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09/11/2015

         
 

 
 


 

Porto Alegre, 09 de novembro de 2015                                                 Ano 9 - N° 2.142

 

 Cooperativa Santa Clara aproxima o setor produtivo leiteiro à pesquisa

Resultado de um relacionamento formal e institucional da Embrapa, especialmente da unidade de pesquisas de Pelotas, RS, a direção e o conselho de administração da Cooperativa Santa Clara, do município de Carlos Barbosa -  e uma das mais tradicionais do Estado do Rio Grande do Sul -  fez visita técnica à Empresa, no dia 28 de outubro, para conhecer a agenda de atividades em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologias junto a cadeia do leite. Esta parceria oficialmente acordada em 2014, tem vigência por três anos, e é considerada estratégica para aproximação entre a pesquisa e o setor produtivo.

Mais de 20 conselheiros acompanharam a visitação ao Laboratório de Qualidade do Leite (Lableite), aos tambos experimentais junto ao Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária de Leite (Sispel) e aos campos experimentais que conduzem projetos de pesquisa em melhoramento forrageiro, com destaque à produção da cultivar de azevém. A visitação ocorreu na Estação Experimental Terras Baixas.

"O simbolismo deste encontro está na demonstração do valor que representa esta parceria para a Cooperativa, onde sua direção e conselheiros se dispõem a conhecer in loco o nosso trabalho e a nossa estrutura, além de estender essa valorização ao setor produtivo de leite", comentou o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon.

A pesquisadora Maira Zanela, da área de qualidade do leite, disse que a Cooperativa é uma aliada forte na proposição e execução de atividades para o fortalecimento do setor leiteiro. "A Cooperativa Santa Clara se faz presente em ações de projetos de pesquisa e de transferência de tecnologias da Embrapa", fala. A pesquisadora entende que esta parceria é uma via de mão-dupla; pelo fato de que seus cooperados apresentam demandas e apontam os gargalos e a Embrapa desenvolve tecnologias para possíveis soluções à cadeia produtiva.

Para o diretor industrial de lácteos da Cooperativa, João Seibel, conhecer a estrutura da Embrapa e suas propostas de trabalho voltadas à atividade leiteira foi uma maneira de dar mais força a parceria. "Nossos conselheiros adquiriram novos conhecimentos, e é isso que representa esse trabalho conjunto com a Embrapa, é ter acesso às informações que proporcionem melhorias às famílias que vivem da pecuária leiteira. E nós tendo esse conhecimento, nos sentimos compromissados em oferecer esse conhecimento ao maior número de produtores", disse. Na opinião de Seibel, a visita técnica feita à Embrapa reforça que a pesquisa realizada na unidade de Pelotas alcança resultados no setor produtivo de leite gaúcho. Mas, enfatiza que a Embrapa é do Brasil, e há muito trabalho de pesquisa em leite no país a ser indicado e adaptado para as condições do Rio Grande do Sul.

A Cooperativa Santa Clara tem cerca de cinco mil associados e 1.900 colaboradores. Durante a oportunidade de visitação, em Pelotas, foi realizada uma reunião ordinária do seu conselho.

Ações do convênio entre a Embrapa e a Cooperativa
Desde 2012, a Cooperativa vem realizando atividades em conjunto com a Embrapa a fim de melhorar a sua atuação no setor produtivo de leite. Mas, no segundo semestre de 2014 é que foi formalizada o contrato de cooperação técnica entre as duas instituições. Neste documento ficou estabelecido que haveria um planejamento de atividades de PD&I para o setor leiteiro, planejadas em conjunto, ao atender as áreas de alimentação e nutrição, reprodução, qualidade do leite e transferência de tecnologias.

Foram planejados, e ainda estão programados até 2017, cursos de nutrição de bovinos leiteiros, dias de campo sobre silagem pré-secada de azevém, visitas às unidades de observação, capacitações em análises de qualidade do leite, de controle leiteiro e de Lina, além de consultorias em leite. Além disso, ficou acordado a elaboração e disponibilização de materiais técnicos, participação em feiras e o envolvimento na implantação de experimentos em nutrição. Outro ponto focado é em capacitação em desempenho reprodutivo, com treinamentos em inseminação artificial, aplicação do método de ultrassonografia reprodutiva e apresentação da técnica de manejo de recria de novilhas ao utilizar multiplicação genética via sêmen sexado e embriões.

Faz parte, ainda, do cronograma de ações de parceria entre as duas instituições: a participação em projetos de pesquisa sobre um estudo epidemiológico e impacto das doenças da reprodução (em andamento), de programas que relacionam o desempenho reprodutivo e o impacto econômico, de diagnóstico do Lina e leite alcalino com identificação dos pontos críticos nos sistemas de produção e, somado a isto, as atividades previstas no projeto Protambo - que também é um projeto que busca melhorias à cadeia produtiva e capacitações estratégicas, mas trabalha com o monitoramento de oito grupos de produtores de diversas localidades do Estado, sendo um grupo da Santa Clara, formando uma rede de 54 unidades de produção de leite gaúcha.

Atividades realizadas pela Embrapa e Cooperativa
Ago/2014 - Dia de Campo Alimentação e Nutrição Animal
Dez/2014 - Consultoria de Qualidade do Leite
Abr/2015 - Participação na Expoclara, em Carlos Barbosa
Jun/2015 - Curso de Ultrassonografia
Jul/2015 - Palestra sobre Lina
Out/2015 - Matérias Técnicas no Informativo Cooperleite da Cooperativa

Projetos de Pesquisa em Parceria
Protambo
Epidemiologia das Doenças Reprodutivas
Metodologia Coleta Automática do Leite
(Fonte: Embrapa Clima Temperado)

 
 
Rede Leite discute soluções para fortalecer escolas do campo durante seminário em Ijuí

Com o objetivo de fortalecer as escolas do campo, professores e integrantes da Rede Leite - Programa em Rede de Pesquisa-desenvolvimento em Sistemas de Produção com Atividade Leiteira no Noroeste do Rio Grande do Sul -, apresentaram propostas, nesta quarta-feira (04), em Ijuí, durante o Seminário Regional das Escolas do Campo da 4ª Região. O Seminário, que é promovido pelo Governo do Estado, deve manter em Ijuí a presença de professores de diversas cidades gaúchas até hoje (05). Ao final do encontro, um documento contendo as principais reflexões elaboradas durante o evento deverá ser entregue ao secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha.

Nesta quarta-feira, duas perguntas lançadas pelo Grupo Temático Social da Rede Leite orientaram o debate durante a oficina Juventude Rural: perspectivas de inclusão social produtiva: quem são os jovens? Que escola do campo temos hoje?

De acordo com a professora da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), pedagoga Rosane Felix, a escola do campo "não é uma escola para, por ou com, mas do campo, com vínculos de pertencimento". A ligação com a sua realidade, segundo Rosane, é o que define a identidade de uma escola.

Para tentar compreender melhor o "fenômeno juventude rural", o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, sociólogo Jorge SantAnna, apresentou uma pesquisa conduzida pelo sociólogo Ricardo Abramovay, sobre sucessão profissional na agricultura familiar do oeste de Santa Catarina. Esses estudos se somam aos que o sociólogo da Embrapa tem feito sobre juventude rural no Rio Grande do Sul e apontam para as principais queixas dos jovens. Entre elas, falta de capital para adquirir máquinas e implementos agrícolas, falta de capacitação e informação sobre gerenciamento da propriedade, falta de remuneração pelo trabalho realizado no campo e autoritarismo dos pais.

O extensionista da Emater/RS-Ascar, Abel Toquetto, trouxe ao debate o tema das políticas públicas. Algumas políticas bem-intencionadas como o Pronaf Jovem, por exemplo, não garantem, na prática que o jovem poderá acessá-las. "Precisamos pensar um pouco se o jovem pode ser capaz de pensar sobre sua política pública ou se alguém tem que pensar por ele", disse Toquetto.

O extensionista da Emater/RS-Ascar defendeu a autonomia e a capacidade de agência dos jovens. "Temos que ouvir os jovens, que educação eles querem? É essa mesma educação que nós queremos pra eles?", questionou Toquetto.

Diagnóstico
Ao final da oficina, foi traçado um "retrato" aproximado do que pode vir a caracterizar a escola rural: é uma escola que depende fundamentalmente do transporte escolar; é chamada de rural porque está localizada no território rural, todavia, nem sempre valoriza as coisas do campo; não está conseguindo oferecer um projeto de vida aos jovens; absorve os reflexos de uma crise que não é apenas econômica, mas principalmente familiar. Paira sobre as escolas do meio rural o temor de alguns professores, que elas sejam fechadas.

Rede Leite
Fazem parte da Rede Leite, Emater/RS-Ascar, Embrapa, Unijuí, Unicruz, Instituto Federal Farroupilha campus Santo Augusto, Ufsm, Fepagro, Cooperfamiliar e Rede Dalacto. (Fonte: Emater/RS)

Reajustes encolhem, mas dissídios também 

A paralisação dos petroleiros, que tem ganhado proporções desde domingo, vai na contramão da dinâmica das campanhas salariais observadas neste ano. Mesmo diante da piora das condições da economia, os Tribunais Regionais do Trabalho estão recebendo menos dissídios coletivos, inclusive de greve, quando observado o movimento do ano passado. As categorias com data¬base no segundo semestre, muitas tradicionalmente bem organizadas do ponto de vista sindical, têm fechado com muito custo reajustes que cobrem pelo menos a inflação acumulada ¬ pagos, muitas vezes, em mais de uma parcela. Seis dos principais TRTs do país receberam pelo menos até setembro 521 dissídios coletivos, volume inferior ao acumulado no mesmo período do ano passado, 539. Com exceção de São Paulo e Minas Gerais, as regiões do Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina e Campinas não autuaram mais dissídios do que em 2014. 

"É mais difícil fazer greve e paralisação quando o emprego está em risco", afirma o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Santa Catarina, José Álvaro Cardoso. Apesar da ponderação, o economista se disse surpreso com o balanço do TRT do Estado, já que o Dieese orienta, esgotadas as possibilidades na mesa de negociação, que os trabalhadores levem as campanhas a dissídio. Os tribunais do trabalho, via de regra, garantem pelo menos os índices de inflação. José Silvestre Prado, coordenador de relações sindicais do Dieese, ressalta que os sindicatos seguem brigando pelos aumentos. O esforço, contudo, se divide com as discussões para garantir o emprego, já que, em muitos setores, as dispensas superam as contratações. 

Além do volume menor de reajustes com ganho real, tendência que já aparece no balanço das campanhas do primeiro semestre, devem crescer neste ano os casos de parcelamento, quando o aumento é pago em partes, e de escalonamento, quando os percentuais variam entre as faixas salariais. Em 2003, ano também adverso para o mercado de trabalho, essas modalidades apareceram em 30% das negociações, diz Prado. Algumas das grandes categorias com data¬base no segundo semestre, que somaram ganhos reais expressivos nos últimos anos, têm conseguido negociar pelo menos os índices de inflação, mas não sem alguma dificuldade. Após 21 dias de greve, os bancários aceitaram no último dia 26 proposta de 10% feita pela Febraban. 

Com data¬base em novembro, os metalúrgicos da Força Sindical em São Paulo, cerca de 250 mil apenas na capital, fecharam acordo em apenas 1 dos 8 grupos que a central representa ¬ o único cuja entidade patronal acenou com percentual que cobrisse pelo menos a inflação. A campanha dos metalúrgicos representados pela federação da CUT, a FEM, também continua para alguns grupos. As negociações já fechadas garantiram o INPC de 9,88% até setembro, mês da data¬base. Para muitos trabalhadores, entretanto, ele será pago em duas vezes. Os químicos de São Paulo, categoria que conta 165 mil trabalhadores no Estado, fecharam acordo que garantiu a inflação acumulada até outubro ¬ pouco mais de 10% ¬ em apenas uma rodada, algo atípico, afirma Sergio Luiz Leite, presidente da Fequimfar. "Acho que os trabalhadores não quiseram correr o risco de entrar em uma greve longa", pondera. Nos últimos dez anos, as convenções coletivas registraram ganhos reais entre 1,5 e 2 pontos percentuais. 

A categoria comemorou o pagamento do reajuste integral, diz o sindicalista. Os trabalhadores do setor sucroalcooleiro, também representados pela Fequimfar, negociaram em maio o INPC de 8,34%, pago em "duas ou em até três vezes", a depender da empresa. Garantido o pagamento "extra" de R$ 2 mil no cartão alimentação e manutenção de benefícios, os funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aceitaram em setembro reajuste de 6%, inferior à inflação de 9,9% acumulado no período. Na base dos metalúrgicos do Sul Fluminense, o acordo ainda foi melhor do que o fechado entre algumas montadoras: reajuste zero, com compensação via abono e PLR. "A gente abriu mão de algumas coisas para garantir o emprego", diz Bartolomeu Citeli, diretor de comunicação da entidade. 

Os casos não são isolados. A mediana dos reajustes registrados no Ministério do Trabalho mostram que os acordos não têm ganhos reais há três meses. O levantamento é feito pela plataforma salarios.org.br, que acompanha as negociações mês a mês. O desembargador Rafael Pugliese, do TRT de São Paulo, relata ter se deparado com um número crescente de reajustes escalonados na seção de dissídios coletivos ¬ que continua, segundo ele, usando a inflação como parâmetro para estabelecer os reajustes quando não há acordo entre as partes, mesmo com a escalada nos índices de preços. O tribunal está entre os poucos que receberam número superior de ações em relação a 2014. (Valor Econômico)

 
 
Frase do dia
"Teremos que descobrir como será a vida (sem a CPMF), mas certamente será mais difícil". Do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao defender a recriação do imposto e sua importância para concluir o ajuste fiscal. (Valor Econômico)

 

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