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30/03/2016

 

Porto Alegre, 30 de março de 2016                                                Ano 10- N° 2.235

 

    Fonterra: mesmo com baixos preços de lácteos, lucros dobram e empresa cita Brasil como mercado-chave
 
A cooperativa de lácteos da Nova Zelândia, Fonterra, anunciou os resultados da primeira metade do ano, para os seis meses que terminaram em 31 de janeiro de 2016. Em sua revisão de desempenho, a Fonterra disse que os lucros após impostos mais que dobraram, para NZ$ 409 milhões (US$ 274,9 milhões).

O presidente da Fonterra, John Wilson, disse que os atuais baixos preços significaram pressão sobre os rendimentos, orçamentos das fazendas e sobre as famílias rurais. "Nossa gestão está ciente da necessidade de um forte desempenho para garantir que coloquemos todos os centavos possíveis nas mãos dos produtores durante um ano muito difícil". Ele disse também que, como resultado dos lucros, a Fonterra distribuiu um dividendo temporário de NZ$ 0,20 (US$ 0,13) por ação, mais que o dividendo temporário do ano passado, de NZ$ 0,10 (US$ 0,6) por ação. "Nossa previsão de dividendos totais para o atual ano financeiro é de NZ$ 0,40 (US$ 0,26) por ação".

O diretor executivo da Fonterra, Theo Spierings, disse: "Focamos na eficiência de nossa divisão de ingredientes e na captura da demanda por ingredientes em uma ampla gama de mercados. Visamos obter o máximo do crescimento do consumo global construindo a demanda por produtos de maior valor em nossos mercados de produtos ao consumidor e para o food service". Ele comentou que nesses dois mercados houve um crescimento muito bom, com o EBIT normalizado aumentando 108%, para NZ$ 241 milhões (US$ 162 milhões).

"Continuamos focados na demanda crescente, especialmente em oito mercados, onde atualmente mantemos ou queremos ganhar liderança ou uma posição muito forte: Nova Zelândia, Austrália, Sri Lanka, Malásia, Chile, China, Indonésia e Brasil. Esses são mercados bem estabelecidos para a Fonterra, de forma que estamos trabalhando em uma base forte".

As atuais condições econômicas globais permanecem desafiadoras e estão impactando a demanda e os preços dos lácteos, disse Spierings. Embora ele tenha culpado as menores importações da Rússia e da China, e os aumentos na produção de leite da Europa pelo desequilíbrio entre exportações e importações, Spierings disse que os preços deverão aumentar mais no final de 2016.

"Os fundamentos de longo prazo para os mercados globais de lácteos são positivos, com a demanda devendo aumentar 2% e 3% por ano devido ao crescimento da população mundial, aumento da classe média na Ásia, urbanização e condições demográficas favoráveis". 

Em 24/03/16 - 1 Dólar Neozelandês = US$ 0,67210 
1,48741 Dólar Neozelandês = US$ 1 (Fonte: Oanda.com). (As informações são do Dairy Reporter)
 

 
  
 
Argentina: a que ritmo vem caminhando a atividade leiteira no país?

O mercado do agronegócio leiteiro da Argentina é composto por produtos lácteos, não pelo leite cru. Na "mesa dos argentinos" são consumidos produtos lácteos no volume de 8,2 bilhões de litros anuais, convertidos em produtos processados, como queijos, manteiga, leite fluido e leite em pó. A Comissão do setor Leiteiro da Confederação de Associações Rurais de Santa Fé (CARSFE) divulgou um documento que reflete e detalha a situação do setor leiteiro argentino na atualidade.

Nos últimos 10 anos, as fazendas leiteiras argentinas produziram em média um total de 11 bilhões de litros por ano. Enquanto os preços internacionais se mantiveram acima da média e o tipo de câmbio foi competitivo, foi possível exportar o que o país não consumia, apesar das restrições impostas pelo governo anterior.

O mercado interno de lácteos é de maior valor agregado que o de exportação e permite escalas industriais menores. Para exportar, são necessárias sustentabilidade e previsibilidade, além de condições de qualidade e custos internacionais, o que muitas poucas indústrias estão em condições de cumprir. Por isso, todas as indústrias lutam para ter uma maior participação possível no mercado doméstico.

Nessas condições de oferta superior à demanda, a cadeia comercial doméstica toma um rol preponderante, já que se converte em comprador de última instância, com a conseguinte aplicação de poder de mercado sobre a indústria e desta sobre o produtor. De acordo com dados da Nielsen, de 2014, as dez cadeias, nacionais e internacionais, que operam na Argentina concentram 70% das vendas de alimentos.

A pergunta então é: é possível produzir matéria-prima leite acima do consumo doméstico sem ser um exportador competitivo e poder, dessa maneira, evitar as crises cíclicas? A resposta é não. Não é possível, porque os produtos para o mercado interno não são os mesmos que demandam a exportação, que são basicamente leite em pó e, em menor proporção, queijos.

A Argentina possui mais de 1.000 empresas lácteas, todas produzindo para o mercado interno. Não mais de 15 estão preparadas para a produção de leite em pó e somente três delas acumulam mais de 70% das exportações da Argentina. Para onde vamos, então, se a Argentina produz 11 bilhões de litros de leite anuais, consome internamente 8,2 bilhões de litros e não está preparada para ser um player competitivo no mercado internacional?

A instabilidade desta situação conduz inexoravelmente a duas possibilidades:
1) Redução do setor até voltar a gerar equilíbrio de produtos com a demanda interna, o que hoje implica o fechamento de 3.000 fazendas leiteiras e mais de 600 indústrias pequenas e médias, com as consequências de perder 20.000 postos de trabalho diretos e outros 30.000 indiretos, produzindo um impacto brutal na economia dos povos do interior.

2) Crescimento: ganhar mercados, com instalações industriais que sejam capazes de produzir produtos de exportação, com qualidade e preços competitivos internacionalmente.

A alternativa 1 não pareceria ser uma opção para um país como a Argentina, com possibilidades reais de converter-se em um player internacional de peso. Menos ainda, se o governo atual acredita verdadeiramente no setor leiteiro como fator de desenvolvimento do interior do país. No entanto, esta é a opção que silenciosamente está ocorrendo hoje, quando somente se perde tempo tentando atuar sobre a conjuntura, sem por sobre a mesa o tema estrutural aqui levantado. E a postura das 17 indústrias que aglomeram 65% do leite cru? Que se sentem as "condutoras" do setor leiteiro argentino, com todo o peso e poder para por suas referências nos postos de tomada de decisões?

A alternativa 2 é a saída ao crescimento, que deve comprometer a Subsecretaria do Setor Leiteiro, junto com as províncias leiteiras a um trabalho intenso, para envolver a todos os integrantes da cadeia em um plano de negócios, com regras do jogo totalmente claras, diferentes das atuais (que são as não regras). Deve-se atender conjuntura e estrutura ao mesmo tempo; um exemplo de que isso é possível são as ações que vem desenvolvendo a província de Santa Fé.

Se não se quer reduzir o setor leiteiro e o objetivo é o crescimento, o marco de negócios a enfrentar é:
- Rentabilidade, determinada pelo volume de mercadorias que se maneja e não pelo preço unitário da mercadoria;
- Volatilidade de preço;
- Competitividade.

A estratégia do setor leiteiro de crescimento requer:
- Determinar o valor do leite cru de acordo com um padrão com base em componentes sólidos com arbitragem de terceiro imparcial acordado pelas partes, sobre amostras tomadas por peritos;
- Formalizar os contratos entre os elos, para serem arbitrados no caso de conflito (não cumprimento de alguma das partes do acordado);
- Fixar preços de referência para que as partes ajustem as contratações;
- Promover sistemas de comercialização de leite cru através de consignatárias (de produtores, cooperativas, privadas) que coordenem e transparentem transações entre a indústria e a produção;
- Iniciativas criativas para gerar capacidade industrial de exportação, como a Planta de Formulações Lácteas desidratadas de uso compartilhado, operadas pela produção e pela indústria - Projeto Santa Fé;
- Cumprimento de um compromisso de intangibilidade da exportação de lácteos; diminuição ao mínimo da burocracia de documentos de exportação; políticas fiscais e impositivas pró-exportação.

O Estado (provinciais e nacional) em seu compromisso constitucional de fazer cumprir as leis, tem que fazer cumprir as normas vigentes para levar equidade nas transações entre privados, mudando a conjuntura atual na qual os consumidores pagam 100 pesos (US$ 6,87) por quilo de queijo cremoso que saiu a 35 pesos (US$ 2,40) por quilo da fábrica e o produtor recebe 20 pesos (US$ 1,37) por 7 litros que foram usados em sua fabricação. Hoje, o Estado recolhe mais imposto sobre valor agregado (IVA) no queijo que o consumidor paga do que o leite necessário para fabricá-lo.

Reduzir o setor leiteiro a somente demanda de mercado interno não garante o fim das crises recorrentes do setor. O Brasil já industrializa mais de 30 bilhões de litros anuais e está conseguindo o auto-abastecimento interno, o que na década de 80 parecia impossível. Para 2020, é projetado 60 bilhões de litros anuais.  Assim, com os tratados vigentes, nada impedirá que o Brasil coloque 1,6% de sua produção (1 bilhão) na Argentina, fazendo fracassar também essa estratégia de redução, que hoje está sendo executada em silêncio.

Em 29/03/16 - 1 Peso Argentino = US$ 0,06877
14,4557 Peso Argentino = US$ 1 (Fonte: Oanda.com). (Essas informações foram divulgadas em um documento assinado pelo presidente da CARSFE, Gustavo Vionnet; e pelo secretário, Ingnacio Mántaras, publicadas no www.elsantafesino.com, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

FrieslandCampina


O preço garantido da FrieslandCampina para o leite cru no mês de abril de 2016 é de € 27,50/100 kg, [R$ 1,14/litro]. O preço garantido de abril caiu € 1,00/100 kg, em relação a março (€ 28,50). Parte da redução do preço garantido é resultado de uma correção negativa de € 0,22 para compensar a previsão otimista de fevereiro, dos preços do leite, feita pelas indústrias de referência, e a expectativa de que os preços dos lácteos continuarão a cair em abril. Isto devido aos baixos níveis dos preços dos queijos combinado com a fraca demanda e uma crescente oferta de leite. Os preços da proteína em abril de 2016 é de € 448,91, da matéria gorda € 224,45 e da lactose € 44,89 por 100 quilos.

O preço garantido incide sobre a matéria-prima que contenha 3,47% de proteína, 4,41% de matéria gorda e 4,51% de lactose, sem o desconto de impostos. O valor é garantido a produtores que entreguem 600.000 quilos de leite por ano. (FrieslandCampina - Tradução livre: Terra Viva) 
 

Aprenda a calcular e interpretar os índices zootécnicos de seu rebanho

O maior desafio do produtor é encontrar indicadores que possibilitem aferir se sua propriedade apresenta desempenho eficiente, o que pode ser analisado sob o ponto de vista econômico e técnico. O problema é que, nem sempre, uma propriedade leiteira tem eficiência técnica e econômica ao mesmo tempo. Tecnologias que assegurem aumento da produção de nada adiantam se não asseguram aumento de ganhos para o produtor, ou seja, o que se deve buscar ao fim é a eficiência econômica no processo produtivo.

Assim, através da interpretação dos índices zootécnicos, que permitem verificar o nível produtivo e reprodutivo do rebanho, é possível buscar o ponto ideal de equilíbrio entre o resultado técnico e econômico, alcançando o sucesso da produção leiteira. 

Estão abertas as inscrições para o curso online "Índices Zootécnicos: como calcular, interpretar e agir". Neste curso você aprenderá a mensurar e interpretar os resultados produtivos de uma propriedade de leite, conhecerá os principais fatores que justifiquem ou não a busca pelos índices zootécnicos tidos como referência e compreenderá como esses parâmetros podem ser aplicados e que valores podem ser buscados como metas.

Este treinamento é destinado aos produtores de leite de pequena, média e grande produção, que desejam maximizar seus lucros, técnicos e consultores interessados em atualizar seus conhecimentos na área, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação interessados em conhecer os índices zootécnicos e as ferramentas para aprimorá-los.

O instrutor é Rodrigo de Almeida, médico veterinário formado pela UFPR, com mestrado em melhoramento animal pela McGill University, Montreal, Canadá e doutorado em nutrição de ruminantes pela ESALQ/USP. É professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná e atua também como consultor na área de nutrição de bovinos em propriedades leiteiras e em confinamentos de bovinos de corte.

O curso online "Índices Zootécnicos: como calcular, interpretar e agir" terá início no dia 09/05 e você já pode garantir sua vaga clicando aqui! Aqueles que se inscreverem até dia 06/04 ganharão um cupom com 25% de desconto para adquirir qualquer curso da biblioteca do EducaPoint! Ou entre em contato:contato@educapoint.com.br (19)3432-2199/Whatsapp (19) 99817- 4082. (Milkpoint)

Lei Plurianual Agrícola
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) criou, nesta segunda-feira (28), a Câmara Temática da Lei Plurianual Agrícola (LPA) - uma das metas do governo federal para 2016. A medida foi publicada no Diário Oficial da União. O grupo é formado por representantes da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Mapa, do Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Banco Central e do setor produtivo. A LPA será criada para consolidar a legislação que rege importantes mecanismos de política do Mapa, como o seguro rural, o Programa de Garantia de Preço Mínimo (Pgpm), o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e a lei agrícola. A ministra Kátia Abreu pretende enviar o texto da nova lei ao Congresso Nacional em meados de agosto de 2016. (Mapa)
 

 

    

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