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01/04/2016

         

Porto Alegre, 01 de abril de 2016                                                Ano 10- N° 2.237

 

   LEITE/CEPEA: preço pago ao produtor sobe puxado pela menor oferta da matéria-prima

Com a captação ainda em queda, o preço do leite recebido pelo produtor subiu 4,67% em março, o que representa a maior variação desde maio/14 na série de preços do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. A "média Brasil" fechou a R$ 1,0456/litro, aumento de 4,7 centavos/litro em relação a fevereiro - essa média é ponderada pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Contabilizando-se o frete e impostos, o preço bruto teve média de R$ 1,1451/litro, valor 4,41% superior ao de fevereiro e 10,4% acima do de março/15, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI fev/16).


A captação do leite pelos laticínios/cooperativas diminuiu em quase todos os estados acompanhados pelo Cepea; a exceção foi a Bahia. De janeiro para fevereiro, houve queda de 4,58% no Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea), que considera os mesmos sete estados da "média Brasil". Esse recuo é ainda maior que o observado no mês anterior que, até então, era o mais intenso em 10 meses. Rio Grande do Sul e Minas Gerais registraram as maiores quedas, de 8,04% e de 7,59%, respectivamente, seguidos por Santa Catarina (4,13%), Goiás (3,73%), Paraná (0,78%) e São Paulo (0,11%). Já a Bahia, favorecida pelo maior volume de chuvas, teve aumento de 10,4% na captação. 

A queda da produção e, portanto, da captação em fevereiro ocorreu devido ao início da entressafra e aos altos custos de produção, puxados especialmente pelo milho. A menor oferta de matéria-prima, por sua vez, elevou a competição entre as indústrias e reforçou a valorização do leite. Pesquisadores do Cepea avaliam que a atual crise econômica pode reduzir os investimentos e, consequentemente, influenciar novas quedas na produção de leite.

Para abril, a expectativa é de que os preços do leite sigam em alta, ainda impulsionados pela oferta restrita de matéria-prima. Cerca de 94% dos agentes entrevistados pelo Cepea (que representam 99,6% do volume amostrado) acreditam em nova alta nos preços do leite em abril, enquanto o restante (6% que representam 0,4% do volume) acredita em estabilidade nas cotações. Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços para o próximo mês.

A menor oferta de matéria-prima tem se refletido no mercado de derivados. O preço do leite UHT subiu 7,62% de fevereiro para março no atacado do estado de São Paulo - este foi o terceiro aumento seguido -, com a média mensal (até o dia 30) indo para R$ 2,6389/litro. No ano, a alta desse derivado chega a 18,9%. O queijo muçarela se valorizou pelo quinto mês consecutivo (1,97%), a R$ 14,89/kg na média de março. 

De acordo com atacadistas consultados pelo Cepea, agentes de indústrias têm reajustado positivamente os valores devido à baixa produção no campo e também pelos elevados custos no laticínio. Além disso, a demanda melhorou, em relação a meses anteriores, desde que as aulas foram retomadas. Na avaliação de alguns atacadistas, as vendas de lácteos só não estão maiores porque a oferta está limitada. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). (As informações são do CEPEA/USP)

    
 
Leite/Oceania 

Na Austrália a procura por feno está fraca. Chuvas no Nordeste da Austrália ajudaram na recuperação das pastagens em regiões costeiras, habilitando os produtores a utilizarem pastagens cultivadas. As chuvas trouxeram alívio para a seca de Queensland. A colheita de milho começou nos estados do Sul, aliviando a utilização de alimentos armazenados.

A Dairy Australia divulgou relatório sobre as variações do processamento de produtos lácteos entre julho/2015 e janeiro/2016, em relação ao período anterior 2014-2015: manteiga (-4,5%); butteroil (+29%); Leite em pó desnatado (+11,9%); leite em pó integral (-16,2%); leitelho (-4,5%); queijo (-0,3%); e soro de leite em pó (-19,4%).

A produção de leite na Nova Zelândia, em fevereiro foi de 1,97 milhões de toneladas, de acordo com a DCANZ, menos que as 2,43 milhões de toneladas de janeiro. Em fevereiro de 2015 a produção de leite foi de 1,86 milhões de toneladas. A produção de sólidos (proteína de leite e gordura), chegou a 171,62 milhões de quilos, menor que os 208,04 milhões de quilos de janeiro, mas, foi maior que a produção de fevereiro de 2015, 165,67 milhões de quilos.
 

Os debates sobre a recente redução do pagamento do leite, entre os produtores da Nova Zelândia, estão intensos. Embora os resultados possam variar com o tamanho da propriedade, algumas estimativas apontam que, em média, um produtor que ordenhe 414 vacas, terá uma perda de receita na ordem de seis dígitos, em relação às projeções com os valores anteriores. (Usda - Tradução Livre: Terra Viva)


 

 
Estoques/UE
Está perto de atingir o limite das vendas do leite em pó desnatado (LPD) para os estoques de intervenção, antes da publicação do novo regulamento que amplia este limite. O tema foi debatido no Comitê do COM de produtos pecuários no dia 17 de março, já que é uma grande preocupação da Comissão, dos Estados Membros e os Operadores.

Segundo os últimos dados do Observatório Lácteo da UE, até o dia 24 de março já tinham sido entregues para intervenção 93.539 toneladas de LPD.

O limite estabelecido para compras de intervenção com preço fixo foi de 109.000 toneladas, volume que pode ser alcançado no início da próxima semana, se mantiver o ritmo das semanas anteriores.

O Conselho de Ministros de Agricultura da UE concordou em duplicar esse limite, mas não parece que o regulamento sobre esse acordo não será publicado antes de atingir o limite anterior. Consequentemente, apesar do acordo, haverá alteração para o sistema de licitação, conforme as normas vigentes.

A Comissão Europeia mostrou-se cética em relação à possibilidade de vencer os trâmites legais para publicação do regulamento antes das compras atingirem o limite. Para acompanhar mais precisamente a elevação dos estoques, foi pedido aos países que em lugar de notificações semanais, façam notificações diárias, até alcançar as 109.000 toneladas. A partir daí as compras de intervenção a preço fixo serão encerradas, e então serão abertas licitações. Este sistema poderá provocar mais pressão para queda nos preços do leite.

A Espanha não recorre, habitualmente à intervenção. Nos últimos 6 anos (de 2010 a 2015) não levou um único quilo de LPD ou manteiga para intervenção. Até agora, em 2016, foram a remessa foi de 495 toneladas. Não obstante, o setor lácteo espanhol pode ser indiretamente afetado pelo efeito do sistema de licitação. (Agrodigital - Tradução Livre: Terra Viva)

Kátia Abreu reafirma prioridades do ministério em meio à crise

Apesar do cenário de crise política e fiscal no país, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), disse nesta quinta-feira (31) que sua Pasta continua trabalhando normalmente para desenvolver os focos de sua gestão. Suas metas são desburocratização, defesa agropecuária, ampliação da classe média rural, um orçamento plurianual para agricultura, fortalecimento da Embrapa e abertura de mercados no exterior. A ministra reafirmou os compromissos com essas prioridades e não quis comentar o contexto político.

Em seminário em Goiânia, promovido pelo governo do Estado de Goiás, com patrocínio do Santander e apoio do jornal Valor Econômico, Kátia defendeu a criação de um modelo de seguro rural de faturamento para produtores rurais e empresas do agronegócio. E que o ministério estaria trabalhando na formatação de um seguro que possa garantir definitivamente renda para o setor.

Ela explicou que esse formato de seguro rural seria incluído na Lei Agrícola Plurianual, uma das principais bandeiras de sua gestão que ela pretende encaminhar em forma de projeto de lei ao Congresso em agosto. Essa lei teria como inspiração a "Farm Bill", lei que regula o setor agropecuário nos Estados Unidos, que coincide o orçamento público da área de agricultura e pecuária com o calendário do setor. "Queremos implementar definitivamente um seguro de faturamento, que garanta renda aos produtores", disse a ministra. "Nosso maior esforço agora é para aprovarmos a Lei Agrícola Plurianual", afirmou.

A ministra também reiterou que sua Pasta vem procurando dar prioridade para a área de defesa agropecuária, que historicamente sofre com contingenciamento de recursos públicos. Segundo ela, os convênios firmados com os governadores para repasses de verbas nessa área estão sendo restabelecidos desde o ano passado. "Não economizamos um R$ 1 com defesa agropecuária", disse. 

Em seu discurso, Kátia também relembrou do fim de embargos que países como China mantinham em relação às exportações de carne bovina por conta da doença do mal da vaca louca. "Em 2015 abrimos mercados da China, Rússia e Estados Unidos para as nossas carnes e os mercados chinês, russo e japonês para o leite brasileiro", disse.

De acordo com a ministra, a expectativa da FAO, braço da ONU para a agricultura, é que a demanda por alimentos cresça 40% até a próxima década, o que abre uma grande janela de oportunidades para as empresas brasileiras do agronegócio. Para isso, ela frisou que vêm sendo articulados novos acordos comerciais e acordos de preferência tarifárias com China e Índia, uma vez que esse modelo de negociação internacional só é permitido entre países com o mesmo grau de desenvolvimento. "Estou muito otimista com a Índia e a China".

Ela também chamou a atenção para a necessidade de se criar uma empresa subsidiária da Embrapa, chamada de Embrapa Tec, para intensificar a atividade da estatal em pesquisa agropecuária e torná-la menos dependente do orçamento federal. (As informações são do Valor Econômico)
 

Milho/EUA 
Os Estados Unidos deram uma notícia preocupante para os produtores brasileiros de milho nesta quinta-feira (31). Vão plantar 37,9 milhões de hectares do cereal, 2,3 milhões mais do que no ano passado. A notícia é ruim para os produtores, mas boa para as indústrias nacionais que utilizam o cereal. (Fonte: Folha de SP)

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