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19/12/2016

Porto Alegre, 19 de dezembro de 2016 .                                               Ano 10- N° 2.413

 

​​Irlanda: pesquisa aponta que leite de vacas criadas a pasto produz lácteos de melhor qualidade

Pesquisadores da Irlanda disseram que há evidências de que vacas criadas a pasto produzem produtos melhores. A maioria das vacas do mundo são criadas em confinamento, diferente do que ocorre na Irlanda, onde a indústria de lácteos é quase totalmente baseada em pastagem - algo que é promovido globalmente por meio da campanha Origin Green, promovida pelo Bord Bia, órgão responsável pelo setor alimentício irlandês.

Além disso, os consumidores geralmente associam que o leite e os produtos lácteos produzidos por vacas mantidas a pasto são "mais saudáveis" do que os de vacas confinadas (que consomem ração e concentrados). Pesquisadores da cidade irlandesa de Cork disseram que têm evidências científicas que mostram os benefícios do leite produzido a pasto em termos de propriedades nutricionais, aparência, sabor e cor.

A pesquisa foi liderada pelo Teagasc e por pesquisadores da University College Cork (UCC), incluindo a professora Catherine Stanton, do APC Microbiome Institute, e pelo professor Paul Ross, da UCC. Os estudos foram publicados em dois trabalhos publicados no Journal of Dairy Science neste mês. Esse estudo é parte de um grande programa colaborativo no Centro de Pesquisa Teagasc Moorepark e no APC Microbiome Institute, chamado "Profiling Milk From Grass" ("Perfil do leite produzido a pasto", em uma tradução livre), que é financiado pelo Teagasc, pela Science Foundation Ireland e pelo Dairy Research Trust.

O estudante de PhD da Teagasc, Tom O'Callaghan, que é primeiro autor de ambos os estudos, disse que os resultados mostram que o leite e os produtos lácteos de vacas criadas a pasto têm concentrações maiores de gordura, proteína e caseína. "Em particular, o leite de vacas criadas a pasto tem concentrações significativamente maiores de ácidos graxos saudáveis". Ele disse que as diferenças são refletidas na manteiga produzida por vacas criadas a pasto e que ela é superior em aparência, sabor e cor - conforme confirmado por dados de um painel sensorial.

"A manteiga produzida com leite oriundo de vacas criadas no pasto também é nutricionalmente superior para o coração, pois apresenta menores escores de aterogenicidade e contém concentrações significativamente maiores de CLA (ácido graxo saudável) e betacaroteno, que dá à manteiga a cor dourada".

Stanton destacou que a manteiga feita de leite de vacas criadas a pasto era muito mais amarela na cor e mais cremosa do que a feita com leite de animais criados em confinamento. O próximo passo é mostrar que isso tem uma influência positiva de longo prazo na saúde humana por meio de estudos clínicos.

O professor, Pat Dillon, chefe do programa de Pesquisa e Inovação Animal e de Pastagem do Teagasc, disse que a pesquisa confirma a qualidade superior dos produtos lácteos produzidos a pasto. Ele disse que também há benefícios financeiros, já que os sistemas de confinamento seriam 15 a 20 centavos por litro mais caros do que o sistema a pasto. (Informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 
 
Menos sobressaltos no mercado de lácteos 
Depois de um ano marcado por uma nova retração na produção de leite no Brasil, aumento das importações de lácteos ¬ o que elevou o déficit da balança comercial do setor ¬ e instabilidade nos preços internacionais, analistas esperam um cenário menos turbulento em 2017. A notícia positiva é que as condições para produzir leite no país devem ser mais favoráveis que no ano que passou, com uma menor pressão de custos. Esse fator somado à perspectiva de preços internacionais mais altos deve limitar as importações brasileiras, reduzindo o déficit da balança. Entre janeiro e novembro deste ano, o déficit da balança brasileira de lácteos ficou em US$ 436 milhões, mais de três vezes o saldo negativo registrado em todo o ano de 2015. O volume importado no período teve alta significativa (100 mil toneladas a mais) em relação ao janeiro a novembro de 2015, somando 225,5 mil toneladas. Tudo isso em decorrência, sobretudo, da menor oferta de leite no mercado interno. Mas a tendência é de que as importações de lácteos percam força, reduzindo o déficit, avalia Valter Galan, analista da MilkPoint, consultoria especializada no segmento. Uma das principais razões é que os preços internacionais devem desestimular as compras no exterior no ano que vem. "Com preços internacionais mais altos e dólar mais valorizado, a importação pelo Brasil deve cair 25% a 30%", estima. 

 

A perspectiva de alta nos preços internacionais se ampara em três fatores, segundo o analista: a produção de leite está em queda na União Europeia ¬ após um período de preços baixos em decorrência do fim do sistema de cotas, que estimulou a produção no bloco. A oferta também está sendo afetada pelo clima na Nova Zelândia e na Austrália. Além disso, a recente alta do petróleo no mercado internacional ¬ resultado da decisão de países produtores de reduzirem a produção ¬ deve estimular a demanda por lácteos nesses países. Para Galan, a valorização nos últimos leilões da plataforma Global Dairy Trade (GDT) já reflete esse novo cenário. Embora sempre haja incertezas em relação à China, a expectativa também é de alguma recuperação na demanda, já que houve abate de vacas leiteiras este ano no país, em decorrência de preços baixos aos produtores. A China é um dos maiores importadores mundiais de lácteos, mas seu apetite perdeu força este ano. Até outubro, o país importou 516,3 mil toneladas, 9,2% acima de igual período do ano passado. 

Esse ritmo de crescimento, porém, já foi maior. "Se esse cenário se confirmar, os preços devem ficar nos níveis atuais ou mais altos", diz Galan. No último leilão GDT, cujos preços são referência para o mercado internacional, a tonelada do leite em pó integral ficou em US$ 3.593, já acima dos níveis históricos de US$ 3.300 por tonelada. Ainda que considere que não deva ocorrer "nada de extraordinário" em relação à demanda internacional no próximo ano, Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, afirma que o início da recuperação da demanda da China é um dos fatores que devem fazer os preços internacionais [do leite em pó integral] ficar entre US$ 3.500 e US$ 4.000 mil tonelada. 

À parte a oferta mais ajustada na Europa, o analista da Scot cita ainda a queda na produção nos Estados Unidos como fator que deve sustentar as cotações internacionais. Já para o Brasil, a expectativa é de que a produção comece a se recuperar após um ano em que os custos mais altos pressionaram as margens do setor durante a maior parte do período, avalia Ribeiro. Os preços mais baixos de milho e soja devem estimular o investimento em alimentação do gado leiteiro pelos pecuaristas. O menor custo dos grãos também deve permitir uma "recomposição de margens" pelos produtores, afirma o analista. Nesse cenário, "a produção no primeiro semestre do ano que vem deve ser maior que no primeiro semestre de 2016", avalia Galan. Neste ano, pelas estimativas da MilkPoint, a produção de leite inspecionada no Brasil deve ter caído cerca de 4% a 5% em relação ao volume de 24,05 bilhões de litros de 2015, conforme dados do IBGE em 2015. As previsões também são de clima "mais normal" no segundo semestre do próximo ano ¬ período de safra do leite ¬, acrescenta Ribeiro. Esse também é um fator favorável à produção. Em relação à demanda doméstica, porém, persistem incertezas em decorrência da crise econômica, e a expectativa é de que os preços aos produtores tenham variações mais próximas à inflação em 2017 após fortes altas neste ano, concordam Ribeiro e Galan. Em termos nominais, os preços aos produtores subiram 17,4% entre janeiro e novembro, segundo a Scot. 

Para Rafael Ribeiro, os volumes de venda de leite longa vida devem seguir crescendo, mas produtos de maior valor agregado, como iogurtes e queijos, devem continuar "patinando". Ao mesmo tempo em que há perspectiva de recuperação da produção de leite no Brasil, a menor disponibilidade da matéria¬prima na Argentina e no Uruguai ¬ principais fornecedores de lácteos para o Brasil ¬ também deve contribuir para o país importar menos, acredita Marcelo Costa Martins, diretor¬executivo da Viva Lácteos, que reúne laticínios brasileiros. E se os preços internacionais mais elevados são um fator de desestímulo às importações, podem dar alguma competitividade ao produto brasileiro no exterior, observa Martins. Segundo ele, algumas empresas já sinalizam que preços perto de US$ 4 mil a tonelada para o leite em pó integral, ao câmbio atual, criam um cenário mais favorável à exportação pelo Brasil. (Valor Econômico) 

REDUÇÃO DE INCENTIVOS E GRUPO DE PROTEÍNA ANIMAL

Após propor a redução de benefícios fiscais a indústrias, dentro do pacote que será votado a partir de hoje na Assembleia Legislativa, o governo do Estado pretende se debruçar sobre o setor de proteína animal. Um grupo de trabalho, formado por três secretarias e coordenado pelo presidente do BRDE, Odacir Klein, pretende identificar os gargalos que envolvem a produção de carnes e de leite. Uma das principais preocupações é não deixar que a perda de competitividade afaste investimentos tudo o que um Estado com as finanças em colapso não precisa.

- Queremos detalhar e aprofundar todo o setor de proteína animal. Sabemos que existem dificuldades na cadeia, como no abastecimento e na distância dos grandes centros consumidores - afirma Fábio Branco, secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia.

Nos últimos anos, com a redução da área plantada com milho no Rio Grande do Sul, indústrias de aves e suínos optaram por ampliar seus investimentos em outros Estados - como Mato Grosso e Paraná, onde a safrinha responde por boa parte da produção do cereal no país.

Embora a relação da frente de trabalho com o pacote seja negada pelo governo, o grupo será uma forma de se reaproximar de empresários do agronegócio - após o projeto de lei de redução dos créditos presumidos ter sido desengavetado.

Além do Desenvolvimento Econômico, irão formar a frente de proteína animal as secretarias da Agricultura e do Desenvolvimento Rural. A escolha de Odacir Klein para coordenar os trabalhos se deu pela proximidade com o setor - acumulada em cargos anteriores de secretário da Agricultura e de presidente de entidades como a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

A próxima reunião do grupo está marcada para a primeira semana de janeiro, quando entidades representativas de indústrias já serão convidadas a participar. O clima do encontro dependerá do resultado da votação do pacote nesta semana - especificamente do projeto de lei que prevê a redução de até 30% dos incentivos fiscais.

Com testes a campo em diversas estações experimentais do Brasil, a Monsanto prepara a terceira geração de soja transgênica. A nova tecnologia, ainda sem nome, promete maior controle de lagartas e resistência a mais um herbicida, o dicamba - além do tradicional glifosato.

- A previsão de lançamento comercial é para 2020, mas isso vai depender da avaliação de agências regulatórias no país - informou Rodrigo dos Santos, presidente da Monsanto na América do Sul.

No último dia 8, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a liberação comercial de um dos eventos da nova semente de soja desenvolvida pela Monsanto no Brasil. Como a tecnologia envolve mais de um evento, ainda serão necessárias outras liberações comerciais do órgão. Em entrevista à coluna, o executivo explicou que a terceira geração transgênica, antecedida pela RR1 e Intacta RR2, terá como principal diferencial o controle a plantas daninhas que criaram algum tipo de resistência ao glifosato - herbicida mais usado no mundo.

Comprada pela alemã Bayer há três meses, em uma transação histórica de US$ 66 bilhões, a Monsanto aguarda a análise de agências de regulação de mercado. A negociação, que resultará na maior fornecedora de sementes e químicos do mundo, precisa passar pelo crivo de diversos países.

- A pré-aprovação de Brasil, China, Índia, União Europeia e Estados Unidos é a mais relevante - destaca Santos, prevendo o fim do processo de análise regulatória para o final de 2017. ((Zero Hora)

Mais leite no RS

Em quatro anos, as pequenas indústrias lácteas do Rio Grande do Sul investirão R$ 130,4 milhões. Após aplicar cerca de R$ 70 milhões entre 2015 e 2016, o setor planeja outros R$ 60,8 milhões entre 2017 e 2018, segundo a Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil-RS).

O presidente da entidade, Wlademir Dall'Bosco, informa que os recursos serão aplicados na ampliação de plantas, modernização de equipamentos e assistência técnica para 9,4 mil produtores que fornecem a essas indústrias. Somente em qualificação, os investimentos mais do que duplicaram entre 2015 e 2016, chegando a R$ 5 milhões.

- Temos a preocupação em atender os pequenos produtores, por isso ampliamos este investimento em assistência e capacitação - ressaltou Dall'Bosco.

As empresas associadas processaram 730 milhões de litros de leite em 2016, representando 18% da produção gaúcha. Com os investimentos, devem chegar a 837 milhões de litros em 2018. Hoje, são cerca de 2,5 mil empregos, com previsão de chegar a 3 mil postos em dois anos. (Zero Hora)

 
Embrapa analisa oscilação do preço do leite nacional para produtores e consumidores (G1/Triângulo Mineiro)

 

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