Pular para o conteúdo

O leite e o desenvolvimento cerebral das crianças

crianças e leiteHá algum tempo publiquei na Revista Leite Integral e aqui no MilkPoint um texto intitulado "Em defesa do leitinho das crianças", falando um pouco da realidade de mães que são quase doutrinadas por pediatras a não darem leite para seus filhos. A repercussão foi tão grande que comecei a pensar em ações maiores para conscientização da população sobre o benefício do consumo de leite, pois, quase diariamente, somos bombardeados com uma série de informações na TV, em revistas, nas redes sociais, e em consultórios de médicos e nutricionistas, condenando o consumo de leite.  A primeira dessas ações foi a criação de um grupo no Facebook, o Beba Mais Leite, composto por técnicos, produtores, pediatras e nutricionistas que defendem o leite com unhas e dentes, assim como eu. O objetivo é que consigamos, em algum momento, nos organizar melhor para fazer uma defesa efetiva desse alimento tão nobre.

Por enquanto, estamos fazendo um trabalho de formiguinhas, compartilhando trabalhos científicos sérios que mostram os benefícios do consumo de lácteos como parte de uma dieta equilibrada. Resolvi também criar uma seção na Leite Integral, para que possamos publicar artigos, depoimentos, pesquisas e tudo o que puder servir como material para o marketing positivo do leite. Acredito que seja um começo. Na edição de janeiro, quis falar de um trabalho publicado no International Milk Genomics Consortium, que fala da importância do leite no desenvolvimento cerebral de crianças.  O leite humano e de vacas contém moléculas formadas pela combinação de gordura e lactose, chamadas gangliosídeos. O pesquisador Paul McJarrow, do Fonterra Research Centre, na Nova Zelândia (isso mesmo, de uma indústria láctea) estudou profundamente a estrutura dessas moléculas e também seu efeito sobre o desenvolvimento cerebral de crianças. Um ponto que ele ressalta e que é muito importante ser colocado aqui, é que as fórmulas utilizadas para substituir o leite materno e de vaca não possuem quantidades significativas de gangliosídeos. Vale lembrar, que uma marca famosa de fórmulas lácteas para crianças usa o argumento do melhor desenvolvimento cerebral para promover os seus produtos, usando a atriz Giovanna Antonelli como estrela da campanha.  Após passarem intactos pelo sistema digestivo da criança, os gangliosídeos presentes no leite são transferidos para vários tecidos e órgãos do corpo, especialmente para o sistema nervoso.  Várias evidências sugerem que o aumento do consumo de gangliosídeos leva a uma maior concentração dos mesmos no tecido cerebral. Por outro lado, estudos de McJarrow com ratos, evidenciaram que baixos níveis de gangliosídeos cerebrais estão correlacionados com diminuição da capacidade de aprendizado, atribuida à menor formação de sinapses nervosas e desenvolvimento neural.  O próximo passo das pesquisas será determinar a quantidade de gangliosídeos que precisa ser consumida para maximizar seus efeitos sobre o desenvolvimento cerebral.  Outro efeito benéfico dos gangliosídeos, evidenciado por outro pesquisador, Ricardo Rueda, do Department of Science and Technology, Abbott Nutrition, na Espanha, é a prevenção de infecções. Os patógenos que chegam ao sistema digestivo das crianças "estão a procura" de receptores para se ligarem e causarem infecções. Nesse caso, os gangliosídeos agem como receptores falsos, se unindo aos patógenos e impedindo que exerçam sua função de causar doenças.

Como se não bastasse, os estudos de Rueda mostraram ainda que os gangliosídeos aumentam o número de células imunes no intestino das crianças, que secretam Imunoglobulina A (IgA), o principal anticorpo que atua diretamente na prevenção das infeções entéricas. O pesquisador observou também que ratos suplementados com gangliosídeos apresentaram aumento na produção de citocinas, que são mensageiros químicos envolvidos tanto com o estímulo humoral (antibiótico) quanto celular (células T) do sistema imune. Finalmente, as pesquisas de Rueda mostraram que as fezes de crianças suplementadas com gangliosídeos apresentaram menor contagem de E.coli e maior de Bifdobactérias, em relação ao controle, indicando que os gangliosídeos também possuem função prebiótica Juntos, esses estudos mostram que o consumo de leite materno e, posteriormente, de vaca, pode melhorar o desenvolvimento cerebral e funções cognitivas, além de prevenir a ocorrência de infeções gastrointestinais.  Leia esse texto para uma mãe e dê muito leite para seus filhos! A revista Leite Integral é, desde 2006, a referência técnica da pecuária brasileira, dedicada aos profissionais e produtores progressistas, que buscam constante crescimento e qualificação. Com uma tiragem de mais de 18.000 exemplares, apresentamos aos nossos leitores, mensalmente, os assuntos mais atuais e relevantes do setor. (Revista Leite Integral) 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *