do produtor. Em âmbito estadual, há bons exemplos em curso: a Lei do Leite, o programa Agro+ e os investimentos conjuntos em sanidade e ações de fomento ao setor leiteiro.

Em âmbito federal, temos convicção que muito já se fez, como o Programa Mais Leite Saudável, que prevê investimento de parte dos créditos de Pis/Cofin sem assistência técnica. Mas ainda há mais a ser planejado. Mudanças nas relações comerciais no Mercosul e um freio às importações desregradas são essenciais para equilibrar o mercado. Revisar os padrões da normativa que regula a contagem de células somáticas e bacteriana no leite também é um pontoa ser trabalhado. Não podemos editar normas e engessar o setor produtivo em compromissos que não condizem com a realidade do campo. Devemos planejar o futuro de olho no hoje, no que é possível e eficiente. Enfim, políticas públicas precisam considerar interesse social. E não há como pensar em sociedade sem renda, assim como não existe justiça social sem desenvolvimento. (Por Alexandre Guerra /Correio do Povo)

 
Produtores de leite receberam mais de R$ 1 milhão em indenização do Fundesa

No primeiro trimestre de 2017, 109 produtores de gado leiteiro foram indenizados pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa do Saneamento Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa), totalizando R$ 1.017.565,73. Neste período, foram descartados 752 animais. O principal motivo é a ocorrência de tuberculose. 

"No caso da brucelose, a incidência é pequena e eventual em razão de que a vacinação é obrigatória. É um compromisso compulsório dos produtores", avalia o presidente do Fundesa, Rogerio Kerber. O dirigente destaca que a indenização por ocorrência de brucelose não é obrigatória mas que o Fundesa considera a iniciativa um estímulo para que os produtores façam o controle da doença para que a erradicação ocorra em um futuro próximo.

"As indenizações do Fundesa são importantes para a melhoria dos rebanhos e para que possamos ter acesso a mercados internacionais", avalia o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini.

O dados foram apresentados na tarde desta segunda-feira (17/04), em reunião ocorrida na sede do Sindicato das Indústrias de Produtores de Suínos (Sips), em Porto Alegre. Durante o primeiro trimestre de 2017, o Fundesa superou R$ 70 milhões em recursos arrecadados para a carne bovina, suína, aves e de leite. (Assessoria de Imprensa Sindilat)


Crédito foto: vwalakte/iStock
 
 
Lei divide opiniões no campo

Sancionada parcialmente pelo presidente Michel Temer no final de março, a Lei da Terceirização (13.429/2017) divide opiniões nomeio rural. Com a regulamentação, as empresas poderão contratar trabalhadores terceirizados para exercerem cargos na atividade-fim. O texto provoca impacto no campo, em especial na contratação de safristas. Para o presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do Rio Grande do Sul (Fetar), Nelson Wild, a lei é nociva e fragiliza a situação dos trabalhadores, favorecendo o empregador. "Os avanços que o trabalhador rural obteve em convenções coletivas negociadas por suas entidades de representação vão ser precarizados, desde o salário até questões relacionadas à segurança do trabalho.

Como saber se trabalhadores terceirizados terão equipamentos de proteção, por exemplo?", questiona Wild. A Fetar contabiliza 190 mil trabalhadores rurais formalizados no Rio Grande do Sul, 60% dos quais exercendo suas funções com carteira assinada. O diretor jurídico da Farsul, Nestor Hein, acredita que a lei pode beneficiar atividades como a dos safristas, esquiladores e alambradores, mas defende que ela necessita de regulamentação mais clara e menos beligerante que o texto aprovado. "A lei é necessária, mas acabou sendo aprovada em condições em que ninguém tem muita simpatia por ela." Hein lembra, no entanto, que por mais que o regramento revise as relações de trabalho, uma questão básica não deve mudar: a da relação de confiança do produtor com aqueles trabalhadores que o acompanham durante todo o ano nas atividades fundamentais da propriedade.

Do ponto de vista de contratação de mão de obra temporária, a lei surge como uma saída para normatizar um território onde as relações são confusas. O presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã
(Agapomi), Eliseu Zardo, afirma que o setor, a cada safra, contrata pelo menos 10 mil trabalhadores
temporários, utilizando empreiteiras no recrutamento, mas fazendo o contrato por carteira assinada de cada um dos trabalhadores. "Isto dá um trabalho muito grande, que será facilitado pela s empresas d e terceirização que vão arcar com as tarefas burocráticas e cálculo de encargos. Neste ponto, a lei vai facilitar", pondera Zardo. Outra atividade com grande contratação de safristas é a cultura do tabaco. No Estado, as lavouras mobilizam 76 mil famílias. O índice de mão de obra contratada a cada safra é de 8%. O diretor secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Romeu Schneider, acredita que a lei é um paliativo para corrigir um problema histórico do setor agrícola. "A contratação sazonal precisa ser disciplinada por uma futura reforma trabalhista. A lei ajuda, mas não resolve", conclui o dirigente. (Correio do Povo)

 
 
Pesquisa: redução no consumo de lácteos prejudica a saúde dos ossos no fim da vida

O afastamento dos produtos lácteos tradicionais deixa milhões de pessoas sem cálcio suficiente e pode afetar a saúde óssea do consumidor na vida adulta, alertou uma instituição de caridade do Reino Unido. Uma pesquisa da Sociedade Nacional de Osteoporose descobriu que quase um quinto dos consumidores com menos de 25 anos tinha procurado reduzir a quantidade de produtos lácteos em suas dietas. Isso se soma a pesquisas recentes da Food Standards Agency, que descobriu que quase um quinto dos jovens de 16 a 24 anos alegava ser intolerante ao leite de vaca e aos produtos lácteos, apesar de menos de um quarto desses terem tido sua intolerância diagnosticada por um médico. Uma queda no consumo de lácteos poderia deixar os consumidores mais vulneráveis a quebras e fraturas, disse a instituição.

consumo de lácteos - osteoporose 
A professora Susan Lanham-New, chefe de ciências nutricionais da Universidade de Surrey e consultora clínica da Sociedade Nacional de Osteoporose, disse ao programa BBC Today que estava preocupada com o fato de que os consumidores jovens estavam sendo influenciados a evitar lácteos sem substituir importantes nutrientes em suas dietas.

"Acredito que a pesquisa que da Sociedade Nacional de Osteoporose apoia os achados da Pesquisa Nacional de Dieta e Nutrição, que é uma pesquisa governamental e que analisa as dietas. Esta última apontou que quase 20% das meninas têm ingestão de cálcio bem abaixo de 400mg por dia, o que significa uma ingestão muito baixa de cálcio". 

Análise: por que os consumidores estão se afastando dos produtos lácteos?
Este alerta da Sociedade Nacional de Osteoporose aponta que os consumidores mais jovens estão correndo maior risco de comprometer a sua saúde óssea no futuro. O afastamento dos produtos lácteos tem sido motivado pelo aumento da popularidade e pela disponibilidade de leites alternativos como leite de amêndoa e leite de coco. Também é possível que influenciadores de mídia social tiveram participação nisso, com a sociedade advertindo que os consumidores jovens são propensos aderir a modas alimentares não saudáveis. A especialista em saúde, Liz Earle, que lidera uma campanha para aumentar a conscientização sobre os riscos das dietas de moda, disse que havia menos pressão sobre a alimentação nas gerações anteriores. "Quando eu estava crescendo, minhas refeições não eram fotografadas e compartilhadas nas mídias sociais. A pressão que as mulheres jovens estão sofrendo para se adequar ao que seus ídolos no Instagram estão comendo está realmente alta".

No caso dos produtos lácteos, as consequências são também significativas. A falta de cálcio na vida mais cedo aumenta os riscos de os consumidores se tornarem mais propensos a rupturas e fraturas, com Lanham-New alertando que isso poderia tornar-se apenas um modo de vida. Além do cálcio, um copo de leite também oferece uma boa fonte de proteína, potássio, magnésio e vitamina B12, o que poderia ajudar a combater o aparecimento da demência.

"A dieta no início da idade adulta é muito importante. No momento em que chegarmos aos nossos 20 anos, é tarde demais para reverter os danos causados pela má alimentação e deficiências nutricionais; a oportunidade de construir ossos fortes passou". 

"Sem medidas urgentes para incentivar os jovens adultos a incorporar todos os grupos alimentares em suas dietas e evitar regimes particulares de 'consumo limpo', estamos diante de um futuro no qual a fratura de ossos será rotineira". 

"Sabemos que a osteoporose é uma condição dolorosa e debilitante e os adultos jovens têm apenas uma chance de construir ossos fortes e reduzir o risco de desenvolverem graves problemas na vida adulta". Um porta-voz da Fundação Britânica de Nutrição salientou que não foi a falta de produtos lácteos que levou à má saúde dos ossos, mas sim uma falha em substituí-los com fontes alternativas de cálcio, como vegetais em folhas e peixe com ossos comestíveis.

"Embora não seja necessariamente perigoso, para cortar leite de sua dieta é importante garantir que você obtenha cálcio suficiente de outras fontes. Os lácteos tendem a dar a maior contribuição para a nossa ingestão de cálcio e, assim, precisam ser substituídos por outras fontes, como pão, cereais, conservas de peixe, nozes, sementes e vegetais verdes folhosos, bem como a escolha de leites alternativos que sejam fortificadas com cálcio". 

Rick Miller, porta-voz da Associação Dietética Britânica e gerente de nutrição da The a2 Milk Company, afirmou: "Há um nível assustador de mal-entendidos em torno dos lácteos como dietas do tipo 'consumo limpo', liderada por celebridades, e modismos de se evitar alimentos. Isso vem aumentando em popularidade e, como resultado, nossos adolescentes estão potencialmente enfrentando uma crise futura de saúde". 

"As alternativas ao leite e as bebidas à base de plantas, como os leites de soja, amêndoa, aveia e arroz, não são naturalmente ricas em nutrientes e têm de ser enriquecidas com vitaminas, minerais e proteínas artificiais que são muitas vezes menos bem absorvidas do que as encontradas naturalmente no leite de vaca". 

No leite A2, a proteína beta-caseína A2 é isolada e a proteína A1, que às vezes leva a uma reação ruim dos consumidores, é removida.

"O verdadeiro leite de vaca realmente é a solução", continuou Miller. "É incrivelmente nutritivo e uma fonte vital de cálcio - apenas um único copo fornece mais de um terço das nossas necessidades de cálcio e a nossa necessidade completa de vitamina B12, além de ser uma fonte de proteínas facilmente absorvida. Várias opções estão sendo lançadas no mercado, como por exemplo, o leite A2, que tem todas as vantagens nutricionais e pode ser a solução para aqueles que têm problemas ao digerir o leite comum". (As informações são do FoodBev.com, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 

Exportação registra alta
As exportações de sêmen bovino cresceram 33,1% no ano passado na comparação com 2015, com um total de 296,3 mil doses. No entanto, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), as vendas internas recuaram 7%. Para o presidente da Asbia, Sérgio Saud, a alta da exportação mostra que o mercado externo continua interessado na genética bovina brasileira. Já a queda no mercado interno é atribuída aos estoques grandes em muitas propriedades e à seca em algumas regiões do país. No Rio Grande do Sul,o índice de vacas leiteiras inseminadas passou de 35%, sobretudo da raça Holandês. No gado de corte, o índice é de pouco mais de 10%, principalmente da raça Angus. Saud diz que a expectativa para 2017 em relação ao mercado interno é animadora, uma vez que no segundo semestre de 2016 já houve reação. (Correio do Povo)
 

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