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07/04/2016

         

Porto Alegre, 07 de abril de 2016                                                Ano 10- N° 2.241

 

   Balança comercial de lácteos: importações dobram; exportações para Venezuela somem do mapa

A balança comercial de lácteos teve um déficit de 14.184 toneladas em março, déficit 9 vezes maior que o apresentado no mês anterior. Em valores, o déficit da balança de lácteos foi de US$ 37,5 milhões. O resultado é reflexo de uma retração no volume exportado aliada a uma forte alta nas importações.

Tabela 1. Exportações e importações por categoria de produto.

Fonte:MDIC

As exportações apresentaram queda de -56,1% em volume e de -72,1% em valor. Em março, foram exportados US$5,4 milhões de dólares de produtos lácteos, contra US$19,3 milhões em fevereiro. Na comparação com março de 2015, a queda nas exportações, em volume, foi de 62% 

A principal variável que influenciou essa forte retração foi a ausência de exportações para a Venezuela no mês de março, que ocorriam em elevados volumes e a preços acima do mercado. 

Já as importações mais que dobraram: a alta foi de 116% frente a fevereiro. Diversos produtos tiveram elevações expressivas na quantidade importada, como o leite em pó integral (+174%), o leite em pó desnatado (314%), soro de leite (+43%), manteigas (+25%) e queijos (+34%). 

Analisando as quantidades em equivalente-leite (a quantidade de leite utilizada para a fabricação de cada produto), a quantidade importada foi de 138 milhões de litros em março, aumento de 148% em relação a fevereiro. Já as exportações reduziram 62,3%.

Devido a isso, o saldo da balança comercial de lácteos foi negativo em 124 milhões de litros, o pior resultado desde outubro de 2012, como pode ser visto no gráfico 1 a seguir.

 

No saldo acumulado dos primeiros três meses do ano, o déficit da balança comercial de lácteos em equivalente-leite é de 187 milhões de litros, volume 28% do registrado no mesmo período do ano passado. (A matéria é da equipe MilkPoint, a partir de dados do MDIC)
 
    
 
Anta Gorda realiza 6º FestLeite

Os produtos lácteos e as nozes vão ganhar espaço mais uma vez na FestLeite de Anta Gorda, que, neste ano, chega a sua sexta edição.  A feira será realizada de 28 de abril e 1º de maio, no Parque Municipal de Eventos, e tem apoio do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat). A programação inclui o Simpósio da Cadeia Produtiva do Leite, Exposição do Gado Leiteiro, Salão da Gastronomia, Feira Comercial e Industrial, além de shows, como o das duplas sertanejas Lucas & Felipe e João Neto & Frederico.
 
A primeira FestLeite ocorreu em 2006, quando o município de Anta Gorda percebeu o potencial do gado leiteiro na região e a importância de investir na  produção. De lá para cá, a atividade só se expandiu e, hoje, são 600 famílias atuando na captação de 22 milhões de litros ao ano. "O objetivo da feira é promover mais crescimento neste setor, além de apresentar investimentos em genética, novas tecnologias e produtos", pontua o prefeito Neuri Dalla Vecchia. Segundo ele, a organização do evento, em conjunto com a Administração municipal, trabalha para mostrar o potencial de Anta Gorda na cadeia laticinista. "Queremos que a comunidade veja o que é capaz de fazer de forma a incentivar as produções nas famílias", salientou.

A expectativa para a edição deste ano é contar com 200 animais na exposição de gado leiteiro, que reúne criadores de diferentes raças habilitados para feiras nacionais. Apesar da abordagem técnica e voltada ao homem do campo, a FestLeite também tem programação para a comunidade, como o Salão da Gastronomia, cantina, além de trenzinho e helicóptero que circulam por pontos da feira e da cidade. Segundo Dalla Vecchia, o visitante ainda poderá participar de degustação de produtos lácteos, da Vitrine do Leite (apresentação de receitas) e shows artísticos que devem levar mais de 45 mil pessoas à exposição. (Assessoria de Imprensa Sindilat)

Rabobank: mercado global de lácteos deve continuar fraco este ano e produção brasileira deve recuar

As perspectivas para o mercado global de lácteos devem continuar fracas ao longo de 2016, mas com pressão de alta para as cotações à medida que 2017 se aproxima, afirma o Rabobank em seu relatório global sobre lácteos do primeiro trimestre deste ano.

Segundo o banco holandês, os preços em dólar dos lácteos continuaram a cair num mercado em grande parte influenciado pelo nível de apoio de intervenção na União Europeia. As perspectivas para o curto prazo permanecem pessimistas, diz o relatório. Diante da queda nos preços, o crescimento da produção de leite em várias regiões do mundo continua a desacelerar.

O Rabobank afirma que as conversas no mercado sobre recuperação dos preços internacionais diminuíram uma vez que dois fatores de risco de baixa apresentados no relatório de dezembro se tornaram realidade, fazendo as cotações ficarem abaixo do esperado pelo banco. Os motivos foram a produção de leite maior do que o previsto na União Europeia e a demanda mais fraca em mercados em desenvolvimento, como a China e países dependentes da receita do petróleo. Com esses dois fatores, os preços caíram cerca de 15%.

O estrategista global de lácteos do banco holandês, Kevin Bellamy, diz, no relatório, que "com exceção do Brasil -- afetado pela pior recessão em uma geração -- o Rabobank prevê que o consumo de lácteos deve continuar a crescer na Ásia bem como nos e na União Europeia". Além disso, a instituição espera que, no decorrer de 2016, a desaceleração do crescimento da produção será compensada pelo lento, mas estável incremento da demanda na maior parte das principais regiões exportadoras.

O relatório destaca os fatores que podem influenciar o mercado nas principais regiões de produção de leite do mundo. Na Europa, avalia o Rabobank, os preços baixos do leite ao produtor devem levar a uma desaceleração do crescimento da produção. A razão é que os pecuaristas devem focar mais em redução do que custo do que em expansão de produção. No entanto, embora o incremento deva ser mais moderado na Europa, os níveis de produção não devem cair, exigindo que o mercado mundial encontre um novo preço de equilíbrio.

Sobre a Nova Zelândia, maior exportador mundial de lácteos, o relatório prevê que a temporada de produção 2015/16 no país deve ser maior do que o esperado devido ao aumento das chuvas de verão.

O banco destaca ainda que os preços ao produtor nos EUA devem se retrair em resposta ao enfraquecimento da balança de comércio e ao crescimento dos estoques.
Em relação à China, o Rabobank informa que a produção pior do que a esperada no segundo semestre de 2015 no país asiático levou a uma redução nas previsões para este ano. Para o banco holandês, o consumo crescente e o menor avanço da produção estão levando a uma diminuição dos níveis dos estoques. No entanto, conforme o relatório, informações recentes de companhias sugerem que as reservas podem continuar altas em alguns casos. Assim, se os estoques se mantiverem significativos, o retorno da China -- maior importador mundial de lácteos -- ao mercado internacional pode demorar mais.

O Rabobank projeta recuo de 3% na produção de leite no Brasil neste primeiro semestre, com queda do consumo na mesma proporção. A avaliação é de que não haverá melhora devido à situação política e econômica atual. Paralelamente, os custos de produção devem se manter em alta. Apesar do real enfraquecido ante o dólar, o Rabobank aponta que os laticínios ainda enfrentam dificuldades de avançar no mercado internacional, em parte por causa da falta de acordos comerciais que favoreçam a indústria brasileira. Já os parceiros do Mercosul Argentina e Uruguai devem manter suas exportações firmes neste primeiro semestre. (As informações são dos jornais Valor Econômico e Estado de São Paulo)

Exportações/Uruguai

As exportações de produtos lácteos no primeiro trimestre do ano mostraram queda interanual de 25% em dólares. No acumulado do ano são US$ 104,47 milhões, diante de US$ 139,46 milhões em igual período do ano anterior. Em volume a baixa interanual foi inferior, 12%. O volume chegou a 44.098 toneladas, frente 50.082 toneladas de janeiro a março do ano passado.

 

O preço médio por tonelada de lácteos exportada passou de US$ 3.114 em janeiro de 2015 para US$ 2.224 em janeiro deste ano. Desde janeiro o valor de exportação mostrou leve recuperação. Em março o preço médio foi de US$ 2.371/tonelada.
 

A maior recuperação ocorreu no preço de exportação do leite em pó desnatado (LPD). O valor médio da tonelada chegou a US$ 3.146 em março, frente US$ 2.533/tonelada em igual mês de 2015. O preço foi 78% superior à média do LPD na Fonterra em março, US$ 1.767/tonelada.

 

O leite em pó integral foi o principal produto exportado neste ano, chegando a 25.068 toneladas, pelo valor total de US$ 59,7 milhões. Bem abaixo ficaram os queijos com 7.823 toneladas totalizando US$ 24,6 milhões. A manteiga ficou em terceiro lugar com vendas de 2.804 toneladas por US$ 8,4 milhões, seguida pelo leite em pó desnatado com 2.273 toneladas por US$ 6,7 milhões.

O Brasil se mantém como o principal comprador dos lácteos locais. Em março o total de pedidos de leite em pó foram para o Brasil. Ainda que o volume tenha sido baixo (150 toneladas) o preço por tonelada foi o mais alto desde janeiro de 2015, US$ 3.146. O Brasil comprou 56% do leite em pó integral exportado pelo Uruguai no mês. ((Blasina y Asociados - Tradução Livre: Terra Viva)

Argentina segue exportando leite em pó a preços baixos

O preço médio de exportação do leite em pó integral da Argentina continua insuficiente para que as indústrias de lácteos possam cobrir os custos básicos. As exportações argentinas de leite em pó integral a granel declaradas em março passado (sem considerar as vendas realizadas à Venezuela) foram de 9.802 toneladas a um valor médio ponderado de US$ 2.219 por tonelada versus US$ 2.227 por tonelada em fevereiro desse ano.

A maior parte dos envios foram registrados com destino ao Brasil e à Argélia (dois destinos tradicionais). Também foram registradas vendas ao México, Chile, Rússia, Nigéria, Mauritânia e Angola, entre outros mercados.

Na média obtida no mês passado convivem situações contrastantes. A empresa cordobesa, Punta del Agua, por exemplo, declarou uma venda de 25 toneladas à Geórgia a um preço FOB de apenas US$ 1.700 a tonelada, mas a santafesina Verónica declarou 400 toneladas à Nigéria, por US$ 2.800 a tonelada. O preço de equilíbrio do leite em pó integral argentino fica em média em torno de US$ 2.400 a tonelada com os valores pagos atualmente aos produtores de leite.

No mês passado, tal como tinha sido anunciado, a SanCor retomou as exportações de leite em pó com destino à Venezuela no marco de um acordo especial com o governo venezuelano. Em março, a empresa declarou vendas a esse mercado de 5.544 toneladas a um valor FOB de US$ 3.797 a tonelada. Espera-se que o acordo seja renovado pela SanCor, que contempla um volume total de 40.000 toneladas. 

Além do leite em pó, as exportações argentinas de derivados do soro do leite e defórmulas infantis também caíram até agora nesse ano. (As informações são do Valor Soja, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
 

Movimento dos consumidores
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostrou que o movimento dos consumidores em super, hipermercados e comércios de alimentos e bebidas teve queda de 6,7% em março em relação a igual mês do ano passado. Já em comparação com fevereiro, o recuo foi menor, de 1%. De acordo com os economistas do Serasa, aumento do desemprego, altas taxas de inflação, crédito mais caro e baixo grau de confiança do consumidor explica o resultado negativo. Já o comércio como um todo teve queda de 9,2% na comparação anual e de 1,5% sobre o mês anterior. (Supermercado Moderno)

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