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19/10/2015

         

  


 

Porto Alegre, 19 de outubro de 2015                                                 Ano 9 - N° 2.128

 

 Chuva reduz captação de leite em 6,5% no RS
  

Produtor Gelsi Belmiro Thums, em Carlos Barbosa
Crédito: Stefani Thums

Os fortes temporais que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas e a chuva constante têm prejudicado em cheio a produção leiteira gaúcha. Segundo levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) entre seus associados, as indústrias estão captando, em média, 6,5% menos leite, o que representa um queda de 850 mil litros de leite/dia em relação à média estadual de 13 milhões de litros/dia. "A situação está difícil. Se as chuvas persistirem, podemos chegar a ter uma redução de produção mensal da ordem de 25 milhões de litros", pontuou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. A preocupação é compartilhada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), Carlos Joel da Silva. Ele informa que a chuva não está deixando as pastagens se desenvolverem no Interior.

Uma das propriedades atingidas é a de Gelsi Belmiro Thums, na localidade de Santa Clara Baixa, interior de Carlos Barbosa (RS). Com as chuvas dos últimos três meses, ele viu a produtividade média das 24 vacas cair de 35 litros/dia para 30 litros/dia e os custos aumentarem. Cooperado da Santa Clara há 39 anos, ele conta que o solo ficou encharcado, prejudicando o desenvolvimento do azevém cultivado para alimentar o gado no inverno. Sem pasto, a alternativa foi ampliar a oferta de ração, silagem e feno aos animais, o que elevou os custos com alimentação. Além disso, diz o produtor, que entrega cerca de 10 mil litros à cooperativa por mês, sem a pastagem, a produção também fica menor. "Estamos enfrentando dificuldades com esse clima desfavorável. Há vezes que chove 200 milímetros e, quando o solo começa a secar, chove novamente. O azevém está apodrecendo embaixo da água e ainda temos pouca luminosidade", conta, lembrando que o próprio pisoteio das vacas sobre o solo molhado acaba agravando a situação. Além do aumento do gasto com ração, o produtor calcula que, computando despesas adicionais com combustível e energia, o custo de produção teve um incremento de 35% em 2015.

Para os próximos meses, a tendência nos tambos é de cautela. Apesar do preço do leite ao produtor vir se mantendo estável, Thums teme queda da rentabilidade, o que pode fazer muitos criadores cortarem até mesmo a ração dos animais. "Aí fica pior ainda. Vai ter muita gente parando. Produzir vai ficar muito caro", alertou.

As dificuldades climáticas ainda devem atingir a produção no verão. Isso porque, mesmo que as chuvas deem uma trégua, muitos produtores estão com o plantio das lavouras de milho destinadas à confecção de silagem atrasado. Processo esse que também está mais caro. Produtores indicam para aumento de 45% no custo da produção da silagem. Sem contar as perdas de quem já semeou. Só na propriedade de Thums, 90% de uma área de um hectare cultivada com aveia que seria destinada à alimentação de animais já foi perdida. "Isso representa um prejuízo de R$ 1,5 mil", calcula. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
 
 
Sindilat mobiliza associados em campanha de doação

Frente ao drama de milhares de gaúchos que estão fora de suas casas devido à ocorrência de temporais e alagamentos, o Sindicato da Indústria do Leite e Derivados do RS (Sindilat) conclama seus associados a unirem-se à campanha de doações. A ajuda aos desabrigados pode ser feita por meio de repasses direto à Defesa Civil na Avenida Campos Velho, 426 - Porto Alegre. A coordenação informa que os itens de maior necessidade são os de higiene pessoal, limpeza e alimentos. Interessados em aderir podem entrar em contato pelo telefone (51) 3268-9026.

O movimento teve início no dia 15 de outubro, quando o Sindilat, a Associação Gaúcha dos Supermercadistas (Agas) e a empresa Orquídea realizaram doação de 5 mil litros de leite e 2 mil pacotes de biscoito à Defesa Civil. Também foram doados 500 pães por dia por meio da empresa Superpan. O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, salientou que a ação busca auxiliar a comunidade gaúcha, e que o sindicato trabalha para sensibilizar outras empresas e setores a unirem-se à campanha. "Iniciamos um chamamento entre nossos associados para mobilizar o empresariado e novos colaboradores. Essas famílias precisam da ajuda de todos nós", frisou.

O coordenador geral da Defesa Civil, Nelcir Tessaro, agradeceu a ação solidárias das empresas do ramo de alimentação. "Mostra que o povo gaúcho é solidário e estende a mão ao próximo principalmente nesses horas. Só nas ilhas de Porto Alegre, temos 10 mil pessoas precisando do nosso braço, sem contar as zonas Norte e Leste. A solidariedade ajuda nesse movimento que, por si só, a prefeitura não poderia atender", pontua.

O presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, disse que a doação demonstra o compromisso social das empresas e instituições envolvidas. "Além de vender alimentos e abastecer a população gaúcha, parabenizamos a atuação do Sindilat, da Orquídea, e da Superpan. Manter a alimentação é a base de tudo, e a sustentação para essas crianças". (Assessoria de Imprensa Sindilat)

 
 
 
Cresce exportação de lácteos para a Rússia

A retaliação da Rússia à União Europeia e a outros países do Ocidente, em resposta às sanções que vem sofrendo por conta do conflito na Ucrânia, abriu uma oportunidade para os exportadores brasileiros de lácteos. Desde julho deste ano, quando a Rússia abriu efetivamente seu mercado aos lácteos do Brasil, as negociações entre as empresas brasileiras e importadores russos para a venda de queijos e manteiga estão aquecidas e os embarques já concretizados também avançam. E a expectativa é que os volumes exportados cresçam nos próximos meses.

De janeiro a setembro, a receita com os embarques dos dois produtos somou quase US$ 1 milhão. Foram 182 toneladas de manteiga e 118 de queijos. Ainda são volumes pouco significativos, mas o potencial é de crescimento, uma vez que a Rússia tem hoje poucas possibilidades de fornecedores no mercado e as vendas estão apenas começando. De acordo com Marcelo Costa Martins, diretor-executivo da Viva Lácteos, que reúne empresas do segmento, a expectativa é que as exportações de manteiga alcancem 450 toneladas este ano e as de queijos, 350. "Para o ano que vem, se tudo andar bem, temos espaço para pelo menos dobrar essa quantidade", afirmou.

Gráfico 1 - Projeção de exportações de queijos e manteigas para a Rússia (até setembro/2015 e projeção total para o ano).

Fonte: Viva Lácteos

Uma das empresas que estão prestes a embarcar queijos para a Rússia é a Laticínios Tirolez. De acordo com Cícero Hegg, diretor comercial e de marketing da companhia, o primeiro embarque da Tirolez ao país será nesta segunda-feira. Serão 22 toneladas de queijo gorgonzola. No dia 26 de outubro, haverá outro embarque, mais uma vez de 22 toneladas, de queijos variados. "Os russos são grandes consumidores de lácteos e não são autossuficientes", observa Hegg. A expectativa, afirma o empresário, é embarcar à Rússia de 40 a 50 toneladas de queijos por mês, "pelo menos", nos próximos 12 meses.

Já a mineira Itambé, joint venture entre Vigor e Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), estima embarques mensais de 100 toneladas de manteiga à Rússia. Segundo Ricardo Cotta, diretor de relações institucionais da companhia, há demanda para volumes maiores, mas não há capacidade para atendê-la porque não há matéria gorda suficiente para produzir mais manteiga. Para isso, seria necessário ampliar a produção de leite desnatado, já que a gordura do leite é a matéria-prima para a manteiga.

Até o ano passado, o Brasil não podia exportar à Rússia, mas a impossibilidade de comprar de vários países por causa das sanções levou Moscou a rever as regras que norteiam a importação. Antes disso, a Rússia só permitia a compra de produtos lácteos (leite em pó, manteiga, queijo e outros) de países livres de brucelose e tuberculose no rebanho bovino. Mas pôs fim à exigência e assim foi possível firmar um certificado sanitário internacional com o Brasil, que ainda não é livre das duas doenças.

As negociações para o estabelecimento do certificado sanitário internacional para a exportação de lácteos à Rússia começaram em junho do ano passado, segundo Marcelo Costa Martins, da Viva Lácteos. Em um período de três meses, foram identificados os requisitos sanitários para a exportação e houve inspeção de unidades por parte dos russos. Então, em setembro do ano passado, foram habilitadas 12 unidades e os primeiros embarques começaram.

A BRF, que então ainda não tinha transferido sua área de lácteos para a Lactalis, teve planta habilitada, aproveitou seu conhecimento do mercado russo - para onde já exporta carnes - e vendeu volumes significativos de manteiga. Nos três últimos meses de 2014, quando a demanda russa já era forte em função das sanções, foram 838,4 toneladas. Além disso, a BRF também foi a responsável pela exportação, em maio, de 182 toneladas de manteiga àquele país. Em julho deste ano, outras 11 plantas de lácteos do Brasil foram habilitadas a exportar para a Rússia. Agora, são 23 autorizadas.

O diretor-executivo da Viva Lácteos admite que a recente valorização do dólar ante o real e a melhora dos preços dos lácteos no mercado internacional também favorecem os embarques brasileiros à Rússia. Ele avalia que o Brasil pode se tornar um fornecedor mais constante para a Rússia por conta do embargo do país a outros exportadores de lácteos. Ele afirma haver uma percepção de que os russos têm tentando diversificar seu leque de fornecedores. "Duas a três vezes por semana, recebemos consultas de importadores russos interessados em queijo e manteiga", afirma.

Hegg, do Tirolez, acredita que a demanda forte por produtos do Brasil "vai durar o tempo que durar o embargo" do Ocidente ao país. Mas o empresário se diz "realista" e observa que os lácteos produzidos nos países europeus, mais próximos da Rússia, têm preços mais competitivos. (Valor Econômico)

Com 'big data', governo gaúcho quer R$ 1 bilhão de receita extra em 2018 

A Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul coloca em operação hoje um sistema de processamento de informações fiscais com uso de "big data" para combater fraudes e a sonegação. Com ele, o Estado pretende agregar R$ 1 bilhão a mais à arrecadação anual de ICMS a partir de 2018, o equivalente a 3,7% da receita esperada para 2015 com o tributo, informou o subsecretário da Receita Estadual, Mario Wunderlich dos Santos. O combate à sonegação é uma das estratégias do governo gaúcho para enfrentar a crise nas finanças públicas, que já provocou o parcelamento de salários dos servidores do poder Executivo em julho e agosto. Desde abril o Estado também vem atrasando o pagamento das parcelas mensais da dívida com a União e teve as contas bloqueadas cerca de dez dias por mês em agosto, setembro e outubro. O sistema de armazenamento de "big data" adotado foi adquirido da americana EMC por meio de licitação internacional. 

O investimento somou R$ 5,5 milhões, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como parte do Projeto de Fortalecimento da Gestão Fiscal do Estado (Profisco¬RS), lançado em 2009, informou a secretaria. A nova plataforma permitirá o monitoramento e cruzamento em tempo real de grandes volumes de dados dos contribuintes estaduais, incluindo consumo de energia, gastos com telefonia, compras de matérias¬primas, vendas e transporte de mercadorias. Será possível verificar até se o recolhimento do IPVA das frotas está em dia e quando os caminhões passam por postos de pedágio. "Passaremos de horas ou dias de análises de informações para questão de segundos", disse Wunderlich. "Uma análise de determinado setor, que hoje leva quatro meses, será concluída em meia hora". 

O governo do Estado faz o acompanhamento sistemático de 55 setores da economia para detectar anomalias na arrecadação entre empresas da mesma cadeia produtiva e o "big data" permitirá identificar alterações de padrões e fraudes de maneira precoce, disse. O governo gaúcho já adota a Nota Fiscal Eletrônica (NF¬e) desde 2006 e presta serviços de emissão e validação dos documentos para 13 Estados. Conforme a Secretaria da Fazenda, o Rio Grande do Sul acumula "bilhões de informações" fiscais obtidas por ferramentas como a própria NF¬e, a Escrita Fiscal Digital (EFD), os cartões de crédito dos contribuintes cadastrados e os dados repassados pelas concessionárias de energia e telefonia. Os investimentos em novas tecnologias nos últimos anos já vêm contribuindo para o combate à sonegação. De janeiro a setembro o valor dos autos de lançamento emitidos contra devedores de ICMS somou R$ 1,2 bilhão, alta de quase 30% sobre igual período de 2014. (Valor Econômico)

Leite/UE 
A Comissão Europeia implantou nova modalidade de armazenamento de leite em pó desnatado que permitirá contratos com prazo maiores, (acima de 365 dias, diante dos atuais períodos de 90 a 210 dias) e com uma quantia diária mais elevada. Foram as medidas anunciados pelo Comissário da Agricultura, Phil Hogan, para aliviar a crise do setor pecuário. Este novo armazenamento será um adicionado ao já existente, que foi aberto em setembro de 2014 para o leite em pó desnatado e a manteiga, diante do embargo russo. Uma vez que os preços se deterioram, o armazenamento foi sendo prorrogado sucessivamente até 29 de fevereiro de 2016. Com os atuais contratos de 90 a 210 dias, a ajuda é de € 8,86 por tonelada armazenada em custos fixos, mais 0,16 €/tonelada por dia. No novo programa, para os 365 dias, continua mantendo o valor de 15,57 €/tonelada como custo fixo de armazenamento, mas houve aumento no valor diário para 0,36 €/tonelada por dia. Nesta nova modalidade, as quantidades armazenadas podem ser retiradas no prazo mínimo de 270 dias, e neste caso a ajuda seria reduzida em 10%. (Agrodigital - Tradução Livre: Terra Viva)
 

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