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22/02/2016

         

Porto Alegre, 22 de fevereiro de 2016                                                Ano 10- N° 2.209

 

     PIB per capita deve cair até 2017, mas menos que nos anos 80

Entre 2014 e 2017, o Brasil poderá ter, pela primeira vez na sua história, quatro anos seguidos de queda no Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas a retração no período será proporcionalmente menor que nas recessões dos anos 80 e 90. Com a queda da taxa de fecundidade, a proporção é mais favorável às famílias. Além disso, mudanças sociais (como o maior emprego das mulheres casadas) e o aumento da rede de proteção do Estado tendem a atenuar o impacto negativo dessa queda na renda média da população. Por outro lado, o expressivo ganho de renda dos últimos anos, amplia a sensação de perda da população. Considerando as previsões atuais do boletim Focus, do Banco Central, a retração acumulada do PIB per capita pode alcançar 11% no período 2014¬2017, enquanto a contração do PIB ficará em 7%. Essa situação é diferente daquela vivida na recessão do início dos anos 80, quando o PIB per capita caiu por três anos seguidos, mas somou retração de 13%, o dobro da queda do PIB, que foi de 6,4%, embora não tenha sido consecutiva. O menor ritmo de crescimento da população explica por que o recuo do PIB per capita, agora, não é tão intenso como foi nos anos 80. Naquela época, a população crescia 2,3 % ao ano. Atualmente, cresce 0,9%. Entre os anos 80 e hoje, o número de filhos por mulher caiu de 4,4 para 1,9. Além de encolher em decorrência dessa mudança na taxa de fecundidade, as famílias estão menos dependentes da renda de um só membro. Há 30 anos, a taxa de participação das mulheres casadas no mercado de trabalho era de 20%. Em 2010, já havia chegado a 54%. Embora no conjunto a renda familiar média possa ficar mais preservada na atual crise, os economistas ponderam que as famílias tendem a sentir mais a atual crise também em função das mudanças dos últimos anos. Mais cientes dos seus direitos, vindas de um período de inflação mais controlada e com o poder de consumo ampliado pelo crédito, que agora secou, a sensação de perda pode ser maior. Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre¬FGV), diz que a rede de proteção hoje é maior, o que decorre de programas como Bolsa Família (criado em 2004), seguro¬desemprego (introduzido em 1986, ampliado e reformulado em 1994) e o salário mínimo para idosos (introduzido pela Lei Orgânica das Assistência Social, a Loas, de 1993). "As famílias estão mais protegidas", afirma o economista, ressaltando que, apesar dessa "defesa", a expectativa é outra.

Nos anos 80 e 90, diz Schymura, o salário mínimo funcionava como uma política de controle da inflação, e de certa forma a população de baixa renda era mais resignada. Hoje, a população está mais ciente dos seus direitos e vem de uma década de conquistas sociais e econômicas, o que torna a sensação de perda de bem¬estar muito grande. "A percepção é muito negativa, e o que move é a expectativa", avalia. Para o pesquisador associado do Ibre, Claudio Considera, a queda do PIB per capita representa uma retração da renda média das famílias, mas nessa "média" quem sente mais a perda de bem¬estar são as famílias pobres. Embora a rede de proteção social seja maior que nas recessões anteriores, as pessoas mais pobres sofrem mais porque não possuem patrimônio ou poupança que possam ser gastos nesse momento. Além disso, a sua rede social também é uma rede de pessoas pobres e também menos qualificadas para encontrar novas oportunidades no mercado de trabalho. "O Brasil é um país muito desigual, e a recessão torna essa situação mais aguda", diz Considera. O economista Fábio Silveira, da GO Associados, pondera que a queda da renda média familiar pode ser menor, mas vai incidir sobre uma renda maior, o que amplia a sensação de perda. Entre 2003 e 2014, diz ele, a renda familiar cresceu mais de 60% em termos reais. Esse aumento da renda associado ao crédito ampliou o poder de consumo das famílias. É como se, na década de 80, a perda de renda de uma família de classe média a impedisse de comer fora em restaurantes durante dois anos. Agora, a crise vai impedi¬la de comprar carro e viajar nas férias. No limite, diz, serviços que foram incorporados ao dia a dia das famílias nos últimos anos podem ser revistos. "Todo o colchão é maior e mais largo, mas isso não significa que ele não vai encolher", pondera Silveira. Considera concorda. "A inflação vai corroer o poder de compra dos benefícios do Bolsa Família", diz ele, acrescentando que, além da perda da renda, o ajuste fiscal em curso reduz o espaço para o Estado fazer qualquer tipo de compensação. (Valor Econômico)
 
 
  
 
Corte no orçamento afetará seguro rural

O tamanho da tesourada a ser aplicada sobre os R$ 741 milhões destinados à subvenção do seguro rural em 2016, diante de novo corte no orçamento determinado ao Ministério da Agricultura, será conhecido nesta semana. Secretário de Política Agrícola da pasta, André Nassar é direto ao afirmar que haverá impacto.

- O corte geral no ministério foi de 30%. Só nesta semana saberemos o quanto vai impactar (o seguro) - afirmou, quando visitou o Estado durante a 26ª Abertura da Colheita do Arroz.

Diante dessa nova realidade, fica cada vez mais complicado atender à demanda de fruticultores, em especial os produtores de uva, que tiveram perdas de até 65%, para realocar recursos deste ano para cobrir o rombo que ficou da subvenção do seguro rural do ano passado.

- Se formos utilizar de novo o orçamento para cobrir o ano anterior, continuaremos em uma bola de neve e nunca conseguiremos fazer o seguro chegar onde se quer - diz Nassar.

Em 2015, o governo usou parte do orçamento para pagar o montante que havia faltado em 2014. O valor considerado ideal para o seguro seria de R$ 1 bilhão, segundo o secretário de Política Agrícola. Essa quantia permitiria cobrir 90% do custeio agrícola.

O único alento, às vésperas de mais uma Expodireto-Cotrijal, é de que a redução no orçamento não irá afetar o Moderfrota, linha de financiamentos para compra de máquinas. Pelo contrário. Nassar afirma que o governo trabalha para ampliar o R$ 1,5 bilhão disponível até junho. O pedido, sustentando pelo presidente da Expodireto-Cotrijal, Nei César Mânica, era para mais R$ 2,5 bilhões para a safra 2016/2017.

A ideia, no entanto, afirma o secretário, é ter recursos adicionais ainda para o primeiro semestre. A prerrogativa de anunciar a cifra caberá à ministra Kátia Abreu, que confirmou presença na feira em Não-Me-Toque. Quem sabe virão de lá, enfim, boas notícias. (Zero Hora)

Desemprego sobe para 9% no trimestre até novembro, o maior desde 2012

A taxa de desemprego aumentou para 9% no trimestre encerrado em novembro de 2015, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa desde o início da pesquisa, iniciada em 2012. No mesmo período em 2014, o desemprego atingia 6,5% da população economicamente ativa do país. No trimestre encerrado em agosto, a taxa era de 8,7%. A população desocupada, de 9,1 milhões de pessoas, cresceu 41,5% (mais 2,7 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2014, e aumentou 3,7% (323 mil pessoas) em relação ao trimestre de agosto. É o maior número de desempregados de toda a série da Pnad Contínua.

Já a população ocupada, de 92,2 milhões de pessoas, é 0,6% menor que a do mesmo período em 2014, de 92,7 milhões de pessoas. No trimestre encerrado em agosto, 92,3 milhões estavam empregados. A chamada população fora da força de trabalho diminuiu em 200 mil pessoas, para 63,5 milhões na comparação com 2014, e ficou estável ante o trimestre anterior. A Pnad Contínua verifica o desemprego em todas as regiões do país. 

Menos estabilidade
Ao todo, 1,114 milhão de pessoas perderam o emprego com carteira assinada no trimestre encerrado em novembro do ano passado, ante igual período de 2014. O número representa uma queda de 3,1% nesse contingente. Ainda segundo a Pnad Contínua, houve queda também no emprego sem carteira no setor privado. Em um ano, o recuo foi de 3,5%, o que representou uma perda de 364 mil vagas nessa posição na ocupação. Por outro lado, tipos de trabalho com menor estabilidade ganharam força. Mais de 969 mil pessoas começaram a trabalhar por conta própria - alta de 4,5% na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2014. Já o número de empregadores, aquele que oferece pelo menos uma vaga em seu negócio, subiu 3,3%, ou 127 mil pessoas nesse grupo em um ano. 

O trabalho doméstico também cresceu e reforça o cenário de deterioração do mercado de trabalho. Ao todo, 228 mil pessoas entraram para essa atividade, o que representa uma alta de 3,8% ante novembro de 2014. Indústria demite mais O setor industrial foi o que mais demitiu no trimestre encerrado em novembro. O emprego no setor caiu 6,1%, ante igual período de 2014, o que representa o fechamento de 821 mil postos de trabalho. Outro destaque negativo foi o grupo que inclui, entre outros, atividades financeiras e imobiliárias: 668 mil vagas foram fechadas nesses 12 meses, queda de 6,3%. O setor da agropecuária fechou 179 mil vagas, baixa de 1,9%. Ainda no lado negativo, 140 mil pessoas perderam emprego no segmento "outros serviços", o que representa uma queda de 3,3%, na comparação com o trimestre encerrado em novembro do ano passado. Já a construção se manteve praticamente estável. Ao todo, foram criados 12 mil empregos no setor, o que significa uma alta de 0,2% na mesma base de comparação. Na comparação com o trimestre anterior, encerrado em agosto, houve aumento de 6,1% no número de ocupados no setor, ou 446 mil empregos a mais, o melhor resultado entre os setores nesse tipo de confronto. Entre os destaques positivos está a criação de 219 mil ocupações no comércio. Ante o trimestre encerrado em novembro de 2014, houve crescimento de 1,3%. 

Outros setores que também contrataram nesse mesmo período de comparação: alojamento e alimentação, com 209 mil novas vagas (+4,9%); transporte, armazenagem e correio, com mais 193 mil ocupações (+4,6%); o grupo que inclui administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais ¬ que contratou 332 mil trabalhadores (+2,2%). 

Renda
Quanto à renda, o rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 1.899) caiu 1,3% ante o mesmo período em 2014, quando era de R$ 1.923, e recuou 0,7% ante o trimestre anterior, quando era de R$ 1,923. A massa de rendimento real habitualmente recebida em todos os trabalhos para o trimestre encerrado em novembro (R$ 169,9 bilhões) caiu 1,7% ante os R$ 172,8 bilhões do mesmo período em 2014, e recuou 0,6% ante os R$ 171 bilhões do trimestre anterior. (Valor Econômico)

 

Argentina 
A balança comercial da Argentina fechou 2015 com déficit de US$ 3,035 bilhões e reverteu a tendência positiva dos anos anteriores - informou nesta quinta-feira o instituto oficial de estatísticas Indec. O total exportado bateu US$ 56,752 bilhões, enquanto as importações registraram US$ 59,787 bilhões, de acordo com o Indec. Em 2014, o saldo favorável no comércio chegou a US$ 3,1 bilhões. O melhor ciclo dos últimos cinco anos foi em 2012, com superávit de US$ 12 bilhões. (Agência IN)
 

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